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Filme de Tim Maia chega aos cinemas com narração de Cauã Reymond

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Baseado na biografia “Vale tudo — O som e a fúria de Tim Maia”, do jornalista e produtor musical Nelson Motta, chega enfim ao cinema nesta quinta-feira (30), “Tim Maia”, longa-metragem dirigido por Mauro Lima (“Meu nome não é Johnny”) e produzido por Rodrigo Teixeira (“O cheiro do ralo”). O filme tem narração de Cauã Reymond, que vive o cantor paraguaio Juan Senon Rolón, que adotou o nome artístico de Fábio, e conviveu intimamente com Tim por mais de três décadas.

Dezesseis anos após sua morte por infecção generalizada num hospital em Niterói, o vozeirão de Tim Maia segue ecoando pelo país, com ainda mais graves, médios e agudos. Ídolo de diversas gerações de ouvintes, Tim sobrevive como o patrono da black music com sabor brasileiro e como aquela língua solta que não poupava os inimigos e, principalmente, os amigos. 

Um personagem e tanto, que, depois de um especial de TV, um episódio do “Por toda minha vida”, da TV Globo, em 2007. E o musical de considerável sucesso “Vale tudo”, que estreou em 2011 e consagrou o ator e cantor Tiago Abravanel.

Mauro Lima e Rodrigo Teixeira começaram a tirar o projeto do papel em 2010, o sucesso das versões para a TV e o palco sobre a vida de Tim os deixou ainda mais entusiasmados com a ideia de oferecer um outro ponto de vista sobre o rei da soul music brasileira.

"Pelo que andei vendo, tanto em pesquisas e grupos de discussão quanto em conversas informais por aí, a grande maioria das pessoas não conhece a vida do Tim. Gosta das músicas, sabe quem ele foi, conhece algumas facetas de sua personalidade, mas ignora a história de vida, mesmo. Acho que o Tim tem uma biografia com muita vocação para filme romanceado, para além do universo da indústria fonográfica", argumenta Lima.

Protagonizado por Babu Santana (o Tim já maduro) e Robson Nunes (o cantor na fase jovem, papel que interpretou também no especial de “Por toda minha vida”), “Tim Maia”, de fato, faz uma cobertura mais ampla e profunda do percurso e da personalidade do músico, apesar de comprimir períodos de tempo e combinar personagens em um só. 

Estão lá a juventude pobre na Tijuca, quando ele entregou marmitas pelo bairro para ajudar o negócio da mãe; o início da carreira de músico no grupo The Sputniks, ao lado de Roberto e Erasmo Carlos; a temporada nos Estados Unidos, de onde voltou influenciado pela música negra e o movimento pelos direitos civis; a breve e desastrosa adesão ao esoterismo; o consumo de drogas e álcool; enfim, muita coisa que não coube — ou não caberia — nas versões para a TV e o teatro.

"O filme conta histórias do Tim que não vimos no musical, que era voltado para a comédia, nem no especial “Por toda minha vida”, que era um docudrama. O longa tem uma mistura de tudo", opina Teixeira.

Cauã Reymond como narrador

O ponto de partida do filme é a biografia de Nelson Motta. Mas o roteiro, assinado a quatro mãos por Lima e Antonia Pellegrino, incorporou outras fontes, como o cantor e compositor paraguaio Juan Senon Rolón, que adotou o nome artístico de Fábio e conviveu intimamente com Tim por mais de três décadas.

"Uma boa parte do que você vê no filme está no livro, mas há outras passagens, que eu entenderia como apócrifos, que estão em material de pesquisa, ou me foram contadas por gente próxima ao Tim, desde o filho Carmelo, bem como amigos próximos, entre eles o cantor Hyldon e o próprio Fábio", conta o diretor.

Vivido por Cauã Reymond, é Fábio quem narra os percalços do amigo e ídolo popular em “Tim Maia”. O autor de “Stella” (1969), hit nos anos 1970, e compositor de alguns sucessos do Síndico, como “Até parece que foi sonho”, conheceu o destemperado cantor em meados dos anos 1960, na boate Cave, em São Paulo, para onde Tim se mudou quando voltou dos EUA, atrás de uma ajuda de Roberto Carlos — que, na época, já era o Rei da Jovem Guarda e vivia na cidade.

"Queria que o filme tivesse uma narração em off, mas não ficava confortável com a ideia de escrever a voz do próprio Tim, como que vinda do além-túmulo, meio que psicografada por mim. Achava um troço bizarro e dramaturgicamente pretensioso. Então pensei que esse off podia ser a voz de uma testemunha próxima, um amigo íntimo, algo assim. Daí descobri um livro de memórias do Fábio que conta sua vida com o Tim e pensei: É isso! Vou partir daí", explica o diretor.

Autor de “Até parece que foi sonho — Meus trinta anos de amizade e trabalho com Tim Maia” (2007, editora Matrix), Fábio esteve ao lado do amigo nas horas boas e ruins: resolvia problemas, apartava brigas com os produtores de seus shows e tentava fazer suas mais extravagantes vontades. No curta-metragem “Tim Maia” (1984), de Flávio Tambellini, ele aparece carregando a maleta com as garrafas de bebida do cantor, em um show no Cassino Bangu.

"Hoje há uma porrada de amigo do Tim, mas ele sofreu muito. Na época da Jovem Guarda, quando buscou ajuda dos ex-companheiros da Tijuca, todo mundo o evitava, ninguém queria se ver associado a ele", recorda Fábio.

Fonte: O Globo

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