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Secretário nega que mortes por microcefalia tenham ocorrido por falta de profissionais

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O secretário de Saúde do Piauí, Francisco Costa, negou que as duas mortes de bebês com microcefalia em Teresina tenham acontecido por falta de assistência ou insuficiência de equipes profissionais na maternidade Dona Evangelina Rosa, onde foi criado um comitê específico multiprofissional para o tratamento de crianças com microcefalia no Estado, depois do surto de Zika vírus que tem relação com o aumento de casos de microcefalia.

Francisco Costa deu as declarações depois que o presidente do Conselho de Fisioterapia e Terapia Ocupacional do Piauí - Crefito 14, Marcelino Martins, começou a afirmar que as equipes médicas que realizam os partos na Maternidade estão incompletas. Segundo o presidente, elas não dispõem de fisioterapeutas, profissionais imprescindíveis ao procedimento, principalmente quando se trata de bebês prematuros. pode ter ocasionado também a morte dos bebês com microcefalia.

“Não. Não atribuo a isso. Nós tivemos só duas mortes de microcefalia no nosso Estado. Uma foi logo após o nascimento, ainda internada há alguns dias, ela tinha múltiplas más formações, não tinha só microcefalia e era o caso de uma criança com uma complexidade maior. Então não dá para justificar as duas mortes por falta de assistência. Esse discurso não cabe”, contestou o secretário sobre as afirmações de Marcelino. 

Francisco Costa até afirmou que há a necessidade de mais profssionais, mas que isso não comprometeu, de forma alguma, o atendimento aos bebês com microcefalia que morreram. “Querer dizer que precisamos ampliar a oferta de mais profissionais de reabilitação, precisamos, para dar mais assistência a essas crianças, para isso estamos fazendo parceria com o Centro de Reabilitação, para absorver essa demanda de atendimento, mas não dá para querer atribuir os casos de morte por microcefalia a isso”.

O presidente informou ainda que o Conselho de Fisioterapia já expediu vários ofícios ao Governo do Estado alertando sobre a carência de fisioterapeutas nas maternidades. “Isso, além de ser uma exigência legal, é fundamental para a saúde da mãe e do bebê. Muitas dessas mortes poderiam ter sido evitadas se a equipe médica tivesse completa”, declarou o fisioterapeuta  sobre o aumento de mortes de bebês na maternidade de uma forma geral.

De acordo com o Crefito, a notificação mais recente foi enviada no dia 4 de janeiro para o superintendente de Assistência à Saúde da Secretaria Estadual de saúde (Sesapi), Gerardo Rebelo. A partir da data, a Sesapi terá 20 dias para solucionar a carência de fisioterapeutas na Maternidade Evangelina Rosa.

 

Atualizada em 14.01.2016 às 11h41

O Conselho enviou nota esclarecendo que o presidente Marcelino não se referiu especificamente às mortes de bebês que tinham microcefalia, com relação a falta de profissionais. A nota reintera que o Crefito refere-se, de um modo geral, "ao descumprimento de diversas notificações que recomendam a presença obrigatória de 18 fisioterapeutas para completar o quadro de profissionais que já atuam na Maternidade Evangelina Rosa".
 

Veja a nota na íntegra:

"Sobre a matéria “Secretário nega que mortes por microcefalia tenham ocorrido por falta de profissionais”, publicada no portal Cidade Verde, na última segunda-feira (11), Marcelino Martins, presidente do Conselho Regional de Fisioterapia e Terapia Ocupacional do Piauí (CREFITO14), esclarece que não fez referência específica às duas mortes de bebês com microcefalia ocorridas na Maternidade Evangelina Rosa.

O alerta feito pelo fisioterapeuta Marcelino Martins diz respeito ao descumprimento de diversas notificações que recomendam a presença obrigatória de 18 fisioterapeutas para completar o quadro de profissionais que já atuam na Maternidade Evangelina Rosa.

“Ao contrário do que afirmou o secretário Francisco Costa, o número de fisioterapeutas na Maternidade Evangelina Rosa continua incompleto. Prova disso é a notificação que enviamos ao superintende Gerardo Rebelo, no dia 4 de janeiro, para que a Sesapi contrate os fisioterapeutas e a equipe de saúde passe a cumprir o plantão de 24 horas como determina a lei. A Sesapi tem 20 dias para cumprir a solicitação”, reitera Marcelino Martins.

Marcelino Martins volta a afirmar que o número insuficiente de fisioterapeutas que atuam nas UTIs Neonatais da maternidade não atende a demanda. “Os bebês prematuros necessitam de uma série de cuidados específicos. São crianças que nascem, por exemplo, com comprometimento respiratório, quadro no qual o fisioterapeuta é o profissional habilitado para realizar os primeiros atendimentos. O número insuficiente de fisioterapeutas pode sim refletir no agravo no quadro clínico da saúde dos bebês prematuros, o que pode ter contribuído para os inúmeros casos de mortes já registrados na Maternidade Evangelina Rosa”, encerra o presidente do CREFITO14.

 

Lyza Freitas
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