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Prefeitos relatam dificuldades com aumento de despesas e queda do FPM

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Pressionados com a queda do Fundo de Participação dos Municípios (FPM) e com o aumento das despesas, os prefeitos do Piauí relatam situações trágicas na administração das cidades do interior. Em Santa Cruz dos Milagres, a 180 quilômetros de Teresina, a medida para tentar escapar da crise foi cortar gastos com itens menos importantes. Em Cocal de Telha, a 115 quilômetros da capital, a preocupação é com o pagamento dos professores: a Prefeitura tem em caixa o equivalente a apenas 27% da folha salarial da educação.


Neto Minervino, prefeito de Santa Cruz dos Milagres (Foto: Reprodução/TV Cidade Verde)

Para fechar as contas no fim do mês, Neto Minervino (PDT) não sabe o que fazer em Santa Cruz dos Milagres. Segundo ele, as despesas estão bem acima das receitas previstas para agosto, principalmente nos repasses do FPM.

"Ainda hoje estava ligando para os meus secretários e pedindo para eles cortarem tudo e pagar só o básico, que é INSS e emergências na saúde. É impossível um prefeito fechar uma folha de pagamento com a perda grande que tiveram os municípios. Se você for calcular, a queda no Fundo de Participação dos Municípios (FPM) é de 20%, porque os salários aumentaram, a energia aumento, o óleo aumentou".

Em Cocal de Telha, a situação também é dramática. De acordo com a prefeita Ana Célia da Costa Silva (PP), a Prefeitura está muito mal.

"Cocal de Telha está na UTI. A gente não conseguiu e não tem como conseguir fechar a folha da educação. A nossa folha salarial da educação chegou a R$ 240 mil no dia 10. O que a gente tinha para pagar era R$ 67 mil. Não é porque foi colocado em outras despesas. É simplesmente porque temos um número reduzido de alunos, e o Fundeb é repassado de acordo com o número de alunos. Quanto menos alunos, menos recursos. Quanto mais alunos, mais recursos. Nós temos 86 professores, sete escolas, e entre 1.250 e 1.300 alunos. Cocal de Telha tem professor com vencimento de quase R$ 4 mil", justificou.

Em sua primeira gestão à frente da Prefeitura de Cocal de Telha, Ana Célia sugere uma revisão na liberação de recursos via Fundeb. "O critério utilizado pelo Governo Federal está defasado. Os recursos que chegam para o município são insuficientes. Se houvesse possibilidade de complementação pelo Governo Federal, nós não estaríamos aqui discutindo", argumentou.

Apesar da situação adversa, Ana Célia garante que vai tentar a reeleição em 2016. "Penso sim. No ano passado, eu estava decidida a não entrar porque a gente se decepciona com as pessoas, com o sistema, com uma série de coisas. Quando a gente também deseja fazer e não consegue, as pessoas começam a cobrar de você e você começa a ficar angustiado por não conseguir alcançar suas metas. Cerca de 60% do meu plano de governo foi executado. Mas porque trabalho muito com parcerias. Pensar em reeleição é pensar em continuidade do que a gente sonhou", comentou.


Ana Célia, prefeita de Cocal de Telha (Foto: Wilson Filho/CidadeVerde.com)

Minervino e Ana Célia devem participar da marcha organizada pela Associação Piauiense de Municípios (APPM) que será realizada na próxima semana em Teresina. A data da manifestação ainda não foi definida - será quarta ou quinta -, mas o plano é fazer uma passeata da Assembleia Legislativa ao Palácio de Karnak para protestar contra a queda do FPM. A medida foi anunciada em entrevista coletiva nesta terça-feira (18) pelo presidente da APPM e prefeito de Vila Nova, Arinaldo Leal (PSB). Os prefeitos esperam ser recebidos pelo governador Wellington Dias (PT).

Flávio Meireles e Eivaldo Barbosa
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