Após 12 horas de negociação, famílias que ocupavam a Agência de Desenvolvimento Habitacional do Estado (ADH) deixaram o prédio na noite de ontem (27). Os manifestantes são moradores do Jacinta Andrade e reivindicam melhorias no residencial.
Para dificultar a permanência dos ocupantes, policiais militares da Tropa de Choque foram acionadas, inclusive, para impedir a entrada de mais manifestantes. A água e energia do prédio foram desligados. Equipes do Conselho Tutelar compareceram à ADH, pois além de adultos e idosos, haviam muitas crianças que estavam sem se alimentar.
"A ajuda do Conselho Tutelar foi muito importante. Conseguimos fazer com que eles entendessem que era injustificável a permanência deles no local depois do acordo garantido. A polícia não usou de truculência ou spray de pimenta. A água e luz cortada porque é uma medida de negociação", disse a coronel Júlia Beatriz, do gerenciamento de crise da Polícia Militar.
A Tropa de Choque disponibilizou um ônibus para que os manifestantes retornassem para casa, mas eles não aceitaram. Além da infraestrutura do residencial, os moradores relatam ainda outros problemas.
"A diretora da ADH falou que o erro foi deles, de fazer um sorteio abertamente. Por exemplo, uma pessoa que estivesse em São Paulo podia se inscrever e ganhar a casa e inclusive tem um caso desses no residencial. São sorteios de casas para pessoas que já têm casas. Enquanto, a gente que está necessitando de moradia, se inscreve e não consegue ganhar", disse o gesseiro Samuel Cabral.
O Residencial Jacinta Andrade tem 4.300 casas, o que compreende mais de 19 mil pessoas. Em entrevista no Notícia da Manhã, o diretor de Habitação da ADH, Nonato Castro, admitiu o problema relatado pelo morador e disse que as distorções serão resolvidas. "Cada caso é um caso. Temos vários processos de reintegração de posse com liminar favorável à ADH. Não podemos tomar uma casa de um beneficiário", reitera.
Para resolver o impasse, moradores com representantes da ADH se reúnem nesta quarta-feira (28), às 14h, com o secretário de Governo Merlong Solano. Já amanhã (29), há uma audiência marcada no Ministério Público com a promotora de Justiça Miriam Lago.
"Sobre essas pessoas que ocuparam irregularmente as casas, a promotora nos pediu um levantamento social das casa invadidas, quais os proprietários e os invasores. Amanhã vamos entregar esse relatório", disse Nonato Castro.
Graciane Sousa
[email protected]
