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Maluf critica negociação de cargos: 'Estou enojado'

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Deputado titular na comissão de impeachment, da Câmara, o deputado Paulo Maluf (PP-SP) decidiu rever seu voto contra o afastamento da presidente Dilma Rousseff. Até terça-feira alinhado ao Palácio do Planalto, Maluf acusou o governo de “comprar” o apoio de parlamentares do seu partido, oferecendo cargos e se disse revoltado com a operação.

— Fico revoltado e enojado com essa política de compra e venda. Não tem necessidade disso. A atuação do governo tem que se dar no campo da defesa jurídica — criticou.

Na terça-feira, Maluf disse que se sente “liberado” para votar contra ou a favor do impeachment e que irá estudar o processo até a próxima segunda-feira, quando a comissão se reunirá para decidir o destino de Dilma.

— Eu era contra o impeachment. Agora, estou absolutamente contra também essa negociação de cargos que o PP está fazendo. A gente tem que votar por convicção e não porque recebeu um emprego. Estou revoltado com isso. Vou estudar o processo. Ler a defesa e tomar minha decisão. Estou realmente triste em ver esse leilão de cargos. Hoje estou na coluna do meio — disse Maluf.

O deputado afirmou considerar Dilma uma mulher “honrada” e “correta”, mas que acha “detestável” o tipo de política praticada pelo governo. Ele não quis citar nomes dos deputados que estariam sendo comprados pelo Planalto. Afirmou que sua bancada tem obrigação moral de apoiar o governo porque se elegeu numa composição eleitoral e partidária com Dilma e o PT.

— Sou contra esse tipo de política. Nunca fiz isso. Meus adversários dizem “Maluf rouba, mas faz”, no entanto, não estive no mensalão, não estou na Lava-Jato, nem no “Panamá Papers" — disse o parlamentar.

Ao Palácio do Planalto e à presidente Dilma, Maluf recomendou que, em vez de “se meter nessa operação detestável de compra e venda”, busque apoio junto à opinião pública.

— O governo acha que ganha votos oferecendo cargos. Está errado. Tem que cultivar a opinião pública através dos serviços prestados (...) Eu, sem sair de casa, faço 250 mil votos só por serviços prestados à população de São Paulo.

Sobre a permanência ou desembarque do PP do governo, Maluf disse que não está envolvido:

— Eles podem discutir o que quiserem. Eu tenho uma história política que a maioria deles não tem, ou ninguém tem. Fui governador, prefeito, duas vezes candidato à presidente da República, quatro vezes deputado mais votado do Brasil. Voto com minhas convicções. Não voto porque o partido manda ou não manda. O partido está muito manchado. Muitos titulares (da comissão de impeachment) estão na Lava-Jato. Aliás, o Jair Bolsonaro (PP-RJ) disse três meses atrás que só ele e o Maluf não estão na Lava-Jato.

Depois de criticar o governo e seu partido, Maluf elogiou o vice-presidente Michel Temer (PMDB-SP). Disse que se conhecem há mais de 30 anos e que o considera “nota 10”:

— Michel é um homem correto e decente. Nota dez. Tem uma vida política longa e nada pesa contra ele. É um homem respeitável.

O ex-governador de São Paulo também saiu em defesa do ex-presidente Lula. Disse que se tivesse sido duas vezes presidente do Brasil, sairia pelo mundo defendendo as empresas nacionais:

— Lula virou um embaixador das empresas brasileiras no mundo. Eu faria o mesmo.

Quanto às denúncias relacionadas ao sítio de Atibaia e ao tríplex na praia do Guarujá, que pertenceriam a Lula, Maluf classificou-as de “sórdidas”.

— Lula é absolutamente inocente. Não tem objetivos econômicos. Ele é obcecado pelo poder e quer construir uma biografia. Acho que conseguiu. Respeito quem tem obsessão, como ele.

Maluf comparou a instalação de uma antena da Oi, próxima ao sítio de Atibaia, com uma história pessoal. Contou que em uma casa de sua propriedade, em Campos do Jordão (SP), o celular não pegava. Até que a Telesp resolveu instalar uma antena próxima a sua residência.

— E daí? Não serviu só a mim, mas a mais de 300 vizinhos. Tenho certeza que foi uma gentileza para mim, mas não pedi, não paguei.

Desde que se aproximou de Lula, apoiando a eleição do atual prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), em 2012, Maluf é visto com frequência no Palácio do Planalto, em cerimônias e eventos oficiais.

Maluf está na lista de brasileiros procurados pela Interpol e não pode deixar o país.

Fonte: O Globo

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