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"A educação foi meu meio de mudar de vida", diz estudante de Direito filha de agricultora

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Filha de uma agricultora "mãe solteira", ela hoje estuda Direito na Universidade Federal do Piauí. Desde criança, não se conformava com a realidade que vivia e lutou por um sonho: mudar de vida por meio da educação. Franciele Brito, 19 anos, é uma das "alunas exemplo" da Unidade Escolar Augustinho Brandão, de Cocal dos Alves (262 km de Teresina), e inspiração para quem sonha com um futuro melhor. 

Franciele conta que, desde o início, não foi fácil. Além das adversidades - ela morava em uma "casinha com quatro cômodos", mantida pela mãe agricultora, com mais dois irmãos -, a garota do interior ouviu muitas palavras crueis - e machistas - e que poderiam ter destruído seus sonhos. Mas, para ela, as dificuldades foram degraus e o descrédito, incentivo. 

"O que eu ouvia, era que iria casar muito cedo, que mulher tem que ficar em casa e cuidar dos filhos, que como eu era filha de gente pobre, eu não tinha que querer nada na universidade, que eu não iria conseguir, porque eu era de uma cidade muito pequena, por minha mãe ser solteira eu ouvia: 'Tu não vai dar nada na vida, vai ser igual tua mãe, vai ter um monte de filho e não vai conseguir nada'. E mesmo quando passei no vestibular, ainda teve quem dissesse que eu nao tinha que vir para Teresina, porque eu não tinha como me manter", conta Franciele.

As dificuldades que ela enfrentou fizeram surgir o sonho de oferecer uma condição melhor de vida para sua mãe. Ela diz que não tinha como se manter em Teresina, assim que passou no vestibular, mas que a vontade de mudar sua realidade foi mais forte. Ela fala do orgulho que tem pelo esforço de sua mãe e de como quer ajudá-la.

"Desde criança eu não me conformava com a condição social que a gente tinha, meu pai não pagou pensão para mim, então eu tinha muitas dificuldades, minha mãe não podia me dar muita coisa que eu queria. Eu me revoltei contra tudo isso", declara.

A realidade da garota começou a mudar, quando, na escola, ela recebeu o incentivo que faltava para buscar seu objetivo. Ela fez o ensino médio na unidade com um dos melhores desempenhos do ensino público no Ideb e no Enem do país, Augustinho Brandão. 

"O que contribuiu foi minha familia, meu esforço, e até os zeladores da minha escola que me davam conselhos e a autoestima para estudar. Foi um conjunto, de todo lado veio ajuda e motivos para estar daqui. Eu só tenho a agradecer à cidade que me ajudou", destaca.

Em 2015, ela foi aprovada para Direito na Ufpi, passou a morar em Teresina e diz que quer que sua cidade se desenvolva para os cocalalvenses. Segundo ela, o desejo pelo Direito surgiu por uma "sede de justiça". Dedicada aos estudos, ela já pensa sobre a carreira que pretende seguir ao concluir a formação superior. 

"Na minha cidade não tem oportunidades na minha área, mas quero mudar isso. Por enquanto quero morar em Teresina, que oferece muitas chances e penso na defensoria pública, ou ainda a magistratura. Quem é pobre, tem que estudar para concurso, então penso nisso. E ainda em seguir a carreira acadêmica, fazer mestrado e doutorado. Para a minha cidade, sonho com o desenvolvimento para que nenhum outro estudante passe pelo que passei", sonha.  

 

Maria Romero
[email protected]

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