Cidadeverde.com

Advogado: prisão de professor suspeito da morte de travesti é “pirotecnia policial”

Imprimir

Atualizada às 11h35

O advogado Ednaldo Cerqueira que defende o professor universitário Luís Augusto Antunes, 31 anos, suspeito do assassinato da travesti Makelly Castro, 24 anos, disse que a prisão de seu cliente foi “pirotecnia policial” e que o “juiz foi induzido ao erro”.

Advogado do professor, Ednaldo Cerqueira

“Devemos lembrar que estamos na semana da diversidade e a polícia precisava dar uma satisfação. Isso é uma pirotecnia policial. As razões foram fantasiosas e levaram o juiz e o promotor ao erro, já que a única prova que eles têm é um pálio vermelho e quantos carros desses não temos em Teresina? A placa pode ser clonada também”, afirmou o advogado Ednaldo Cerqueira. 

Segundo ele, o mandado de prisão é temporário e não se fazia necessário porque o professor estava colaborando desde o início das investigações. “Todas as vezes que ele foi chamado à delegacia, ele compareceu, não existe nenhum indício que ligue o professor Luís ao crime. Algumas vezes, o delegado Higgo só fazia ligar e mesmo assim ele foi. Sempre colaborou, por isso não há explicação para solicitar essa prisão, que não é preventiva e sim temporária, onde só se é pedida quando se prende para investigar e entendo que não era necessária”, destacou a defesa. 

O advogado destaca que não existe laudo técnico e não teria sido coletado material genético no corpo para fazer comparação com suspeitos. “Não existiu perícia técnica, as provas são baseadas no ouvi dizer, inclusive há 45 dias o professor foi chamado para um reconhecimento pelo delegado Higgo que afirmou ter duas testemunhas oculares e elas não reconheceram o professor Luís, reconheceram sim, um dos policiais colocados com ele, que teria o hábito de passar por lá”, revelou Cerqueira.

Álibi 

De acordo com a defesa do professor Luís Antunes, ele anda em um pálio vermelho que é de um amigo seu. “O carro é de um cardiopata, que não quer se identificar, que o professor presta favores por ser muito amigo dele e passou a fazer alguns mandados”, declara. 

O advogado disse ainda que no dia do crime, o professor estava em casa com a esposa e os dois filhos crianças. 

Inquérito

Ednaldo Cerqueira afirma que está aguardando uma cópia do inquérito para solicitar a revogação da prisão de seu cliente. “Ficaram de me entregar ontem a tarde, quando estive na Delegacia disseram que só entregaria na segunda-feira a tarde, mas vamos pedir a revogação da prisão, porque o juiz foi induzido ao erro, não havia necessidade”, salientou o advogado. 

Entenda o caso 

A Delegacia de Homicídios cumpriu mandado de prisão contra o professor universitário e jornalista Luís Augusto Antunes, 31 anos, suspeito de ser o autor do assassinato da travesti Maciel Batista Ismael Sousa, conhecida como Makelly Castro, 24 anos. Ela foi morta por asfixia e encontrada no Distrito Industrial, na zona Sul de Teresina, no dia 18 de julho de 2014. 

Makelly foi vista pela última vez no dia 17 de julho de 2014 por volta das 20 horas, na calçada da boate Mercearia com outros travestis. Um indivíduo em um Palio, cor vermelha, parou e acertou o programa com a vítima e saíram. Na manhã do dia seguinte, o corpo de Makelly foi encontrado nas proximidades do Distrito Industrial na zona Sul de Teresina, onde o laudo cadavérico atestou que ela tinha sido morta por meio de asfixia.

Delagado rebate

O coordenador da Delegacia de Homicídios, delegado Francisco Baretta, negou que a prisão do professor tenha sido “desnecessária”, pois o pedido foi bem fundamentado e que há indícios de que o suspeito é “perigoso”.

“O pedido de prisão está fundamentado em indícios de autoria e materialidade, tanto que o juiz ouviu o Ministério Público que é o fiscal da lei e deferiu o pedido. As provas existem e só vão corroborar com ato investigatório, são robustas e harmônicas”, afirmou. 

Segundo ele, quando o professor foi chamado para prestar declarações até então era apenas o início das investigações. “Quando ele passou a ser suspeito, na conclusão das investigações a prisão se fez necessária, porque a maneira cruel que descreve o laudo cadavérico um individuo desses não pode permanecer no seio da sociedade, demonstrou ser perigoso, já que é um homem esclarecido e articulador. Respeito a posição do advogado, mas estou na minha função de delegado e acreditamos que ele vai continuar preso”, argumentou o delegado Baretta. 

 

Caroline Oliveira
[email protected]

Você pode receber direto no seu WhatsApp as principais notícias do CidadeVerde.com
Siga nas redes sociais