Maria Romero
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Este ano, a tradicional Caminhada da Fraternidade, que em 2016 chegou à sua 21ª edição, teve uma linda coincidência: foi realizada no Dia dos Namorados, 12 de junho. Assim como a data, a manifestação em prol da solidariedade desperta o que há de mais bonito em cada um. A estimativa da Polícia Militar do Piauí é de que 95 mil pessoas tenham ido às ruas. Dentre estes, muitos casais que preferiram deixar a comemoração a dois para mais tarde e se uniram à multidão com um único objetivo: ajudar o próximo. Jovens e idosos, estudantes e aposentados. Unidos pelo amor e pela solidariedade.
Este ano, a Caminhada teve como tema "Mãe terra: nossa casa, nossa causa". A Campanha da Fraternidade trouxe o tema "Casa comum, nossa responsabilidade". E quando as pessoas de fato dividem a mesma casa? E quando os caminhos andam juntos? A história de três casais que falaram ao Cidadeverde.com se mistura à história da Caminhada e de amor e devoção ao próximo. E o idealizador da Caminhada, Padre Tony Batista, deixou um recado para os casais: "Continuem se apaixonando".
"Se eu pudesse, eu dava uma garrafa de champagne para cada casal de namorados. Há poucos dias o Papa Francisco disse que não se pode fazer festa com chá, festa se faz com vinho. Os namorados têm que comemorar com champagne. Deixo a todos eles o meu abraço, minha gratidão e minha oração para que todos se apaixonem ainda mais", disse, animado.
Manoel e Socorro Silva, funcionário público e professora, se conheceram na igreja, há mais de 30 anos, e desde o início da Caminhada fazem questão de participar. Eles têm dois filhos, de 27 e 28 anos, e nunca abandonaram as ações solidárias.
"Nos conhecemos na igreja da Santíssima Trindade, na zona Norte. Nós sempre íamos à missa e ela me achou bonito, se interessou, aí chegou em mim", contou Manoel, rindo.
Os dois destacam a importância do tema da Campanha da Fraternidade deste ano e dizem fazer questão de levar o zelo e o cuidado para a relação. "É um tema muito atual, o cuidado com o planeta. Tem que ser assim sempre, em todo lugar, e nós mantemos isso na nossa relação, é claro", diz.
Foto: Maria Romero/Cidade Verde
Socorro e Manoel se conheceram na igreja e participam da caminhada desde a primeira edição
Já Gleiciane Torres, 20 anos, e Ezio Rafael, 21, se conheceram ainda no início da adolescência, na escola. A participação ativa em ações da igreja e do grupo Encontro de Jovens com Cristo (EJC) foi o que uniu o casal. "Primeiro veio a amizade, depois fomos nos aproximando e o EJC com certeza fortaleceu essa ligação. Nós já namoramos há sete anos e sempre estamos juntos na caminhada", disse a moça.
Os jovens, aliás, foram motivo de grande alegria para o arcebispo de Teresina, Dom Jacinto Brito. "Vocês jovens são a razão da alegria para a nossa igreja. Vocês são o nosso povo semeando esperança", declarou.
Guilhermina Patrícia, 19 anos, e Kaeno Ribeiro, 23, se conheceram no EJC há menos de um ano ele fez questão de dizer da alegria de ter conhecido sua namorada por meio da igreja.
"Eu não queria fazer parte, mas me convidaram e foi uma experiência maravilhosa, que mudou minha vida. Graças ao grupo e a Deus eu conheci a pessoa com quem eu estou hoje. Tudo graças a Ele", diz o rapaz.
"Graças ao grupo e a Deus eu conheci a pessoa com quem eu estou hoje. Tudo graças a Ele"
Kaeno Ribeiro, 23 anos, sobre a namorada Guilhermina Patrícia, 19.
Ela diz que sempre fez parte do grupo e que não poderia deixar de participar da Caminhada junto com o rapaz. "Eu venho desde pequena, desde sempre estive dentro da igreja, envolvida com as ações de lá, tinha que vir, mesmo no Dia dos Namorados".
O casal tem uma forte ligação com a fé. Kaeno contou, orgulhoso, que o primeiro beijo do casal aconteceu no dia 25 de dezembro do ano passado, exatamente na festa de comemoração do nascimento de Jesus Cristo. O pedido de namoro veio três meses depois, em Oeiras. "A capital da fé do Piauí", disse ele.
Outro casal unido pela fé e que fez questão de comemorar o dia dos namorados na Caminhada foi Maria Teresa e Antônio Júnior. O casal, tão apaixonado, namora há um ano e oito meses e fez questão de espalhar para todos o amor que sentem um pelo outro. Os dois foram para as ruas com camisetas personalizadas, onde se lia "I love my boyfriend" e "I love my girlfriend", "eu amo meu namorado" e "eu amo minha namorada", em inglês.
"É uma data muito especial, tem que haver algo programado. Nós nos conhecemos na Igreja há dois anos e logo começamos a namorar. Eu venho há quatro anos para a Caminhada e ela é a primeira vez. Fiz questão de unir a nossa religiosidade com esse momento especial do Dia dos Namorados", disse Antônio.
Fotos: Edenilton Filho (1) e Maria Romero (2, 3, 4)
José e Francisca, Antônio e Teresa, Gleiciane e Ézio: unidos no amor e na fé
O amor no acaso
Francisca Leal e José Alves da Silva, 68 e 72 anos, há 10 anos participam da Caminhada da Fraternidade, em Teresina, mas foram se conhecer há dois anos na academia onde os dois praticam exercícios. Foi ela quem tomou a iniciativa de abordar José. "Ele estava com uma camisa muito bonita, muito colorida, eu cheguei e perguntei onde ele tinha comprado, ele disse que tinha sido na cidade de Aparecida do Norte". Mas foi ele quem fez o convite que deu início ao romance. "Aí ela disse que nunca tinha ido a Aparecida e eu falei: Vamos comigo esse ano? Foi quando tudo começou", contou ele, rindo.
E é ele quem faz questão de andar de mãos dadas com a companheira durante todo o percurso, de oito quilômetros. A academia frequentada pelos dois garantiu que acompanhassem o trajeto inteiro, que começou na Igreja São Benedito, no Centro, seguiu pela Avenida Frei Serafim, cruzou a ponte Juscelino Kubitschek, percorreu toda a Avenida Nossa Senhora de Fátima e encerrou no balão de entrada da Universidade Federal do Piauí (Ufpi), completando 6 km de caminhada.
Um amor que começou na internet e já tomou as ruas foi o de Rayane Patrícia, 18 anos, e Ariosto Pereira, 21. "Nos conhecemos na internet e ficamos só um mês conversando. Logo nos encontramos e começamos a namorar. Já estamos há cinco meses juntos".
Foto: Maria Romero/Cidade Verde
Jurandir e Aline, à direita; e Walace e Thais, à esquerda.
Amigos em comum ligaram os caminhos da contadora Aline Moraes, 27 anos, e do professor Jurandir Lacerda, 26. Ela conta que sempre participou da Caminhada e este ano fez questão de que o namorado participasse. "Eu que fiz ele vir, disse que hoje era dia da Caminhada e ele tinha que participar comigo", disse.
Ela comentou ainda o tema da campanha deste ano. "Há alguns anos o tema já vem relacionado com a sustentabilidade, cuidado com o meio ambiente. É fundamental essa preocupação, esse cuidado com o que é de todos. Certamente vai passar a ser um tema mais recorrente", declarou.
Namorados desde a escola, Thais Salomé e Walace Tales, ambos de 18 anos, estão juntos há dois anos e essa foi a primeira vez que participaram juntos da Caminhada. Pare eles, o tema da Caminhada este ano é fundamental.
"Nós sempre participamos, mas é a primeira vez que viemos juntos. O tema tinha que ser esse. Há anos só se fala disso em todo lugar. Era necessário ter um evento desse tamanho, uma mobilização grande o suficiente sobre o assunto e que bom que a Campanha e a Caminhada trouxeram o assunto", disse Thais.
Foto: Edenilton Filho/Cidade Verde
A Caminhada
Ao todo, 95 mil pessoas fizeram parte do ato pela solidariedade. "Quando os primeiros chegaram ao balão da Ufpi, ainda havia gente na Avenida João XXIII. É muita gente", relatou o comandante do 5º Batalhão de Polícia Militar, Coronel Costa Lima. Ele destacou que o percurso foi tranquilo, pacífico e sem alterações. Cerca de 60 policiais militares, civis e rodoviários federais, além agentes de trânsito, participaram da operação para garantir o sucesso de mais uma edição da caminhada.
Emocionado ao fim do percurso, padre Tony voltou a usar seu já conhecido bordão, destacando estar "escandalosamente feliz" pela presença de todos e pela generosidade que sente no povo teresinense.
"É um sentimento de muita gratidão, porque eu continuo pensando e acreditando que Teresina é uma das cidades mais generosas que conheço. Um povo simples, pobre, mas é um povo que não se sente no direito de ser feliz sozinho. Com essa crise toda, não encontrei nenhuma porta fechada, nem daquele que patrocina, nem daquele que vende, realmente é um dom de Deus. Eu repito: sou um padre escandalosamente feliz com essa gente", declarou.
