As pesquisas mostram que o Brasil ocupa hoje a primeira posição no ranking do empreendedorismo no mundo. Segundo dados do Sebrae e do Instituto Brasileiro de Qualidade e Produtividade (IBQP), que integram a pesquisa Global Entrepreneurship Monitor (GEM), três em cada dez brasileiros na faixa etária de 18 e 64 anos são empresários ou participam da criação de um negócio. Acompanhando essa tendência está o Piauí. De acordo com a Junta Comercial do Piauí (Jucepi), só em abril foram abertas 1.907 empresas. Nos quatro primeiros meses deste ano foram 6.108 novos negócios abertos. Destes, os microempreendedores individuais respondem por 81% dos registros.
Alzenir Porto: há uma mudança no perfil do empresariado
O Piauí possui 85.854 microempreendedores individuais, desse total 21.671 são homens (50,65%) e 21.113 são mulheres (49,35%), aponta a Jucepi. Mais da metade dos inscritos no MEI, cerca de 57%, são pessoas da faixa etária de 18 a 40 anos.
Segundo a presidente da Junta Comercial, Alzenir Porto, os números mostram uma mudança no perfil do empresariado com o destaque para a inclusão de jovens e mulheres no mercado empreendedor.
“No passado, o quadro era de pessoas mais velhas e homens abrindo seu próprio negócio. Hoje, o cenário é bem diferente com destaque para visão empreendedora dos jovens, que ingressam cada vez mais cedo no mercado como empreendedor e não apenas como empregado, devido a incentivos trazidos pela Lei do Microempreendedor Individual. Os números indicam ainda a garra e a determinação da mulher para empreender, conquistando seu espaço num ambiente empresarial até então masculino”, afirma a presidente.
Ainda de acordo com a Jucepi, em todo o estado são 126.138 empresas ativas. Desse total, 117.228 são micro e pequenas empresas, ou seja, 92,9% do total de empresas ativas. Inserido nesta estatística está o jovem de 28 anos Carlos Henrique Andrade. Sua primeira aposta no próprio negócio foi aos 24 anos em uma das áreas que mais cresce: consultoria em marketing e marketing digital.
“Fiz uma avaliação do mercado local, analisando os prós e contras para começar a empreender ou me tornar um colaborador de alguma empresa. A partir dai, tudo foi acontecendo de forma natural, aumentando a rede de relacionamentos, estudando sempre o mercado e percebendo as mudanças favoráveis dele. Constatei que o mercado necessitava de ideias novas e criativas”, declarou.
Carlos Henrique montou sua primeira empresa aos 24 anos na área de consultoria em marketing digital
Com o avanço das redes sociais, o jovem empresário viu a possibilidade de crescimento. Decidiu se unir a dois sócios e ocupar mais espaço no mercado de trabalho. “Uni forças com mais dois amigos - hoje sócios - para suprir um mercado crescente nessas áreas. Conciliamos os serviços que tínhamos em comum e surgiu a nova empresa, voltada especificamente para redes sociais. Desde então, empreender virou uma rotina diária. Nos pensamentos, nas decisões, na forma de ver e avaliar muita coisa ao meu redor. É uma transformação diária”, conta.
De acordo com Carlos Andrade, o mercado tem sido muito receptivo para todos que querem empreender de forma criativa, ética e com respeito aos clientes. “Fala-se muito em crise, atualmente, mas é nessas horas que o empreendedor de verdade se destaca. Ele sabe transformar as dificuldades atuais em oportunidades de melhoria, de ideias e de ações que fazem toda a diferença em qualquer mercado. Teresina tem sido um excelente mercado para inovar, empreender. Se for algo planejado, estudado, a chance de não dar certo é muito pequena. O Sucesso é garantido”, diz otimista.
Empreender, segundo o jovem, é ter coragem para usar as melhores competências e criar algo diferente e com valor. “Ser comprometido, ser dedicado e ter consciência de que seu tempo e esforços serão necessários para conseguir atingir os objetivos traçados”, comentou.
Para o presidente da Associação Piauiense de Jovens Empreendedores (AJE), Samuel Monte, o aumento no número de novos empreendedores se deve a falta de oportunidades de trabalho. “ Entendo que dois fatores são decisivos para o crescimento no número de jovens empreendedores. O primeiro é a falta de oportunidade no mercado de trabalho e o segundo é o estímulo à inovação através do acesso a informação e as novas tecnologias. O jovem tem sede em inovar, em fazer diferente”, declara.
Samuel Monte (à direita) presidente da Associação de Jovens Empreendedores do Piauí (AJE)
Foto: Wilson Filho/Cidadeverde.com
Segundo ele, o Piauí tem correspondido as expectativas dos microempreendedores. “Basta ver o crescente número de novas empresas em suas diversas atividades. Destacaria o setor de serviços como clínicas, hospitais, escritórios de advocacia, de contabilidade, ou seja, várias atividades que muitas vezes não são enxergadas pelos próprios donos como empresas, as vezes até por um preconceito para não dar um caráter comercial a atividade, mais com certeza por trás, tem médicos, advogados, contabilistas com veia empreendedora”, conta ressaltando que a burocracia ainda é o principal entrave para quem quer montar o próprio negócio.
“Nesse ponto sempre é importante ampliar a discussão e reafirmar de uma forma mais ampla. O principal problema para quem quer empreender no país é a burocracia e a alta carga tributária”, finalizou.
Principais atividades
Segundo a Jucepi, as principais atividades empresariais registradas são comércio e serviços, com destaque para comércio varejista de mercadorias em geral, com predominância de produtos alimentícios - minimercados, mercearias e armazéns; artigos do vestuário e acessórios; cosméticos, produtos de perfumaria e de higiene pessoal; e cabeleireiros.
De acordo com a Jucepi, as principais formas de atuação dos microempreendedores são: estabelecimento fixo (67,16%); porta a porta, postos móveis ou por ambulantes (19,18%); local fixo, fora de loja (5,9%).
Principais Micro Empresas por atividade econômica no Piauí
Fonte: EmpresômeroMPE
Hérlon Moraes
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