Ser mãe é padecer no paraíso. Se a máxima parece forte quando falamos de um único filho, imagine multiplicar isso por quatro e misturar a outros dois. Essa é a matemática que a médica Rachel Barros, de 40 anos, vive hoje. Atualmente com seis filhos, Rachel vive a alegria de ser mãe de quadrigêmeos e divide com o Cidadeverde.com a comemoração do Dia das Mães que teve com os filhos.
Descoberta
Rachel tinha 36 anos quando decidiu engravidar. A médica já era mãe de Gabriel, que hoje tem 12 anos. Na mesa de ultrassom, Rachel achava que faria apenas um exame de rotina para saber como estavam os gêmeos que esperava, mas o que ela não contava era ouvir o anúncio: "São 4". "Eu fiquei paralisada. No primeiro ultrassom já me informaram que seriam dois e com três meses eu descobri que na verdade eram quatro. Ali deitada, eu tremia toda, não conseguia me mexer. Estava preparada para ser mãe no máximo de dois", contou a médica.
Em seu tratamento Rachel teve três embriões implantados e um deles se dividiu em outro, caso raro para as mães que dependem de inseminação artificial. Especialista em ginecologia e obstetrícia, a médica dividiu sua gravidez na prática com outras mães. Rachel trabalhou até uma semana de se internar para dar à luz aos quadrigêmeos Lucas, Daniel, Emanuelle e Raphaela. Parto após parto que operava, a mãe se sentia mais feliz com a espera pelos filhos.
Com 32 semanas de gestação, o equivalente a oito meses, Rachel precisou dar à luz prematuramente aos filhos. O que dava início a uma espera angustiante pela saída de todos da incubadora. "Por eles terem nascidos prematuros eles tiveram que ficar na incubadora. Dois por 15 dias, outro um mês e o último 47 dias. Foi uma espera muito angustiante. Eu me dividia entre os que já estavam em casa e os que estavam na UTI, mas quando a espera acabou vivi a maior alegria da minha vida", relembrou a médica.
Uma reviravolta
Comemorando a alegria de ter os quatro filho em casa, a vida de Rachel e seu esposo Júnior Valente sofreria mais uma reviravolta. Por ser uma profissional liberal, a médica teve que voltar ao trabalho 60 dias após o parto. E quando tudo parecia se ajustar na rotina de Rachel, uma das gêmeas sofre uma crise convulsiva e acaba tendo um acidente vascular cerebral. O que leva a mãe mais uma vez ao topo das emoções.
"Pela prematuridade ela acabou tento uma crise convulsiva e dessa crise um AVC. Ela ficou em coma bastante tempo e quando se recuperou se tornou uma criança especial. O sangramento comprimiu o cérebro e algumas partes pararam de funcionar", explicou.
A luta não podia parar e a esperança de Rachel nunca muda em ver a filha recuperada e saudável como outras crianças que convive na escola. "A gente faz tudo pra que ela se desenvolva. Na época, ela perdeu a visão, a audição e hoje já tem tudo isso. Com fisioterapia e tratamento com fonoaudiólogo diariamente a gente espera sempre o melhor", contou.
Depois do furacão, a bonança, aos sete meses dos quadrigêmeos Rachel descobre uma nova gravidez e dessa vez Ana Carolina, que hoje tem dois anos, chegaria para completar a família. "Você imagine cuidar de quatro bebês ao mesmo tempo, estar grávida e ter que trabalhar?" questionou a mãe dividindo os braços entre um filho e outro, que agora berravam por atenção.
Apoio
É com a escola e com os funcionários que a mãe divide a maior parte do seu dia. Além dos quadrigêmeos, Rachel optou por matricular os outros dois filhos na mesma escola e na festa do Dia das Mães teve que ser ágil para participar três vezes das atividades oferecidas para cada turma. Entre uma apresentação e outra, Júnior Valente, o pai dos quadrigêmeos assiste a tudo do lado de fora e fala com orgulho da esposa que segundo ele, vira uma "leoa" quando mexem com seus filhos. "É só você ver como ela fica olhando pra eles, como ela cuida deles. Ela vira um deles, mas vira uma leoa, uma fera, quando alguém mexe com eles", comentou o marido.
Atualmente a família tem cinco funcionários para ajudar a cuidar das crianças e permitir que Rachel e o marido possam cumprir as obrigações profissionais. Três babás, uma cozinheira e um motorista dividem as tarefas, enquanto os dois fazem "mágica" para manter as despesas da família.
"Não queira saber o quanto a gente gasta com toda essa equipe. Fazemos mágica e hoje a gente não sabe mais nem o quanto ganha porque o dinheiro chega e já sai logo todo em pagamentos", contou sorridente a médica.
Convivência
Se às vezes conviver com um irmão parece difícil, imagine agora conviver com mais cinco? Essa foi a experiência que Gabriel, de 12 anos viveu ao descobrir que teria tantos irmãos. Segundo Rachel os filhos, como toda criança, brigam às vezes por ciúme, mas na maior parte do tempo, a união prevalece.
No meio de tantas tarefas fica até difícil imaginar, mas a mãe reserva um tempo para o casal e garante que todas as sextas-feiras, a noite é de passeio.
"A gente precisa também de um tempo nosso. Trabalho o dia todo durante a semana e só na sexta-feira temos um tempinho pra gente. No domingo é que ficamos todos juntos, mas é sempre uma alegria estar com eles", conta.
Sentado no chão e brincando com os filhos enquanto espera a esposa, Júnior não esconde a alegria e o entusiasmo que tem em cuidar das crianças. Emocionada, Rachel admite que não é fácil, mas garante que só mudaria uma coisa em tudo o que viveu até este Dia das Mães. "Só escolheria conhecer meu marido antes, mas viveria tudo isso novamente quantas vezes fosse possível", afirmou Rachel, que agora se despede e segue para o descanso mais que merecido depois de mais um dia como mãe vezes 4.
Por Rayldo Pereira
Fotos: Wilson Filho
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