Teresina é uma das capitais mais quentes do país. Com a temperatura quase sempre perto dos 40º, quem não tem ventilador ou ar condicionado procura uma alternativa para fugir do calor. No bairro Pirajá, na zona Norte da cidade, um homem resolveu inovar: ele trocou o quarto pelo telhado da casa em busca de frescas e agradáveis noites de sono.

Lavador de carros na Avenida Maranhão, Márcio José Lima e Sousa conta que a mudança de hábito teve início há dois anos. "Mas não lembro como foi a primeira vez", admite o rapaz, que divide a casa simples com o irmão Leandro, a irmã Raquel e mais três sobrinhos.

Para dormir no telhado, Márcio nem se preocupa mais em subir e descer com o colchão todos os dias. Desde que fez do teto o seu novo quarto, o "ninho" fica em cima da casa o dia inteiro. Quando a fome bate e o sono também, o rapaz não conta conversa: pega a panela de comida, o prato de plástico e a garrafa de água e "escala" a parede até chegar ao topo da residência. O jantar é sempre à luz da lua e das estrelas.

O despertar é sempre cedinho. "Quando o Sol nasce, eu acordo. Ele é o meu despertador", fala Márcio, que já levou até a filha para dormir com ele no telhado da casa.

O único problema, Márcio garante, é quando chove. "Desço voando e jogo o colchão dentro de casa. Pelo menos o clima fica melhor e tem até um friozinho", brinca o lavador de carros.

Aos 33 anos, Márcio frequentou a escola apenas até a 7ª Série do Ensino Fundamental. "Larguei a escola para trabalhar. Só estudo não dava. A gente tem que correr atrás de dinheiro, porque o dinheiro não corre atrás da gente".

Mesmo sem estudo, ele virou atração de boa parte dos alunos da Universidade Estadual do Piauí (Uespi), já que a casa de Márcio fica na mesma rua da instituição. "Muitos deles passam por aqui e tiram fotos. Eu me divirto".

Nada convencional

Márcio não é o único da casa que opta por um lugar pouco convencional para colocar o sono em dia. O irmão Leandro, mais conhecido como Léo, também tem suas excentricidades: quando o cansaço vem, ele amarra uma corda em um poste e outra em um caibro e arma sua rede na calçada - do lado de fora da casa! E o perigo? "Ninguém mexe com a gente. Aqui todo mundo se conhece", diz.

Flávio Meireles
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