O juiz Antonio Lopes da Vara da Infância e Juventude abriu uma sindicância nesta quinta-feira (5) para investigar se houve facilitação de fuga dos internos por parte dos servidores e decidir sobre a interdição do Centro Educacional Masculino (CEM). Psicólogos, psicopedagogos e outros especialistas da Vara farão o trabalho que deve ter seus resultados apresentados até a próxima quarta-feira (11).
Fotos: Jordana Cury / Cidadeverde.com
A sindicância foi aberta após três fugas de internos na instituição. Três adolescentes fugiram na segunda-feira (2), sete na terça-feira (3) e dois na quarta (4).
“É um absurdo doze adolescentes terem fugido durante o dia em tão curto espaço de tempo. O CEM não atende mais a demanda. Não tem educadores suficientes, nem estrutura. São muitas as deficiências. A baixa remuneração dos funcionários pode ser um dos motivos para a facilitação da fuga ou deles estarem fazendo corpo mole”, explicou o juiz.
Lopes acrescenta que a remuneração dos servidores é de R$ 1.006. O juiz disse ainda que se o CEM for interditado, os adolescentes deverão ser encaminhados para o Quartel do Comando Geral e Unidade Provisória do Dirceu na Zona Sudeste.
"Assumi essa Vara há 14 anos. Os crimes antes eram de furto e roubos simples. Hoje são latrocínios e roubos qualificados. Isso acontece porque o CEM não tem estrutura e eles sabem que vão conseguir fugir. Isso acaba incentivando essas ações. Os meninos não têm ocupação e a mente ociosa leva a esses planos de fuga", acredita.
Atualizada às 11h55
O diretor do CEM, Otoniel Bisneto, acrescentou que também está realizando uma investigação interna para analisar as circunstâncias da fuga. Ele garantiu, entretanto, que a apuração dos fatos não tem o objetivo de punir os adolescentes que fugiram e antecipou que uma das estratégias será intensificar o diálogo com a família dos menores.
"Queremos apontar as falhas, mas não temos interesse em punir ninguém. Nos preocupa o fato de ter havido a fuga em plena luz do dia. Os internos simplesmente pularam o muro, sem violência, sem agressão, sem reféns, porém isso não quer dizer necessariamente que houve facilitação. Temos problemas de estrutura, sim, mas também nos preocupa essa resistência dos adolescentes em cumprir a pena. Por isso vamos intensificar os diálogos com as famílias", reiterou.
Bisneto defende ainda que além das medidas tomadas pela direção do CEM e pela família dos menores, outras instâncias do poder público devem tomar providências para reestruturar o local.
Atualmente, após as fugas e recapturas, existem 53 internos no Centro Educacional Masculino.
Flash de Jordana Cury
Redação Carlos Lustosa Filho