O Google está utilizando o produto que é seu carro-chefe, o sistema de buscas, para alavancar o número de downloads do Chrome, navegador de internet que a empresa lançou na terça-feira (2). A companhia lança mão de uma técnica --usar produtos de grande participação no mercado para promover lançamentos-- semelhante à da Microsoft, que usou o Windows para fazer o Internet Explorer decolar.
Nos Estados Unidos, mais de 60% das buscas são feitas pelo Google, de acordo com dados da comScore. Esse domínio é ainda maior no Brasil: a consultoria Predicta aponta que a empresa de internet domina praticamente 90% do segmento no país.
Ao embutir o Internet Explorer no Windows e usar práticas de mercado agressivas, a Microsoft conseguiu virar a batalha dos navegadores, que tinha o Netscape Navigator como grande líder em parte dos anos 90.
A diferença entre um e outro é que, neste caso, o Google ainda "oferece" (mesmo que de forma agressiva) seu produto --no exemplo da Microsoft, o navegador era introduzido "garganta abaixo" do consumidor de Windows.
A Microsoft fez mais que apenas divulgar um serviço pelo outro --o Windows dificultava a troca do Internet Explorer pelo Netscape, o que fez o governo dos EUA a abrir um processo contra a Microsoft. (leia mais sobre o caso aqui).
Horário nobre
O Google, que completa neste domingo (7) dez anos de existência, refuta esse paralelo. Segundo a empresa, no caso do Google há apenas uma comunicação com os internautas, com o intuito de informar e dar mais uma opção aos internautas.
"Não acho que sejam pesos iguais", diz Félix Ximenes, diretor de comunicação do Google. "Eu prefiro a comparação com um grande canal de televisão que usa o horário nobre para promover um programa específico".
Ximenes não revela que outros meios serão utilizados para divulgar o Chrome. Ele diz apenas que não serão utilizados modos "invasivos", como spam.
O Google não deve fazer alarde sobre o número de downloads do Chrome, como o Firefox fez no lançamento de sua terceira versão, com o "Download Day", em que os internautas eram estimulados a ajudarem o navegador a entrar para o "Guinness Book". De acordo com o executivo do Google, esse "não é o estilo" da empresa.