Um dos dois principais fabricantes de cerveja na Venezuela enfrenta uma disputa comercial com sindicatos ligados ao presidente Nicolás Maduro, enquanto o país corre o risco de viver uma escassez da bebida. Os sindicalistas forçaram o fechamento de duas cervejarias do grupo Polar devido a uma disputa salarial, mas a empresa se recusa reconhecer as demandas dos trabalhadores em greve que protestam em Caracas.
"Eles atrasaram nosso contrato coletivo por mais de 20 meses, e a empresa se recusa a reconhecer a nossa união", disse o porta-voz do sindicato, Jose Rojas, à agência Reuters.
Desde quarta-feira da semana passada, os trabalhadores conseguiram fechar as operações em duas das principais fábricas da empresa em Caracas e Anzoategui. Além disso, o serviço foi paralisado em 16 pontos de distribuição do produto pelo país.
Em resposta, a empresa se recusa a reconhecer as demandas dos trabalhadores, a dialogar com os sindicalistas e negociar novas condições de trabalho. A companhia alega que assinou um acordo coletivo com os trabalhadores em janeiro deste ano com duração de dois anos e meio.
A empresa Polar possui quatro fábricas de cerveja no país é responsável por até 80% da produção da bebida na Venezuela. À medida que duas de suas cervejarias estão fechadas, as demais já operam com capacidade reduzida.
Em disputas anteriores, o governo ameaçou nacionalizar a companhia. Maduro também já chamou o dono da empresa, Lorenzo Mendoza, de “pelucón” (termo que se refere às perucas usadas por aristocratas) em discursos presidenciais .
Até agora, apesar dos conflitos, a venda de cerveja continua sem restrições, diferente de outros artigos no país. A Venezuela vive uma escassez de vários produtos, como leite, papel higiênico e medicamentos. O governo justifica que os controles rígidos sobre os itens alimentares e de higiene são uma forma de garantir que a população pobre possa pagar pelos bens básicos.
Fonte: O Globo