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Marqueteiro do PT é preso após chegar ao Brasil

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O marqueteiro do PT João Santana desembarcou nesta terça-feira (23) no Aeroporto de Cumbica, em Guarulhos, Grande São Paulo, um dia depois de ter a prisão decretada pela Justiça por receber US$ 7,5 milhões em conta secreta no exterior. A Polícia Federal suspeita que os recursos tenham origem no esquema de corrupção na Petrobras investigado na Operação Lava Jato.

Santana e a mulher, Monica Moura – que também teve a prisão decretada nesta segunda-feira (22) –, estavam na República Dominicana, onde participavam da campanha de reeleição do presidente do país.

Eles chegaram ao Aeroporto de Cumbica em um voo da Gol vindo de Punta Cana, na República Dominicana, previsto para chegar às 10h, mas com aterrissagem antecipada para as 9h20. O advogado de Santana, Fábio Toufic, também estava no voo.

O casal foi preso por agentes que o aguardavam e vai ser levado em um avião da Polícia Federal para Curitiba, onde se concentram as investigações da Lava Jato. Santana e a mulher foram, primeiro, para a delegacia do aeroporto onde são ouvidos por um delegado da operação. O advogado Fábio já viajou para Curitiba em um voo comercial.

O publicitário Marcos Afonso, veio de Punta Cana com a mulher, na mesma aeronave que o publicitário João Santana, e disse que voo foi tranquilo. "Era um voo da Gol, não tinha primeira classe, não teve nenhuma diferenciação, a gente ficou nas poltronas de trás e acompanhou um pouquinho deles durante o voo".

João Santana estava sentado ao lado da mulher Monica Moura e do advogado Fabio Toufic na primeira fileira do avião. "Eles pareciam estar tranquilos, não vi nenhum nervosismo neles". De acordo com o passageiro, ninguém se manifestou e não teve nenhum tipo de vaia. "Não houve nenhum tumulto". O casal e o advogado foram os ultimos a deixar o avião.

O assessor de Santana que o aguardava no aeroporto afirmou que ele ficou bastante surpreso com a decisão da Justiça, mas está tranquilo porque o dinheiro que tem fora do país veio de campanhas feitas no exterior. A mesma explicação foi dada pela defesa do publicitário ao Jornal Nacional na noite de segunda. "Nenhum centavo" é de campanha brasileira, disse a defesa.

Segundo os investigadores, Santana teria recebido US$ 3 milhões de offshores ligadas à Odebrecht, entre 2012 e 2013, e US$ 4,5 milhões do engenheiro Zwi Skornicki, representante oficial do estaleiro Keppel Fels no Brasil, entre 2013 e 2014.  O engenheiro foi preso nesta segunda-feira e é apontado como operador do esquema.

Investigadores suspeitam que os pagamentos foram feitos em troca de serviços prestados pelo publicitário ao PT. Santana foi marqueteiro das campanhas da presidente Dilma Rousseff, da campanha da reeleição do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em 2006.

"Há o indicativo claro de que esses valores têm origem na corrupção da própria Petrobras. É bom deixar isso bem claro, para que não se tenha a ilusão de que estamos trabalhando com caixa 2, somente", disse o procurador Carlos Fernando dos Santos Lima.

Nesta segunda, a defesa de Santana já tinha comunicado ao juiz Sérgio Moro que ele e a mulher tinham agendado a volta ao Brasil, mesmo sem ter recebido a notificação oficial sobre os pedidos de prisão.

'Origem espúria'

Segundo relatório da PF, João Santana e a mulher ocultaram das autoridades os recursos recebidos no exterior porque tinham conhecimento da "origem espúria" deles. Esse dinheiro foi escondido, conforme o relatório, mediante fraudes e "com a finalidade exclusiva de esconder a origem criminosa dos valores, que, como se viu, provinham da corrupção instituída e enraizada na Petrobras".

De acordo com o delegado Filipe Pace, é “extremamente improvável” que a destinação de valores aos dois, no exterior e em conta de uma offshore, esteja desvinculada dos serviços que os dois prestavam ao PT, uma vez que a fonte de renda de ambos no Brasil vem das atividades de marketing e publicidade que eles prestam ao partido.

Carta indicava caminhos para fazer pagamentos

Segundo o delegado Filipe Pace, os fatos relevados na 23ª fase da Lava Lato surgiram de materiais apreendidos na 9ª etapa da operação. Entre eles, estava uma carta de Monica Santana, sócia de João Santana na Pólis Propaganda & Marketing, endereçada ao engenheiro Zwi Skornicki.

Nela, havia um contrato entre a offshore Shellbill, que tem sede no Panamá e a PF acredita ser de Monica, e a Innovation, ligada à Odebrecht.

A carta indicava caminhos para fazer pagamentos. Havia números de contas do Citibank em Nova York e em Londres, que, na verdade, correspondiam a uma conta na Suíça. O banco permitia operações em dólar e euro por meio de contas conveniadas nos Estados Unidos e no Reino Unido. "O dinheiro foi depositado através dessas contas correspondentes, mas o beneficiário final foi a sua conta na Suíça", disse Filipe Pace.

A conta dos publicitários não foi declarada às autoridades brasileiras, segundo o Ministério Público Federal (MPF). Investigadores suspeitam que Santana comprou um apartamento de R$ 3 milhões em São Paulo com o dinheiro que recebeu da Odebrecht.

Veja a transcrição completa:

Zwi/Bruno
Mando cópia do contrato que firmei com outra empresa como modelo. Acho que o nosso pode ser simplificado, este é muito burocrático, mas vcs que sabem.
Apaguei, por motivos óbvios, o  nome da empresa. Não tenho a cópia eletrônica, por segurança.
Espero notícias.
Segue também os dados de minha conta com duas opções de caminhos. Euro ou dólar. Vcs escolhem o melhor.
Grata.
Abs.
Mônica Santana

Fonte: G1

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