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Cooperativa diz que não poderá controlar sede de vingança de taxistas

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O presidente Cooperativa dos Taxistas de Teresina, Pedro Ferreira dos Santos, declarou ao CidadeVerde.com que o sentimento da categoria após a tentativa de assalto na noite de quinta-feira (19) que resultou na hospitalização do taxista Raimundo Nonato Rodrigues da Silva, 52 anos, é de revolta. Santos demonstra preocupação no acirramento de ânimo entre os trabalhadores e afirma que será difícil controlá-los caso eles se rebelem.

“Estamos revoltados. No olhar de cada taxista há um sentimento de revolta. Não sei por que tanta violência contra essa classe. Não somos bancários, trabalhamos com trocado e todos os dias somos espancados. Isso cria uma revolta. Os taxistas querem se vingar e estou com as mãos atadas. A gente não tem como controlar”, desabafa. 

Santos diz que Raimundo estava na profissão há 15 anos e em 2009 já havia sido alvo de outro assalto no qual foi alvejado na boca e ficou com uma bala alojada na cabeça. “O que aconteceu ontem afetou um cidadão trabalhador, pai de família, honesto. Há seis anos ele pegou o tiro na boca, não morreu pelo amor de deus. Ainda hoje a bala está alojada na cabeça dele que continua trabalhando porque precisa pagar os estudos dos filhos e manter a família”, descreve.

Ação
O presidente da cooperativa relata que por conta do que já havia acontecido, Raimundo evitava trabalhar durante a noite. “Já era o horário em que ele ia voltar para casa, por volta das 19h30, quando um homem pediu corrida da barão. Ele cobrou R$ 15, o outro diz que daria R$ 14, eles acertaram e foram. Quando estavam passando perto da Ceapi, (o bandido) anunciou o assalto. Ele pensou que era brincadeira, mas depois percebeu que era verdade”, descreve. 

Pedro Ferreira informa que alguns fatores contribuíram para o crime. “Nós sempre orientamos os taxistas a evitarem deixar apenas um passageiro no banco traseiro, porque isso deixa muito vulnerável. Como ele (Raimundo) parou em frente à Delegacia de Entorpecentes, o assaltante se irritou e começou a perfurá-lo por trás. Como ele não conseguiu fugir por causa do cinto, acabou sendo levado para o banco de trás e houve a luta corporal. O bandido puxou a arma e deu uma coronhada no rosto dele, que ficou fraturado”, relata o presidente da cooperativa. 

Neste momento, a vítima teria saído para pedir ajuda e conseguiu que um outro taxista o ajudasse. Em seguida, este começou a perseguir o suspeito e acionar outros taxistas, que o perseguiram até a casa. “O taxista tinha certeza de quem era porque teve a arma apontada pra ele e ficou gritando pelos outros pelo rádio. Em seguida, as unidades chegaram e tentaram linchar o vagabundo. Entraram na casa e acabaram encontrando ele escondido dentro da caixa d’água. Foi quando a polícia chegou”, acrescenta. 

Pedro relata que o próprio Raimundo teria reconhecido o suspeito. 

“É preciso que a polícia, as autoridades façam alguma coisa. Vamos tentar marcar urgentemente uma audiência com o secretário de Segurança. São mais de três mil taxistas e é difícil controlar a todos. E não somos só nós que estamos sofrendo com essa situação, mas toda a sociedade”, finaliza.

Polícia
Em debate no Jornal do Piauí desta sexta-feira (20), o presidente do sindicato dos taxistas de Teresina, Antônio Barbosa, e o comandante de policiamento da capital, coronel Márcio Oliveira, falaram sobre a violência contra taxistas e o papel da polícia.

"Estamos em um estado de direito e temos que garantir o bem estar da sociedade e os direitos humanos. A guarnição foi ao local para conter os taxistas e chamou reforço, prender o suspeito e fazer a escolta dele, evitando que os taxistas tentassem fazer justiça com as próprias mãos", explicou o coronel Márcio Oliveira.

De acordo com o presidente do sindicato dos taxistas, a categoria se sente insegura com a situação. "A polícia prende e a justiça solta, ele não deveria estar solto assaltando pais de família que estão trabalhando", lamentou Antônio Barbosa.

Carlos Lustosa Filho e Lucas Marreiros (Especial para o Cidadeverde.com)
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