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Festas de debutante "superluxo" passam de R$ 100 mil

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Tradicional sonho de muitas jovens, as festas de debutante em São Paulo estão ganhando versões "superluxo" e já competem com os casamentos nos quesitos pompa, requinte e esplendor. As famílias que celebram os 15 anos de suas filhas não se abalam diante de uma conta que passa facilmente dos seis dígitos. São detalhes que fazem parte de uma superprodução para homenagear as adolescentes.

O "básico" de uma festa superluxo pode passar facilmente dos R$ 100 mil, segundo pesquisa feita pelo G1, e inclui itens como bufê, vestidos (mais de um) da debutante, fotografia e filmagem, cabelo e maquiagem, convites e lembrancinhas. É obrigatório começar a planejar com ao menos um ano e meio de antecedência.

Ao longo de dois meses, a reportagem acompanhou parte da preparação empreendida por Alessadra Farjalla, mãe da jovem Stephany Farjalla. A luxuosa celebração ocorreu no dia 1° de novembro, um sábado. Quem bancou tudo foi o padrasto, Eduardo Sampaio, que atua como advogado.

Os festejos foram muito além do básico: a família dispensou a decoração do bufê na Mooca e organizou um evento no "estilo imperial", para 200 convidados. A homenageada fez quatro trocas de roupas. Houve shows de uma drag queen, de uma bateria de escola de samba e de um badalado MC do funk de ostentação. Uma limusine foi contratada. Até um carrinho de "brigadeiro gourmet" esteve à disposição dos convidados.

A mãe Alessandra não quis detalhar a sua planilha de gastos e afirma que é difícil traçar um limite para o "investimento": “É uma festa que você pode gastar de 30 mil, 40 mil, 60 mil até o infinito. Depende do que você coloca, do que você faz e do que você quer. Festa também é um tipo de grife. Dá para fazer uma festa de R$ 50 mil, dá? Mas dá para gastar R$ 500 mil também".

Moradora do Tatuapé, bairro da Zona Leste da capital paulista, a família optou por um bufê que ficasse na região e de fácil acesso. O escolhido foi o Palazzo Oliva, localizado na Mooca, também na Zona Leste de São Paulo.

A jovem relata que tinha os contos de fadas dentro do seu imaginário do rito de passagem modo superluxo. “A festa é a princesa, a passagem. Eu sempre tive esse sonho e eu sempre compartilhava com as minhas amigas. Falava: ‘Ai, quando eu fizer 15 anos, vou fazer uma festa linda, com um vestido de princesa’”.

A “carruagem”, no caso, deu lugar a uma limusine, que levou a aniversariante, família e parte dos amigos até o local da festa.

O traje escolhido para a recepção foi um vestido rosa com babados, curto na frente e longo atrás. O tom, conta a mãe, misturou as cores usadas na roupa de Alessandra e de sua filha menor, Haylla, de três anos. O da valsa, por sua vez, foi um dourado longo que remetia à época imperial.

Ideia de Alessandra, que ainda levou o estilo a todos os elementos da festa, desde porta guardanapos às lembrancinhas. “Tudo fui eu que bolei, onde você olhar tem dedo meu. E ela foi entrando na onda”, afirma a mãe.

Foram três "viagens" até o salão de beleza. A primeira, acompanhada da família, a segunda na companhia dos 15 meninos que participariam da valsa e a última e definitiva com as 15 amigas escolhidas para compor os pares da dança.

As personalizações que marcaram o aniversário de Stephany são também um dos fatores que encarecem as festas. O empresário Fabio Mattar, sócio da Casa Petra, conta que, atualmente, não se trata apenas de uma comemoração, mas de um evento de grande porte. “Nós queremos dar não uma festa, mas uma experiência. Não existe um padrão, nem mesmo a valsa. A nossa inspiração maior é no estilo de vida da debutante”, explica Fábio.

A superprodução quis traçar um panorama da vida, obra e personalidade da debutante. Stephany relata cantar, dançar balé e tocar piano. Afirma ter cursado aulas de teatro por dois anos. O cerimonial contou com uma apresentação de pas de deux – tradicional dueto do balé – que começou em cima de um piano.

A jovem revela, animada, que seu caminho é ser atriz: “Eu não consigo me imaginar numa sala, dando aula ou em um escritório. Eu só consigo me ver no palco, é isso que eu quero ser”. Ela conta que percebeu isso ainda pequena, ao se apresentar no teatrinho da escola. “Eu lembro até hoje que ia fazer Alice no País das Maravilhas, e eu fiz a rainha de copas. As crianças falando baixinho e eu entrei gritando, bem no estilo dela e todo mundo me olhou. Aí eu percebi que era isso que eu queria”.

O cerimonial da noite perdeu o protagonismo para a balada. Para este momento da festa, a mãe contratou o MC Biel, cantor de funk preferido da jovem. Conhecido como "o Justin Bieber do funk", ele se destaca entre os mais jovens no estilo "ostentação", que promove carros de alto padrão, roupas de marca e outros itens de luxo.

“Ela disse, ‘mãe, eu troco tudo pelo Biel. Tira alguma coisa da festa e contrata ele’. É o que está na moda agora”, conta Alessandra. “A balada é onde entra a modernidade. Eu quis manter tudo o mais tradicional possível, mas não tem como fazer isso com a balada. Eu quis morrer [quando a jovem pediu pela presença do funkeiro], mas fazer o quê, né? É o que ela gosta”, diz a mãe.

Biel não é o único ídolo da garota, que também sonha em traçar uma carreira na música. Fã de estrelas do pop teen, ela tem em figuras como Selena Gomez e Demi Lovato um exemplo do que quer seguir. “Eu gosto muito da Demi Lovato, ela é o que eu quero ser. Ela canta, dança, atua. É uma atriz completa”, diz.

Nas novas festas de debutante superluxo, ensaios fotográficos com direito a maquiador e cabelereiro são essenciais para mostrar a retrospectiva da vida da adolescente. Não lembram em nada as simples apresentações Power Point projetadas em telões de antigamente. Stephany escolheu pontos turísticos de São Paulo para ambientar seu ensaio. A Sala São Paulo e o Theatro Municipal, ambos na região central, foram cenários.

A jovem conta que, apesar de se impressionar com a beleza das construções, nunca acompanhou nenhuma apresentação neles, mas pretende começar a acompanhar a programação do Municipal. “Ele tem toda aquela história do balé, do teatro. Eu nunca assisti nada lá dentro, porque nunca tive a oportunidade. Na hora que eu parei ali na frente, que eu vi aquela escadaria, eu não conseguia explicar. A gente estuda isso no balé também. A primeira oportunidade que eu tiver de ir ao teatro, eu vou”, a garota diz.

Contando com dois profissionais para cabelo e maquiagem, ela teve à sua disposição um fotógrafo e um cinegrafista, além de várias trocas de roupa. “Ah, eu me sinto uma rainha, né? Isso é vida”, contou rindo enquanto o blush era retocado no Centro de São Paulo.

O consultor Mattar explica que, apesar das mudanças sofridas ao longo dos anos, as festas continuam sendo uma tradição familiar. “Muitas vezes são os pais [que incentivam]. A mãe participa ativamente, ela quer proporcionar para a filha uma festa que às vezes ela mesma não teve”, conta.

Para Alessandra, a despesa se justifica pelo significado que o evento tem. “Se você diluir o que gasta por minuto ou por hora, é assustador, mas é a realização de um sonho. É uma recordação para o resto da vida”, finaliza.

O envolvimento da mãe na escolhas dos detalhes não incomodou a jovem, mas ela afirma que precisou ser convencida sobre alguns aspectos. “O tema eu queria fazer relacionado à música, aí a minha mãe deu a ideia do baile de máscaras, disse que era bonito. No começo eu falei ‘Mas quem vai ficar de máscara a festa toda?’, mas então ela me explicou e eu acabei gostando”, afirma.

Stephany quer agora focar no que ela chama de “sonhos mais sérios”. Diz que conseguirá atingir seus objetivos profissionais. “O meu futuro penso que já está traçado. Todo mundo vem no mundo por um propósito, cada um tem sua vida inteira traçada. Se você veio ao mundo é por que tem um objetivo. O meu é a música”, afirma.

A adolescente afirma que não pensa em namorar agora. E nem casar tão cedo.

“Eu já realizei muitos sonhos. Agora, depois dos 15 anos, são sonhos mais realistas. Tenho sim sonho em me casar, mas não pretendo fazer isso muito cedo. Eu quero conhecer o mundo, viver todas as experiências que eu puder, curtir a vida. Aí, quando eu encontrar alguém que eu ame, com quem eu me divirta, eu penso. Tenho só 15 anos, ainda tem muito tempo para isso.”

Os pais provavelmente respiram aliviados com mais tempo para pensar como será a superprodução do casamento.

Fonte: Ego

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