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Cauã Reymond: "É melhor namorar do que ficar solteiro"

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Forte, determinado, amoroso, e, é claro, muito bonito. Características que chamam atenção da repórter de QUEM em uma tarde de conversa com Cauã Reymond. Talentoso e dedicado a tudo o que faz, o ator não foge do rótulo de galã. Com personalidade, aos 35 anos, o intérprete do Juliano de A Regra do Jogo é um homem em busca de ser cada vez melhor no trabalho e em seu papel de pai de Sofia, de 3 anos, fruto do casamento com Grazi Massafera, de 33.

“Sou pai sem babá, que pega a filha e tem uma relação com ela sem nada no meio”, diz Cauã, que agora também é dono de uma produtora de cinema, a Sereno Filmes. Ele mostra sensibilidade ao falar das lembranças de menino ao lado do avô e revelar que gosta de arrumar a própria cama fazendo uma oração. “Estou me conectando com meu lado espiritual”, afirma o ator, que também quer voltar a ser casado e ter mais filhos. “Tenho paixões à primeira vista (...). Uma hora vai aparecer alguém legal”, diz, no papo a seguir.

Foto: Marcelo Tabach

Cauã Reymond

Você tem fama de ser organizado, é verdade?
Tento não ser chato. Não gosto de bagunça, mas quando se é pai não tem essa. Deixo brincar e quando acabar arrumo. Eu mesmo faço minha cama e, quando estou sem pressa e não preciso sair rápido, faço isso rezando. Voltei a rezar de uns três anos para cá e há um ano e meio faço isso bastante. Estou me conectando com meu lado espiritual. Às vezes, faço respirações de ioga e oro depois. Rezar não tem hora.

 

Você cresceu com pais separados, não?
Eles não chegaram a ser casados. Morei com minha mãe até os 14 anos. Depois, até os 17, vivi com meu pai, em Santa Catarina. Durante muitos anos quis ter uma família mais tradicional. Mas me toquei que tinha muita coisa boa indo surfar com meu pai. Até hoje viajo para surfar com ele. Tenho um irmão por parte de mãe e uma irmã por parte de pai. Meu irmão, Pável, de 27 anos, mora comigo agora.

 

Você tem muitas lembranças da infância?
Eu era muito ligado ao meu avô (Carlos Marques, morto há três anos). Ele era um coroa simpático. Me levava ao banco e já era um programão. A caminhada de dois quarteirões até a agência durava meia hora. Ele falava com o cara da papelaria, com o jornaleiro, o da loja de tecidos... As pessoas dizem que sou simpático, herdei isso dele (Cauã fica com os olhos marejados).

 

Crescer nesse modo não convencional trouxe para você mais coisas positivas ou negativas?
Mais positivas. Sempre tive famílias carinhosas dos dois lados. Há coisas que não conheço porque não vivenciei como menino, mas agora estou descobrindo outras com a família que estou criando com minha filha. E há a que quero construir ainda porque eu gosto de casamento.

 

Gosta por quê?
Sou preguiçoso para sair de casa. Dá 20h e a preguiça vem que é uma beleza! Aí eu largo tudo, vou ver um filme, fazer uma sauna. Gosto de ficar em casa, mas se a pessoa falar “vamos”, eu vou. Gosto também de ver gente, de conversar, sou falante.


Que tipo de pai é?
Sou pai sem babá, que pega a filha e tem uma relação com ela sem nada no meio. Faço tudo. Isso é ótimo, dá uma conexão que só quem faz tem. Dá um sentido de homem, sai da coisa do garoto, de ser feliz a todo custo. Ter satisfação nas coisas mais simples, com menos, é bom.

 

A Sofia pergunta sobre ter duas casas?
Não. Conversei com psicólogos e soube que até os 4 anos a criança digere isso de outra forma. Graças a Deus não tivemos problemas. Uma das coisas que fiz quando me separei foi morar perto. Ter por perto a natação, o colégio. A Grazi se mudou agora também. Isso protege a Sofia do trânsito. É uma dica que me deram e realmente levei a sério.

 

A relação de vocês é boa, então?
Sim, somos pais que amam muito a filha. Existe carinho, admiração, um sentimento forte, mas a Sofia é o mais importante. A Grazi é uma ótima mãe. Sempre conversamos sobre como a Sofia está. Temos muito cuidado para manter o mesmo discurso.

 

Você já fala o motivo pelo qual se separou?
O casal tem várias questões para se separar, nunca é um fato só. A relação deu certo, foi um ciclo bem-sucedido. Temos o fruto mais bonito, que é uma filha linda. Casamento é um case pelo qual sou apaixonado, mas é uma arte. Daqui a pouco encontro alguém e dou continuidade à prole.

 

Você gosta da vida de solteiro?
Tenho 35 anos e fiquei dez anos casado. Foram três com a Alinne (Moraes) e sete com a Grazi. Fiquei pouquíssimo tempo solteiro. Ficaria amarradão se eu encontrasse alguém e tivesse uma relação mais longa de novo. É melhor namorar do que ficar solteiro. Mas solteiro tem suas vantagens: se encontrar uma pessoa legal e der vontade, posso ficar.

 

Quer então namorar de novo, se apaixonar?
Sinto vontade de ter mais filhos: dois, mas se vierem mais três não fico triste. Antes de você sentir falta de se apaixonar, tem que aprender a ficar bem sozinho. Agora estou bem. Paixão é aquela coisa de olhar, conectar, encontrar uma forma de falar com a pessoa. Tenho paixões à primeira vista. Vejo um conjunto de coisas. É um sorriso, uma mão que vai, a forma como olha... Uma hora vai aparecer alguém legal.


Você já tem projetos para depois da novela?
Tenho uma produtora, a Sereno Filmes, em parceria com meu empresário, Mário Canivello. Estamos produzindo Pedro, filme sobre dom Pedro I. Eu serei o protagonista. A direção é da Laís Bodanzky. Filmei e coproduzi este ano a Curva do Rio Sujo, Reza a Lenda, e Azuis está em pré-produção. Também fiz Dois Irmãos, minissérie com o Luiz Fernando Carvalho, com quem eu sonhava trabalhar.

 

Como compôs o Juliano de A Regra do Jogo?
Juliano preenche o lugar do cara correto na dramaturgia. Hoje, admira-se o vilão, o cara que tem possibilidade de fazer tudo. Tento passar esperança e honra com esse personagem. Entro humilde. Minha parceria é longa com João Emanuel: fiz Da Cor do Pecado (2004), A Favorita (2008/2009) e Avenida Brasil (2012).

 

Você gosta ou tenta fugir do rótulo de galã?
O galã preenche uma função dramatúrgica, junto com o mocinho, com o vilão, com o cafajeste. Eles se repetem sempre. Eu não fujo. No cinema internacional não é um problema. Homens considerados galãs circulam muito bem.

 

Você foi atleta de jiu-jítsu e deu aulas nos EUA. Como foi essa fase da sua vida?
Fui bicampeão brasileiro e americano. Comecei a lutar com 13 anos, no Brasil. Morei fora dos 19 aos 22 anos. Foram seis meses em Milão e seis em Paris, como modelo. Em Nova York, estudava atuação e trabalhava na escola varrendo chão, pintando parede. E dava aulas de jiu-jítsu. Um dos alunos me ofereceu um lugar para morar: o quarto dos cachorros dele. Dormi dois anos em uma cama inflável. Eu tinha um casaco, duas calças e umas camisetas.

 

E hoje, o que tira o seu sono, além do trabalho?
Quando alguma coisa não vai bem. Estou com uma pessoa muito próxima na minha família que está com um problema grave. Fico tentando entender as escolhas que a pessoa fez para chegar naquilo e me questiono. Com o amadurecimento, com a separação, com essas coisas que são difíceis, você também tem que fazer escolhas. O (ator norte-americano) Marlon Brando disse, perto de morrer, que “queria ter sido melhor pai que melhor ator”. Isso para mim é muito marcante. Pensei: “Quero ser muito bom ator, sim, fazer bons projetos, mas quero ter tempo também para ser pai”. É um desafio e uma meta para a minha vida.

 

Fonte: Quem

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