O número de estrangeiros que vieram trabalhar no Brasil no primeiro semestre de 2008 é o maior em cinco anos, segundo dados do Ministério do Trabalho. No primeiro semestre do ano, o número de autorizações chegou a 18,2 mil ? um crescimento superior a 45% em relação a igual período do ano passado ?, entre permissões temporárias e permanentes.
De acordo com o presidente do Conselho Nacional de Imigração, do Ministério do Trabalho, Paulo Sérgio de Almeida, a vinda de profissionais temporários está ligada à compra de máquinas e equipamentos no exterior pela indústria brasileira. Entretanto, ele ressalta que, depois do início da operação dessas máquinas, esses profissionais voltam para casa, repassando, em muitos casos, o trabalho a brasileiros.
Assistência técnica
Das 18,2 mil pessoas autorizadas a trabalhar no país entre janeiro e junho de 2008, 16,8 mil vieram em caráter temporário, segundo o Ministério do Trabalho, boa parte para realizar serviço de assistência técnica."(A compra de máquinas) naturalmente faz com que haja a necessidade da vinda de técnicos deste país para supervisionar, fazer partes que são sensíveis (no trabalho) de instalação desses equipamentos", ressalta o presidente do Conselho Nacional de Imigração.
Para Almeida, o caráter ?desenvolvimentista? do trabalho estrangeiro fica mais evidente no caso de empreendedores que escolham o Brasil para morar e fazer negócios. Entre as 18,2 mil autorizações de trabalho do ministério, 1,4 mil foram concedidas para pessoas que vieram para ficar. Entre elas, 767 são enquadradas como ?investidor pessoa física?. Ou seja: chegaram para abrir uma empresa no país.
Estrangeiros que queiram abrir um negócio próprio no Brasil, segundo o presidente do Conselho de Imigração, precisam comprovar investimento mínimo de US$ 50 mil (pouco mais de R$ 81 mil), que deve ser enviado ao Brasil por meio de transferência via Banco Central.
?Esse intercâmbio é uma grande oportunidade de aprendizado?, diz a professora, lembrando que, no caso de São Paulo, o número de pessoas que se fixaram para investir valor acima de US$ 50 mil chegou a 226 no primeiro semestre, número próximo dos registros de todo o ano passado. ?É sinal de prosperidade econômica?, comenta.
Ela conta que a escolha do Brasil foi determinada por uma conjunção de fatores pessoais e profissionais. A família queria ter uma experiência internacional, fora da Europa, mas já tinha morado nos Estados Unidos. Além disso, o mercado brasileiro está em expansão e os produtos a serem oferecidos não existiam aqui.
Com investimento de R$ 500 mil, o objetivo da empresária dinamarquesa é vender acessórios de design para o público A e B no Brasil. Ela está trazendo marcas tradicionais européias ? como Menu e Royal Copenhagen ? para o país e pretende distribuir os produtos para todo o Brasil, usando a loja de São Paulo como show room.
Anette conta que a principal dificuldade em trabalhar no Brasil é a falta de planejamento que impera nos negócios por aqui. ?É muito difícil para nós aceitarmos esse perfil do brasileiro?, diz a empresária. Ela afirma que, em um primeiro momento, a loja deverá empregar entre cinco e dez pessoas. Entre suas idéias de expansão, que ainda não têm data para sair do papel, está a abertura de uma loja no Rio de Janeiro.
Executivos
Um exemplo de que o intercâmbio de profissionais pode ser dinâmico é o presidente da Moet Hennessy para a América Latina, Davide Marcovitch. Italiano de nascimento, ele veio ao Brasil com a família quando tinha 17 anos. Como passou parte da adolescência no Egito, foi educado também em francês ? fator que ajudou em seu ingresso no grupo em que atua há quase duas décadas.
Naturalizado brasileiro, ele agora faz parte do grupo seleto de executivos nacionais que comanda operações internacionais de grandes empresas (a Moet Hennessy, braço de champanhe e conhaque do grupo de luxo LVMH, conhecido por marcas como Chandon, Louis Vuitton e Givenchy).
Do escritório de São Paulo, Marcovitch comanda não apenas as operações latino-americanas, mas também é responsável por desenvolver os mercados do Canadá, da África e do Oriente Médio.
O executivo de 63 anos disse que o executivo brasileiro tem vantagens em relação aos de mercados mais desenvolvidos. Por ter enfrentado dificuldades econômicas e inflação, ele afirma que o homem de negócio brasileiro tem mais "agilidade e flexibilidade".