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Indicado para vaga no Oscar, 'Pequeno Segredo' ainda é mistério no Brasil

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O longa que o Brasil escolheu para representá-lo no próximo Oscar de melhor filme estrangeiro é uma obra que o Brasil ainda não viu"Pequeno Segredo" estreia oficialmente só em 10 de novembro, mas antecipou exibições especiais para o fim deste mês para ser elegível A estratégia permitiu que ele desbancasse "Aquarius", de Kleber Mendonça Filho, filme nacional mais falado do ano e favorito a levar a vaga.

O anúncio foi feito na tarde desta segunda (12), na Cinemateca, em São Paulo. O produtor gaúcho Beto Rodrigues, um dos nove integrantes da comissão responsável pela escolha, disse que levaram em conta a qualidade artística e adequação ao "pensamento da Academia" para eleger "Pequeno Segredo".

"O clamor de 'Aquarius' é válido. Mas queria que tivéssemos agora uma união", diz David Schurmann, diretor de "Pequeno Segredo". "É que divisão magoa todo mundo.

Estreante em longas de ficção, o realizador de 42 anos iniciou a carreira como diretor de televisão na Nova Zelândia e ganhou fama filmando as viagens de sua família, os velejadores Schurmann.
"Pequeno Segredo" é autobiográfico: narra a história da irmã adotiva do diretor, Kat, portadora do HIV que velejou com os Schurmann até morrer, em 2006.

A produção custou R$ 10 milhões –ante os R$ 3 milhões de "Aquarius" –, bancados em sua menor parte por recursos incentivados e, em sua maioria, por financiamento privado, incluindo dinheiro vindo de "product placement" (inserção de marcas no filme), segundo o diretor.
Schurmann diz que conta com o apoio do produtor Barrie Osborne (de "O Senhor dos Anéis") para fazer lobby pelo filme em Hollywood e descolar uma indicação. A Academia divulgará os cinco escolhidos em 24 de janeiro de 2017. A cerimônia está marcada para 26 de fevereiro.
"Quero juntar todos os brasileiros que já tentaram o Oscar para pegar a experiência deles e não errar no lobby."


CINEMA EM PÉ DE GUERRA
O esforço de "união" não será pequeno. Desde que foi instituída pelo Ministério da Cultura, em agosto, a comissão do Oscar é criticada por parte do setor cinematográfico. Aventa-se a possibilidade de que "Aquarius" esteja sofrendo retaliação pelo governo Temer devido ao ato anti-impeachment feito pela equipe do filme no Festival de Cannes, em maio. A polêmica foi antecipada pela Folha.

Isso porque o comitê tem entre seus integrantes o crítico Marcos Petrucelli, que já usou seus perfis em redes sociais para criticar o ato e as posições políticas do direto.

Secretário do Audiovisual, Alfredo Bertini nega que a escolha dos nomes tenha sido partidarizada: "Estão criando celeuma desnecessária."
Petrucelli diz que "Aquarius" foi "muito discutido na reunião" –da qual duas integrantes, Adriana Rattes e Carla Camurati, não participaram, pois perderam seus voos. Elas votaram por e-mail.

"O perfil da Academia é mais velho, conservador", diz Petrucelli. A cineasta Anna Muylaert, uma das que criticaram a escolha, discorda: "O perfil da Academia é o de filme com repercussão internacional. E isso 'Aquarius' teve".

A produtora Vania Catani faz coro: "Ninguém viu 'O Pequeno Segredo' ainda. Já participei da comissão e a trajetória do filme conta muito."
Kleber Mendonça Filho associou a derrota de "Aquarius" ao momento atual do país: "É bem possível que a decisão da comissão esteja em total sintonia com a realidade política do Brasil".

Mesmo fora do categoria, o filme ainda tem chances. A revista "Screen" crava que Sonia Braga é uma das favoritas ao prêmio de melhor atriz.


Fonte: Estadão

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