A rebeldia própria dos roqueiros até existe um pouco nas tatuagens espalhadas pelo corpo, no cabelo desalinhado - às vezes até meio ensebado - e na pose. E pára por aí. Os garotos do NX - o vocalista Diego José Ferrero, o Di, de 23 anos; o baterista Daniel Weksler, o Dani, de 22; o baixista Conrado Lancerotti Grandino, o Caco, de 22; e os guitarristas Filipe Duarte Pereira, o Fi, de 21, e Leandro Franco da Rocha, o Gee, de 21 - viraram os novos ídolos juvenis.
E foi por causa desse público, e não da crítica, que a banda cresceu. Em 1º de julho, foram eleitos a Melhor Banda, com 1 milhão de votos de internautas, no Prêmio Multishow de Música Brasileira, realizado no Teatro Municipal do Rio. No ano anterior, conquistaram o primeiro lugar na categoria Banda Revelação. Já no Video Music Brasil (VMB), da MTV, a banda ganhou o Hit do Ano, com Razões e Emoções, desbancando Capital Inicial, CPM 22, Natiruts e Pitty, que também concorriam. "Tem crítico que fala mal do nosso som. Mas o público gosta. E é isso que importa", diz Dani. "Tivemos 1 milhão de votos no Multishow", repete.
Por que tanto sucesso? "O NX é de uma geração mais nova que o CPM 22, por exemplo. O grupo fala a mesma língua que a garotada de 15 anos, em média", diz Rick Bonadio, presidente da Arsenal, selo e braço da Gravadora Universal. "São sensíveis, mas com atitude. Sabem falar de amor sem medo e não têm vergonha de mostrar que são bons garotos."
São mais de 800 os fãs-clubes da banda espalhados pelo Brasil, um deles oficial, com 33 mil integrantes - dos quais 3 mil pagaram R$ 20 para ter uma carteirinha, que dá alguns privilégios, como promoções de camisetas e acesso ao camarim nos dias de show. "Mas a taxa só é cobrada uma vez", diz Everton Oliveira, de 21 anos, coordenador do site e dos fãs-clubes.
"Eu tenho tudo deles: toalhinha, baqueta e palheta que usaram nos shows, revistas, pôsteres e camiseta", diz a estudante paulistana Yasmin Santos, de 17 anos, que tatuou na pele o nome de uma das músicas, Conseqüência. Uma outra canção do grupo, O Silêncio, virou o toque de mensagem de seu celular. Yasmin vai longe por causa da banda. No início do ano, seguiu para Belo Horizonte, Rio e cidades do interior de São Paulo para ver os garotos tocarem. "Assisto a um show deles a cada 15 dias, não importa onde seja", diz a fã. "Minha mãe fica um pouco preocupada e algumas vezes até vai junto."
Com fãs assim, a banda ganha presentes de todos os tipos. Ursinhos de pelúcia chegam aos montes. "Recentemente, doei mais de cem", diz Oliveira. As fãs - sim, porque a maioria é mulher - não economizam nas cartas. "Recebemos uma que, enrolada, tinha o tamanho de uma roda de caminhão. É a chamada carta-metro. As meninas colam várias folhas de sulfite."
Em troca, o NX dá toda a atenção possível para a galera. Chegam até uma hora antes dos shows para autografar fotos e camisetas. "Eles continuam exatamente como eram antes de fazer sucesso, muito profissionais e sem frescura", diz Bonadio. "São do bem de verdade. E isso faz muita diferença."
O INÍCIO
"Há sete anos e meio, quando gravaram o primeiro CD independente, Diálogo, da composição atual da banda só havia Leandro, Daniel e Filipe", conta o empresário da banda, Angelo Casarin, de 32 anos, que, na época, era dono de estúdio na Lapa, zona oeste, por onde passavam muitas bandas iniciantes. "Pouco antes de gravar o CD, o Leandro me disse que tinha um cara que tocava muito bem num condomínio da Casa Verde. Era o Diego", conta Daniel. Diego entrou na banda uma semana antes da gravação, logo seguido por Conrado, que conhecia Leandro e Daniel da Rua Teodoro Sampaio, zona oeste, local onde os três trabalhavam em lojas de instrumentos musicais.
"Colocávamos nossas músicas na internet, o que ajudava a conseguir shows pelo Brasil", diz Diego. Bastava que pagassem a passagem para a banda colocar o pé na estrada. "Dormíamos muito na van, porque não tínhamos dinheiro para o hotel." Hoje, o cachê da banda está por volta de R$ 70 mil.
"Até chegarmos na Universal, conseguimos muita coisa, diria que chegamos ao topo do independente", diz Diego. Isso aconteceu há dois anos, quando o grupo foi descoberto por Bonadio num show do Hangar 110, no Bom Retiro. A partir daí, a vida da banda mudou muito. "O esquema exigiu uma dedicação integral e a banda era a prioridade dos cinco", diz.
Daniel largou a Faculdade de Ciências Sociais da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo; Diego, o curso de Publicidade da Universidade Anhembi Morumbi; Filipe, o de Rádio e TV das Faculdades Integradas Rio Branco; Conrado, o de Comunicação Social na Faculdade Ibero-Americana; e Leandro deixou os planos de fazer faculdade de Cinema de lado.
Os pais reclamaram. "Minha mãe até apelou, dizendo que, se me formasse, ao menos teria direito à prisão especial. Meu pai entendeu", diz Diego, que já foi vocalista de um grupo gospel. Ele é o único da banda que não é paulistano. Nasceu em Campo Grande, morou em Brasília, Porto Alegre e Argentina, até chegar a São Paulo, por volta dos 12 anos.
Em julho, mês de turnê para o lançamento do Agora, segundo CD pela Universal, fizeram uma dezena de shows pelo interior de São Paulo, em cidades como Jacareí, onde tocaram para 20 mil pessoas. Na capital, o show de lançamento será no dia 23 de agosto, no Via Funchal, na Vila Olímpia, zona sul.
Hoje, os cinco parecem irmãos. "A gente não tem tempo. Vai perdendo o contato com os amigos e se fechando entre os cinco. E vira mesmo uma família", diz Daniel. Mas o grupo tem um bom equilíbrio. Leandro é conhecido por ser o dorminhoco da turma; Filipe, o mais sossegado; Conrado, o animado; Daniel, aquele que acorda de mau humor; e Diego, o preguiçoso mais queridinho das meninas.