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“Dor que não tem fim”, diz Terezinha mãe de filho morto no Alemão

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Dois de abril de 2015, ela era diarista. Hoje, virou uma andarilha. Um disparo de fuzil lançado por um Policial Militar mudou radicalmente a vida da piauiense Terezinha Maria de Jesus, 40 anos. Seu filho, Eduardo de Jesus Ferreira, 10 anos, foi morto quando brincava com o celular na porta de casa. É a quarta vítima fatal da guerra entre traficantes e policiais no conjunto de favelas do Alemão, no Rio de Janeiro.  

Desde aquele fatídico dia, Terezinha amarga uma rotina cada dia triste e em busca por justiça. Ameaçada de morte pelo próprio policial que matou seu filho, ela se hospeda de hotel em hotel – pago pelo governo do Rio de Janeiro –ou em residências de familiares e amigos.


“Minha vida virou de cabeça pra baixo”, diz Terezinha. Sem poder voltar para casa, onde vivia há 16 anos, ela perambula de casa em casa com ajuda de amigos.


Para o domingo, Terezinha disse que está se preparando psicologicamente. “Será o primeiro Dia das Mães sem meu garoto. Vai ser um dia triste. Eu já ficava triste porque estava longe do Leonardo (filho mais velho que mora no Piauí), agora vai ser pior. A gente nunca aceita. É como se faltasse um pedaço”, disse.


 

Aliviar a dor

Para amenizar a dor neste dia, Terezinha conta que visitará no domingo o asilo onde o Eduardo iria se tivesse vivo.  Ele estudava o 5º ano do ensino fundamental e fazia parte da turma do bem, uma entidade sem fins lucrativos, que trabalha com os jovens da periferia do Rio.


“Vou visitar as vovós. Sei que meu filho vai gostar e vou senti-lo perto de mim”, disse emocionada.
Terezinha revelou que fará doações ao asilo.


Sem presente
De luto, a mãe do garoto disse que o único presente que gostaria de receber era ter o filho vivo. “Como sei que não vou tê-lo de volta, nenhum presente me deixará alegre. O Dia das Mães nunca será o mesmo. É uma dor que não tem fim”.
Terezinha conta que a lembrança que guarda do filho é de um menino dócil e que adorava lhe beijar.
“Ele era um garoto bom, feliz, amoroso e sempre alegre. Quando eu estava em casa, toda hora ele me beijava e se preocupava comigo”, disse.  


Desde a morte de Eduardo, Terezinha disse que vive abalada. “Às vezes fico descontrolada, esqueço as coisas e fiquei lenta. Penso que ele vai chegar a qualquer hora, que vou voltar pra casa e ele vai está lá”.


A família de Terezinha reafirma que voltará a morar no Piauí, após a conclusão do inquérito que investiga a morte de Eduardo. Terezinha disse que confia no delegado Rivaldo Barbosa, titular da Delegacia de Homicídio do Rio e que investiga o caso. Oito policiais militares foram afastados na ação que resultou na morte do garoto.


Após passar 15 dias em um hotel no Rio, Terezinha passará o domingo na casa de um tio do marido, morando de favor.
“Meu filho não morreu em vão e vou buscar por justiça até o fim. A mensagem que dou para as mães, que vivem essa tragédia como a minha, é entregar pra Deus e seguir a vida em paz e pensar que o filho estará, sempre, do seu lado”.

 

Por Yala Sena
Galeria de Fotos: Wilson Filho
Imagens matéria:
Renato Moura/Voz das comunidades
[email protected]

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