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Crise argentina já tirou US$ 1,9 bilhão do Brasil, revela Associação

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A crise econômica da Argentina que hoje assusta os vizinhos latino-americanos também está gerando prejuízo ao Brasil. Segundo levantamento feito pela Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB) a pedido do iG, a redução nas exportações chegou a 20% no primeiro semestre, ou US$ 1,9 bilhão. O saldo comercial entre os dois países, até junho, ainda é positivo para o Brasil – mas menor em 26,5% frente ao primeiro semestre do ano passado.

A inflação alta, o crescimento econômico baixo e o avanço do desemprego geram uma queda geral de consumo no país vizinho.

O mercado mais afetado é o de automóveis, que representa 19% das exportações para a Argentina. No primeiro semestre, segundo número da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), a queda nas vendas para o exterior foi de 23,1%. O setor de autopeças, que compôs 9,6% das exportações ao país até junho, vendeu 17,34% menos.

Fábio Faria, vice-presidente executivo da AEB, explica que por ser o terceiro maior mercado consumidor do Brasil, é natural que a Argentina contamine a economia brasileira com seu problema interno. “O mercado brasileiro está muito lento e não temos competitividade para atender outros mercados mais dinâmicos, como o asiático e o norte-americano”, diz.

O que não é tão natural é o nível de dependência entre as duas economias. O Mercosul tem sido apontado como uma âncora para o comércio exterior nacional – a parceria com a Argentina, um peso ainda mais difícil de carregar. “O bloco não tem crescido e o Brasil está perdendo acordos comerciais e oportunidades com outros países por não conseguir acordo com os pares”, diz Faria. “O Mercosul tem amarrado o Brasil", diz Faria.

Luiz Moan, presidente da Anfavea, não vê prejuízo em carregar a Argentina a tira-colo para as negociações internacionais. Mais que isso, o setor optou por refazer o acordo automotivo, ressaltando a complementaridade das economias e aumentando o compromisso conjunto dos dois países.

As importações de produtos argentinos pelo Brasil também caíram de US$ 8,7 bilhões para US$ 7 bilhões, fruto da redução na produtividade no país vizinho e também do acordo de integração produtiva da indústria automotiva, que prevê uma cota de exportação para os dois países. O novo acordo prevê que para cada carro exportado, cada um dos países pode importar 1,5 veículo.

“O que nós realmente precisamos é aprofundar os ganhos de competitividade para exportar mais”, diz Moan que já espera uma melhora para a economia argentina no segundo semestre. Romper com a parceria está fora de cogitação.

“Essa integração é fundamental para manutenção dos nossos mercados”, destaca Moan. “Agora temos o objetivo de estimular o crescimento do setor de autopeças e buscar, juntos, outros mercados possíveis.” As próximas negociações, com México e Colômbia, serão feitas de mãos dadas com os vizinhos.

Fonte: IG

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