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Marcelo Castro declara guerra contra o Aedes aegypti e alerta: "País vive caso inédito"

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O ministro da saúde, Marcelo Castro, fez um alerta a toda a população piauiense e brasileira em entrevista ao Jornal do Piauí nesta terça-feira (1º). De acordo com ele, o Brasil vive uma situação inédita e gravíssima de proporções mundiais quanto aos casos de microcefalia causados pelo zika vírus. Não há em todo o mundo registros de casos semelhantes. Ele destacou, contudo, que a solução é simples: destruir o mosquito Aedes Aegypti, transmissor do zika, da dengue e da Chikungunya. 

"Estamos realmente com este problema grave de saúde pública no Brasil, que é uma coisa inédita. Não há relatos, não há literatura de epidemia de zika causando microcefalia. Tudo para nós é novo. Agora é que estamos fazendo estudos para ter literatura para o restante do mundo, para que todos possam aprender com a nossa experiência, que está sendo muito traumática", declarou Marcelo Castro. 

De acordo com o ministro, houve um relaxamento por parte do poder público e da sociedade no combate ao mosquito transmissor. Segundo ele, os sintomas leves das doenças transmitidas pelo mosquito acabaram fazendo com que todos se descuidassem do problema. 

"Estamos há muito tempo convivendo com o vírus da dengue e não tivemos êxito no controle, acho que tivemos um certo relaxamento, um descuido no combate ao mosquito transmissor. No último ano foi o Chikungunya, que causava dores nas articulações das mãos e pés, gerando grande dificuldade de locomoção e depois veio o zika, que causava vermelhidão, coceira, dor de cabeça e febre e era visto como um tipo de dengue mais branda. Seis meses depois, aquelas mulheres grávidas tiveram crianças com má formação, uma enfermidade gravíssima, a microcefalia, que causa danos para o resto da vida", explicou.  

Situação de emergência 

O ministro informou que foi decretada situação de emergência devido ao problema e que em Parnambuco, nessa segunda-feira (30), foi lançada a campanha nacional de combate ao Aedes Aegypti. 

"Decretamos emergência a nível nacional e estivemos em Pernambuco lançando campanha de combate ao Aedes, com a presença de representantes de 17 ministérios. Faremos ações efeitvas para destruir os mosquitos e larvas para que em fevereiro eles não causem o que estão causando", declarou. 

A preocupação com o combate do mosquito para o próximo ano tem relação com o comportamento sazonal do inseto, que costuma se proliferar mais rapidamente nos primeiros meses dos ano.  

"Para o momento, faremos ações do governo federal, estadual e municipal, com agentes de saúde e de endemia nas ruas. Os casos de dengue são sazonais e alternam de ano a ano. Esse ano teremos mais de um milhão de casos de dengue, ano passado foram cerca de 500 mil e em 2013 foram mais de 1,4 milhão. O mosquito tem uma população sazonal e de janeiro a maio aumenta a reprodução. Portanto, teremos praticamente apenas dois meses para fazer ações preventivas para evitar a proliferação dos números de casos de dengue e zika", disse.

Solução é simples 

Marcelo Castro foi enfático ao pedir a colaboração de toda a sociedade, destacando que a receita para combater o mosquito é simples: "Temos que mobilizar a sociedade, a batalha só será ganha se a sociedade se envolver, o governo federal sozinho não dá conta. Precisamos destruir criadouros de mosquito. Qualquer recipiente que acumule água: vasos de plantas, plásticos, pratos, qualquer coisa que se imagine é um potencial criadouro. Precisamos destruir criadouros em terrenos baldios, tudo isso precisa ser eliminado", orientou. 

"Gravidez deve ser acompanhada"

Quanto à orientação sobre iniciar ou não uma gestação no momento, o ministro alertou sobre os riscos, mas deixou claro que a decisão deve ser do casal e da família da mulher e que a gravidez deve ter acompanhamento médico para que qualquer risco seja evitado.  

"Engravidar ou não é uma decisão da familia, do casal, junto com o médico da família. Qualquer gravidez deve ser precedida de acompanhamento. No momento que estamos vivendo, os cuidados devem ser potencializados, aprofundados, se engravidou e está com medo, deve cobrir todo o corpo", disse. 

Ele completou, orientando para os cuidados e explicando que as mulheres, por conta dos tipos de roupas e sapatos, normalmente estão mais expostas ao mosquito. "O Aedes tem preferência diurna, ele pica durante o dia, principalmente nas primeiras horas da manhã e últimas horas da tarde. É importante não manter os pés descobertos, ele costuma picar os pés. Os homens se protegem mais porque usam meia e sapatos, as mulheres andam mal protegidas, porque usam saias, sandálias e ficam com os pés expostos", declarou. 

O ministro fez outras orientações para as mulheres que já estão grávidas: "As gestantes nos três primeiros meses podem usar repelente ou ter um cuidado adicional, que é botar telas em casa. As que não estão grávidas, que tomem as mesmas providências também para se proteger. Se achar prudente, pode deixar para depois [a gravidez]. Mas se quer engravidar, tem que fazer planejamento. Há um agravante no momento que é a presença no zika, que pode gerar um trauma para a família e para a pessoa, da mais alta gravidade, que é a microcefalia", declarou.  

 

Maria Romero
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