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Teresina ganha duas novas residências terapêuticas

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“Aqui é muito bom. Temos mais liberdade e somos mais unidos”, esse é o relato de Irene Silva*, 64 anos, que há 10 anos vive em uma residência terapêutica. Diagnosticada com psicose e depressão grave, a paciente foi internada no antigo Sanatório Meduna por duas vezes. Ela chegou a morar nas ruas até ser internada em uma das primeiras residências terapêuticas implantadas pelo Governo do Estado, através da Secretaria de Estado da Saúde.

As residências terapêuticas fazem parte de um sistema de moradias assistidas, destinadas a pacientes egressos de hospital psiquiátrico com dois anos ou mais de internação e sem vínculo familiar, como também a pessoas com transtorno mental em conflito com a lei, que visam proporcionar uma alternativa de atendimento mais humanizado.

“Com a residência terapêutica eu descobri um novo jeito de viver. Posso ir à missa, faço as compras e também tem alguns passeios, enquanto lá no (Sanatório) Meduna eu só ficava deitada e tomando remédio”, contou Irene*.

A história de vida desses pacientes demonstra que a reinserção social é uma alternativa viável no tratamento psiquiátrico. Outro bom exemplo é contado pelo paciente Carlos Pereira*, 59 anos. Oriundo do sistema prisional, ele passou 15 anos na Penitenciária Major César, dois anos no Hospital Areolino de Abreu (HAA) até ser transferido para uma residência terapêutica, localizada na zona sul de Teresina, onde vive há três meses.

“Lá no Areolino, nós tínhamos recreação duas vezes por semana. Dava pra jogar bola e tudo, mas aqui na residência é bem melhor. Nós temos os cuidadores do dia e da noite que ajudam a gente direitinho nas atividades de casa”, contou Carlos Pereira*.

Além de passeios e atividades físicas, os pacientes também recebem tratamento pelo Centro de Atenção Psicossocial (Caps) do bairro. Atualmente, o Piauí possui cinco dessas residências. Destas, quatro estão localizadas em Teresina - sendo que três delas são de gestão estadual e outra pela Fundação Municipal de Saúde - e uma no município de União.

O secretário de Estado da Saúde, Francisco Costa, conta que os avanços são muito positivos. “No início de 2015, nos deparamos com a problemática de superlotação do Hospital Areolino de Abreu (HAA) e também uma grande demanda do Hospital Penitenciário Valter Alencar (HPVA). Após um entendimento com a Secretaria de Justiça,Tribunal de Justiça e mediado pelo Ministério Público, percebemos que retirar os pacientes da internação hospitalar seria o melhor caminho. Daí, optamos pela política de ampliar a oferta de vagas através de residências terapêuticas”, explicou.

Com a instalação dessas duas novas moradias, a Secretaria de Saúde vai beneficiar 16 pacientes com transtorno mental oriundos do sistema prisional. “Vamos poder acolher com mais humanização os pacientes, fortalecendo sua reinserção ao convívio social”, afirma o secretário.

Ele reforça ainda que com a as residências representam um avanço muito significativo, porque assim, é possível transferir pacientes que passaram muitos anos institucionalizadas nesses lugares e passam agora para um dispositivo humanizado de acolhimento comunitário e isso também desafoga os leitos do HAA.

Os pacientes que serão transferidos para as novas residências já iniciaram o processo de adaptação nos Centros de Atenção Psicossocial (Caps) de Teresina. Antes disso, eles foram avaliados por uma equipe de profissionais em saúde mental, no sistema prisional, composta por psicólogos, médicos psiquiatras, assistentes sociais, enfermeiros e terapeutas ocupacionais. Este é um programa de desinstitucionalização, proposto pelo Ministério da Saúde, que é o retorno de fato desses pacientes ao ambiente comunitário com a visão e missão de humanizar a assistência psiquiátrica.

Residências terapêuticas

Em Teresina, as duas novas residências devem funcionar: uma no bairro Três Andares e outra no São João. Cada uma delas terá o atendimento a oito pacientes. Atualmente, vinte e uma pessoas já são atendidas nas três unidades que estão localizadas nos bairros Porenquanto e Monte Castelo.

Além disso, o Governo do Estado pretende descentralizar esse serviço para outras regiões como Parnaíba, Picos, Floriano e Valença.

Os serviços ofertados nas residências terapêuticas mostram que esta é uma alternativa exitosa no tratamento psiquiátrico. O grande diferencial é que a residência, por ser uma moradia, é uma casa destinada a pacientes que passaram longa permanência institucionalizada em hospital psiquiátrico.

Quando lá estiverem, os pacientes são inseridos em programas sociais implementados pelo governo, proposto pela rede Sistema Único de Saúde (SUS) e Sistema Único de Assistência Social (SUAS), como os centros de convivência, espaços de cultura e lazer, educação, dentre outros. A permanência deles no Centro de Atenção Psicossocial(CAPS) do bairro vai estar delineada num projeto terapêutico linear.

*nome fictício

Da Redação
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Tags: saúdesesapi