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Pesquisa mostra que Brasil tem apenas um centro de excelência esportiva

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Mesmo com um investimento de R$ 4 bilhões feito pelo governo federal desde 2009, principalmenre visando um bom desempenho nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, o Brasil tem somente um CT (centro de treinamento) esportivo que atende aos padrões internacionais de excelência para atletas de alto rendimento.

Divulgação/CBV

A conclusão é de um estudo feito pela Unicamp, no qual foram avaliados dez CTs que receberam recursos do governo federal. Quase nenhum é um centro de excelência. Apenas o CDV (Centro de Desenvolvimento do Voleibol Brasileiro),que fica na cidade de Saquarema, no Rio de Janeiro, atendeu aos padrões mínimos observados nos grandes celeiros de medalhas internacionais.

“A Olimpíada tinha um potencial muito grande de investimento, mas isso não recebeu um direcionamento adequado. Tem muito centro de treinamento no Brasil que é dito de excelência mas é, na verdade, um complexo esportivo normal", disse a pesquisadora Mariana Antonelli, autora do estudo.

Um dos problemas primordiais destacado por Mariana, mestre em educação física, é o de que o Brasil sequer possui uma política nacional que estabeleça os parâmetros do que pode ou não ser considerado um centro de excelência esportiva, como observado em países como França, Estados Unidos, Portugal e Espanha, entre outros.

A pesquisadora da Unicamp tomou como referência os requisitos mínimos estabelecidos pela Espanha para que um CT possa ser designado como Centro de Excelência Esportiva e de Alto Rendimento, por serem os mais utilizados na literatura científica sobre o assunto.

Alguns dos principais critérios são ter instalações de caráter multidisciplinar ou monodisciplinar, com equipamentos esportivos de alta qualidade; contar com alojamentos amplos e localizados em áreas silenciosas; ter equipe técnica esportiva e de serviço médico esportivo para a prevenção e tratamento de lesões, enfermidades e de reabilitação física; ter no local departamentos científicos e de investigação que ajudem tanto os treinadores como os esportistas em seus objetivos de rendimento.

A principal deficiência brasileira está na área de recursos humanos. “Tinham lugares, como o Centro de Judô na Bahia, que tinha uma infraestrutura maravilhosa, mas não tinha profissionais qualificados lá dentro. Às vezes há médico e falta fisioterapeuta, tem psicólogo e não tem atendimento escola No centro, tem que haver uma equipe multidisciplinar disponível o dia todo", disse Mariana Antonelli.

Gestão amadora

Sem mencionar as deficiências destacadas pelo estudo, o Ministério do Esporte disse que "o Brasil está promovendo investimentos em infraestrutura esportiva, equipamentos e na preparação de atletas, e criando as condições para o desenvolvimento do esporte no País, desde a iniciação esportiva, passando pela base e chegando ao alto rendimento".

Segundo o ministério, foram construídos centros de treinamento de diversas modalidades, 240 CIEs (Centros de Iniciação ao Esporte) e 47 pistas oficias de atletismo, além das instalações olímpicas no Rio de Janeiro, que serão convertidas em centros de treinamento após os Jogos.

"Alavancou muito. Na canoagem, por exemplo, eles têm equipamentos de ponta. Se a Olimpíada não fosse no Brasil, inclusive, não haveria esse equipamento no País, então teve realmente um ganho muito grande na maioria dos centros visitados", comentou a pesquisadora.

Ela destacou, entretanto, que de nada adianta o dinheiro investido em equipamentos se não houver um planejamento a médio e longo prazo sobre como utilizar esses espaços e transformá-los em centros de excelência. "A gestão de quase todos os locais visitados não pode ser considerada profissional. Muitas vezes não há profissionais formados e com dedicação exclusiva, pode-se dizer então que a gestão de muitos desses centros é amadora", finalizou.


Fonte: Agência Brasil

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