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Zika vírus é o principal suspeito do surto de microcefalia, diz Ministério da Saúde

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O diretor de vigilância de doenças transmissíveis do Ministério da Saúde, Cláudio Maierovitch, divulgou nesta terça-feira que o vírus zika foi detectado em duas gestantes da Paraíba que esperam bebês já diagnosticados com microcefalia. Segundo ele, o vírus foi identificado no líquido amniótico dessas duas grávidas, por meio três técnicas laboratoriais diferentes. Atualmente, vários estados do Nordeste registram um surto da malformação congênita que reduz o perímetro do crânio de recém-nascidos e gera problemas neurológicos e motores. Desde que o estado de emergência em saúde pública foi declarado pelo Ministério da Saúde na semana passada, o zika era o grande suspeito de ter causado o problema, uma vez que o Brasil registrou pela primeira vez um surto do vírus no primeiro semestre deste ano.

"Na manhã de hoje, foi confirmada a identificação do zika em líquido amniótico colhido de duas gestantes da Paraíba que tiveram a constatação, por ultrassom, de que a criança tem microcefalia. Os exames foram realizados pela Fundação Oswaldo Cruz, por três técnicas diferentes. E todas elas confirmaram a existência do zika, o que garante a confiança do diagnóstico. Uma dessas técnicas foi o sequenciamento de parte do material genético das gestantes", disse ele, durante coletiva de imprensa para divulgação do boletim sobre o surto de microcefalia.

"O exame do líquido amniótico não é rotineiro durante a gestação, e não deve se tornar rotineiro, porque é invasivo. Não deve se tornar um método de investigação, e sim deve ser usado apenas quando houver suspeita da existência do vírus por parte da equipe médica".

De acordo com Maierovitch, essa descoberta torna "altamente provável" que a causa para o surto de microcefalia seja o vírus zika. "Isso (a comprovação do vírus em duas grávidas) fecha o diagnóstico da correlação entre a infecção de zika e a microcefalia? O que a gente pode responder até agora é: quase. É altamente provável a correlação entre as duas coisas. Dificilmente será uma coincidência, mas estamos sendo cautelosos em relação a isso. A situação é toda nova. Nós não temos literatura médica sobre isso em qualque lugar do mundo. Os cientistas devem nos ajudar a verificar essa relação de causa e efeito", observou ele.

Suspeita de microcefalia atinge 399 bebês

O diretor de vigilância de doenças transmissíveis destacou que, até a última contagem, foram identificadas 399 crianças com suspeita de ter a malformação congênita. Esses bebês são de Pernambuco, Sergipe, Paraíba, Rio Grande do Norte, Piauí, Ceará e Bahia.

"Não podemos dizer que todas essas 399 crianças têm microcefalia porque o critério usado para diagnosticar a doença, a princípio, é o perímetro cefálico igual ou inferior a 33 centímetros. Mas, para confirmar mesmo que uma criança com um tamanho de crânio menor do que a média realmente tem a doença, é preciso que ela passe por exames", explicou Maierovitch.

Ele ressaltou que o Ministério da Saúde conta com as secretarias estaduais e municipais de saúde para que todos os casos de microcefalia sejam identificados. Ele reforçou que as gestantes devem evitar fontes de infecção de qualquer tipo, isto é, evitar contato com pessoas com febre e mosquitos transmissores de doenças.

"A gente sabe que isso (evitar mosquitos) não é fácil para a maioria da população. Se fosse fácil, não teríamos epidemias de dengue. Mas isso pode ser encarado como uma das muitas precauções especiais durante a gravidez", disse ele.

"Para as mulheres grávidas que tiverem qualquer indício de zika, é preciso conversar com seu médico para ver a necessidade de um eventual exame. Ainda não temos muito o que acrescentar quanto a isso. Precisamos entender melhor o problema até sermos capazes de dar quaisquer recomendações mais específicas", complementou.

De acordo com Maierovitch, não se encontrou, até o momento, nenhuma outra causa provável para explicar o atual surto de microcefalia. Maierovitch disse, no entanto, que não há como estimar quantas pessoas teriam tido o vírus zika este ano no Brasil, e, assim, é difícil prever a dimensão que esse problema poderá tomar nos próximos dias.

"É impossivel neste momento estimar a magnitude do surto de zika no primeiro semestre deste ano, porque muitas pessoas que tiveram a doença não apresentaram sintomas. Só sabemos que tivemos casos confirmados em 14 estados brasileiros, dentre eles todos os da Região Nordeste", afirmou ele.

"Mas acreditamos que não se pegue o vírus zika duas vezes, então, pode ser que, depois de uma intensa circulação do vírus no país, muitas pessoas fiquem imunes à doença, o que seria um bom cenário", finalizou.

Fonte: O Globo

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