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Festival infantil traz grupo de teatro cearense pela primeira vez ao Piauí

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Teresina, Parnaíba e Floriano sediam, de 23 a 27 de novembro, o TRISCA - Festival de Arte para Criança.  O evento reunirá artistas de diversos estados em apresentações de teatro, dança e música, tudo voltado para o público infantil. Entre as atrações está Yuri Yamamoto, diretor de "O Pequeno Casaco Solitário", do Ceará, um dos primeiros espetáculos que poderão ser vistos em Teresina. 

Será a primeira apresentação da Companhia Bagaceira no Piauí. O trabalho de Yamamoto tenta desconstruir estereótipos sobre o Nordeste, lembrado por imagens de terra seca e povo arrasado que para muitos simboliza a região e suas manifestações artísticas. “Não é porque eu sou do Ceará que só irei falar de seca”, dispara. Mais que isso, o grupo cearense propõe o uso da arte como forma de resistência à conjuntura atual. 

"O Pequeno Casaco Solitário", em cartaz na quarta e quinta-feira (23), às 15h, no Theatro 4 de Setembro, promove um mergulho nas lembranças e mémórias, mas aborda ainda as perspectivas de abandono, do descarte, da banalidade de pessoas e objetos. A peça conta a história de um casaquinho que ficou esquecido no varal depois que seu dono cresceu. 

“E daí a gente abre a percepção para falar um pouco de abandono, tanto de materiais, como abandono do outro. Reflete-se as situações de abandono que vão se encontrando no varal e o mesmo varal representa isso de uso das coisas”, explica Yamamoto, que dirige o segundo trabalho da Companhia Bagaceira voltado para o público infantil. 

Teatrólogo e figurinista, o diretor descreve sua produção. “Nossos trabalhos diferem um pouco do outro circuito, mais por essa força, por essa raça, é um teatro raçudo, cheio de vontade e dificuldade. Isso acaba dando esse caráter inventivo, criativo aos grupos, pois se busca possibilidades e elas são as mais criativas possíveis. Além disso, são sempre temas que têm a sua força. Nem sempre se trata da questão regional, mas é feito a partir de sistemas mais humanos, trazem mais reflexões sobre a vida”. 

Arte e luta
Acreditando na arte que já nasce enquanto espaço coletivo, de juntar gentes e ideias, Yamamoto também conversou sobre as possibilidades necessárias da arte assumir seu caráter de mobilizador social frente à conjuntura de retrocessos de direitos. Esperançoso, mas de pés firmes no chão, ele lança uma centelha: “O clima está bem estranho, mas a arte tem essa luz, é uma esperança de que alguma coisa aconteça”. 

Segundo ele, nem o fato dos cortes nas áreas culturais devem fazer essa função social perder seu fôlego. “Pelo contrário, essa falta de incentivo reforça ainda mais esse caráter de guerrilha”, afirma. 

Ele lembra que a arte sempre teve esse viés contestador. “O momento é de luta mesmo e a arte já tem o caráter de provocação. Agora, mais do que nunca, tem que acontecer essa função de cada vez mais juntar e mobilizar, nessa tentativa de alguma coisa acontecer. Porque estamos com uma visão muito unilateral - ou é direita ou esquerda - e a arte vem pulverizar, abrir os olhos”, analisa, propondo fugir do maniqueísmo. 

TRISCA Festival
O evento é uma realização do Sesc Piauí com patrocínio da Secretaria Estadual de Cultura (Secult) e direção artística de Layane Holanda e Soraya Portela, criadoras do Canteiro, uma plataforma para criação, produção e práticas para a infância. 

O Festival tem como um de seus pilares fortalecer a produção regional, valorizando artistas e contextos. Deste modo, o público vai poder conhecer, rever e se deliciar com produções como “Palha Assada”, do Grupo de Teatro Oficinão, de Teresina, onde saltam aos olhos do público o entrelaçamento entre circo e teatro. 

Outra atração do Festival é um artista já conhecido dos piauienses, mas sempre com gostinho de bis. Vagner Ribeiro, com o Grupo Valor de PI, estará no espetáculo, musical e literário “Roda Curumim nos Sertões de Dentro”. E também tem espaço para as criações recentes, como as meninas que apostam na estética da dança de rua e no universo do hip hop no espetáculo “BreakingZORD”, do grupo PRObgirl´s/ Interação RALÉ - PI, sob direção da artista Cleyde Silva. 

Cruzamento entre circo, música e literatura estão presentes em “O Circo das Palavras”, do Conectivo Seis Voltz – PI. Uma viagem no mundo da poesia e fantasia, que traz uma interação com o público. 

A dança não fica de fora nessa rica e pulsante produção com o “Cirandar”, do Balé da Cidade de Teresina. O Grupo Raízes do Nordeste, da cidade de Parnaíba, à cena e cultura popular e temas constituidores da história piauiense com os espetáculos de dança “Maculelê” e “Berra Boi”. Estas são algumas das artes piauienses que se juntaram a outros estados, como Rio de Janeiro, Minas Gerais e São Paulo. 

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