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Flávio Migliaccio diz que se tornou ateu após assédio de sacerdotes: “Fiquei traumatizado"

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Com uma camiseta com a estampa da série Shazan, Xerife & Cia., exibida na década de 70, na TV Globo, Flávio Migliaccio, de 81 anos, diz se lembrar com saudade de seu personagem, Xerife, um tremendo sucesso. Mas esse não é o único papel que o ator carrega no peito. No ar como o Josias de Êta Mundo Bom!, ele é apaixonado por todos os tipos que interpreta, desde a época do Teatro de Arena, nos anos 50, em São Paulo. “Tem ator que odeia ser marcado por um papel, porque acha que isso o desmoraliza, mas comigo não. Quero ser desmoralizado e ficar com aquele personagem para o resto da vida”, conta.

Criado numa família humilde de 16 irmãos, na capital paulista, Flávio se emociona ao pensar que, ainda garoto, queria ser padre. E revela: foi expulso do seminário por não aceitar o assédio de sacerdotes. “Fiquei traumatizado.” Outra passagem tocante de sua vida, que o leva às lágrimas durante a entrevista, é recordar o período em que precisou trabalhar como engraxate para pôr comida em casa. Casado há 60 anos com Yvonne, de 80, com quem tem Marcello, de 53, hoje sua felicidade é repousar em seu sítio, no interior fluminense. “Não sou ganancioso”, diz o feliz avô de Marina, de 20.

QUEM:  Tapas & Beijos acabou em setembro, depois de quatro anos no ar, e Êta Mundo Bom! já estreou em janeiro. Não pensou em descansar um pouco? 
FLÁVIO MIGLIACCIO: Não ia conseguir ficar parado! Se não me chamassem para essa novela, ia procurar alguma coisa para fazer imediatamente. Quando veio o convite, fiquei deslumbrado. E não importa o papel. Qualquer coisa eu faço. Trabalhei na novela O Casarão (1976) fazendo figuração. Mas a história era tão bonita que ficava feliz só de estar no elenco. Nunca me importei com o papel. E não estou dizendo que o Josias é um papel pequeno. Para você ter uma ideia, fiz uma árvore em um quadro de Viva o Gordo (humorístico da década de 80). Durante um ano inteiro, fui uma árvore (risos). E estava muito feliz em ser uma árvore!

Seu primeiro papel foi de um morto, não? 
FM: Sim, fiz um morto! Era época do Teatro de Arena, no anos 50. O engraçado foi que o diretor fez um teste comigo de uma hora. Voltei para casa contente. No dia seguinte, soube que faria um morto (ele cai na gargalhada). E o pior de tudo é que tinha muita pulga no teatro, imagina? Eu tinha que me concentrar, não podia nem respirar, a plateia ali perto e pulga pelo palco!

Você está usando uma camisa com estampa de Shazan, Xerife & Cia. Xerife foi o personagem mais importante da sua vida?
FM: O seriado ficou três anos no ar, mas parece que foi muito mais, parece que foram uns dez de tanto sucesso que fez. Tem ator que odeia ser marcado por um papel, porque acha que isso o desmoraliza, dá a impressão de que ele só saber fazer aquilo, mas comigo não. Quero ser desmoralizado e ficar com aquele personagem para o resto da vida. Sempre gostei do Carlitos, do Charles Chaplin; o Mr. Bean, do Rowan Atkinson... Queria um só também para o resto da vida. 

Fonte: Quem

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