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Prestes a completar 82 anos, Leonard Cohen prepara novo álbum

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Com o Outono chegará um novo disco. A notícia foi avançada pela Columbia Records, a discográfica de Leonard Cohen, o cantor canadiano que muitos se habituaram a ouvir em álbuns como Death of a Ladies’ Man (1977) e I’m Your Man (1988). Segundo a agência de notícias francesa AFP, You Want it Darker mantém-se fiel ao universo e ao estilo deste intérprete que chegou tarde à música (aos 30 anos), mas que nela se instalou com toda a sua singularidade.

Também poeta e ficcionista, Cohen, 81 anos, mantém-se em grande atividade. O seu último álbum de estúdio, Popular Problems, saiu em 2014 e nele o cantor escrevia sobre a religião e a guerra, mas também sobre o peso da idade, com uma boa dose de humor. O sucessor, You Want it Darker, deverá chegar às lojas depois de 21 de Setembro, data de mais um aniversário do intérprete de voz rouca e inconfundível (a Columbia Records optou por não divulgar o dia exacto em que passará a estar disponível). Pelo meio, em Maio do ano passado, ficou Cant’t Forget: A Souvenir of the Grand Tour, que tinha apenas dois temas originais, lembra o diário francês Le Figaro.

Para já o que se sabe é que o novo álbum do intérprete de Hallelujah e So long, Marianne terá apenas oito canções, com uma delas a repetir-se, Treaty. Será um disco breve, como os dois anteriores, algo que não incomoda o seu autor, escreve o diário espanhol El País. Cohen compara-os aos LP da country, que muitas vezes não chegavam a ter meia hora de duração.

As canções de You Want it Darker foram, de início, cozinhadas no seu estúdio caseiro e são temas frescos, novos, nada que estivesse fechado há anos num baú de inéditos ou de temas que nunca foram oficialmente gravados. Enquanto não as ouvimos, é possível imaginar do que tratarão a partir de títulos como Leaving the Table, If I Didn’t Have Your Love ou It Seemed the Better Way. E como soarão na voz grave de Cohen, que há bem pouco tempo se despedia de uma das suas musas, a norueguesa Marianne Ihlen, a quem dedicou os versos de So Long, Marianne: “Come over to the window, my little darling,/ I'd like to try to read your palm./ I used to think I was some/ kind of Gypsy boy/ before I let you take me home.”

Numa carta que dirigiu à “sua” Marianne, prestes a morrer com uma leucemia fulminante, o canadiano aludia ao que para ele tinham significado os tempos que passaram juntos e falava da proximidade da sua própria morte: "Encontrar-te-ei pelo caminho", escreveu, em jeito de promessa.

You Want it Darker deverá dar origem, como é habitual, a concertos e digressões. Recorde-se que Leonard Cohen, que anunciara a sua retirada dos palcos na década de 1990, foi obrigado a regressar quando em 2004 descobriu que estava arruinado, depois de a sua agente, Kelley Lynch, ter feito desparecer milhões de dólares das suas contas e de ter celebrado um contrato ruinoso com a Sony em que vendia por tuta e meia os direitos de futuras gravações discográficas do mítico intérprete canadiano, lembra o diário El País.

Outros teriam afundado na frustração. Cohen arregaçou as mangas e entrou em ação. Pediu empréstimos para litigar contra Lynch (e ganhou, mas não recuperou esses milhões que haviam evaporado de suas contas rumo a um misterioso fundo de investimento). Ao mesmo tempo, postergou a aposentadoria e voltou à música.

Fez isso com todas as consequências: uma banda numerosa, concertos longos, turnês. Assim fascinou um público que, pela idade, nunca tinha conhecido a atmosfera de seus recitais, a cumplicidade entre o artista e o público. E mais: voltou a gravar discos com canções novas, que não entravam no funesto acordo de Kelley Lynch com a Sony Music.

Até agora, nesta década, Cohen lançou três álbuns com músicas inéditas (quatro, se incluirmos Blue Alert, a colaboração com sua querida Anjani Thomas). Não lhe faltaram ajudantes: tanto Old Ideas (2012) como Popular Problems (2014) foram produzidos por Patrick Leonard, conhecido na indústria por seu trabalho com Madonna. Para o novo lançamento, no entanto, contou com Adam Cohen, filho do artista e cantor.

Um LP conciso

You Want it Darker é, como os anteriores, um disco breve: oito canções, com uma repetida. Leonard não se envergonha dele: gosta de afirmar que os LPs de country eram igualmente concisos e, muitas vezes, não chegavam à meia hora. Além disso, seus trabalhos são coerentes: Cohen prefere usar canções frescas, esboçadas em seu estúdio doméstico, em vez de recorrer à gaveta de peças inéditas que nunca foram gravadas oficialmente.

A faixa-título do álbum foi lançada num capítulo da série Peaky Blinders, numa cena de jogos eróticos com asfixia. A voz serena e a mensagem fatalista de Cohen são muito apreciadas no negócio da ficção televisiva: trazem gravitas a qualquer produto audiovisual. Muitos (decepcionados) telespectadores da segunda temporada de True Detective dizem que o melhor da série era a sequência de abertura, com Nevermind, de Cohen.

YOU WANT IT DARKER

01 You Want It Darker

02 Treaty

03 On the Level

04 Leaving the Table

05 If I Didn’t Have Your Love

06 Traveling Light

07 It Seemed the Better Way

08 Steer Your Way

09 String Reprise/ Treaty


Fonte: El Pais

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