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Vera Fischer ficou 10 anos sozinha: 'Me trato sozinha sexualmente'

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Segura de si e feliz aos 65 anos, atriz Vera Fischer comemora em 2017 quatro décadas de TV Globo, enquanto viaja pelo país com a comédia Ela É O Cara! - que chega a São Paulo em janeiro. Sem censura, ela fala sobre a pressão para estar sempre bela, afirma que passou anos sem sexo e assume que usou drogas. Mãe de Rafaela, de 37, do casamento com Perry Salles, e de Gabriel, de 23, da união com Felipe Camargo, a atriz ainda revela que está namorando: “Meus filhos nem sabem.”

Em algum momento de sua vida você sentiu o peso da idade?
Depois da minha última novela na Globo (Salve Jorge, em 2012), que não foi bem, fui fazer teatro. Eu estava com 62 anos. Nada dava certo, patrocínios não saíam... Comecei a engordar pela amargura mesmo, de ninguém me chamar para trabalhar. Era uma coisa alimentando a outra, você vai ficando mal.

O que aconteceu?
Procurei um psiquiatra porque não conseguia mais dormir. Sabe quando você deita na cama e todos os problemas do mundo vêm à cabeça? Ele me dava remédios, e eu queria subir pela parede. Uma ansiedade maluca, muito remédio errado. Uma das bulas dizia que era medicação para esquizofrenia.

Como melhorou?
Fui a outro psiquiatra. Ele me deu um remedinho para dormir, outro para acordar, que inclusive já cortei. Tudo melhorou. Dei uma renovada, estou contente com o que faço, meus filhos estão sentindo a diferença. Estou até namorando.

Quem?
Ainda está cedo para falar. Ele não é do meio artístico. E meus filhos nem sabem que estou namorando! Estava sozinha desde que namorei (o diretor) Marcos Paulo (em 2005). Sem ninguém para namorar ou para transar...

Ficou todo esse tempo sem sexo?
Fiquei. Ninguém me interessou. Mas eu sei me tratar sozinha sexualmente. Quando eu era mais jovem, me sentia mais preocupada em dar do que receber. Agora, não. Está de igual para igual.

Não sentia falta de companhia?
Claro que sim, mas casei com duas pessoas especiais e não vou botar alguém na minha casa nunca mais. Gosto de seduzir e de ser seduzida, algo que as pessoas não fazem mais.

Você é feliz hoje?
Sou, muito. Sempre fui. Tive, claro, momentos de tristeza, de mágoa e de muito desespero. A morte do Perry e do meu pai, por câncer. E também a morte do meu irmão, eletrocutado, aos 20 anos. Minha mãe teve Alzheimer... Tudo é muito desesperador, mas eu passo e vou superando. 

Tem muitos amigos?
Tenho poucos e bons. Mas fico bem sozinha, sem ninguém pra me encher o saco. Posso tomar meu banho e andar nua pela casa.

A beleza é um fardo?
Hoje sabem que tenho talento. Lá atrás, ia lutando e provando meu trabalho, porque não sou amiguinha ou amante de ninguém. Eu me exijo tanto na arte quanto no intelecto. Na minha primeira peça, batia um medo brutal de pisar no palco! Eu achava que eu só podia ser mocinha de TV... Depois vi que pertencia àquele lugar.

Você se cobra para estar bem?
Sou a que mais me cobro! Uma época, dei uma engordada e tiraram uma foto horrorosa. Vi aquilo e passei tão mal, aquela não era eu! Fiquei muito magoada. De outras atrizes, ninguém diz nada. Algum dia se inventou que essa mulher não pode ficar velha porque foi miss, fez pornochanchada e foto nua... E daí? Eu me cuido o suficiente. Não minto pra mim mesma. Faço questão que saibam a minha idade.

Já fez plástica?
Fiz lipo nos flancos e na barriga. Perdi um pouco de cintura, mas deixa assim. Na menopausa, o peito cresceu. Reduzi os seios há três meses, estão bonitinhos (ela mostra para a repórter). Passo cremes para tudo e posso estar bêbada, mas não durmo de maquiagem. Coloquei botox uma vez, doeu pra caramba e não vi diferença. Plástica no rosto pra quê? Tenho medo porque grandes atrizes que fizeram ficaram feias.

Mudaria algo na sua trajetória?
Não me arrependo de nada. Tudo o que foi ruim e bom é vida. Quanto eu tinha 32 anos, terminei meu casamento com Perry. Eu só vivia com gente mais velha, mais culta. Aí, conheci Felipe, e ele tinha uma turma jovem. É normal que eu nunca tivesse experimentado drogas antes porque não era a minha, não era a do Perry. Nos anos 80, era moda as pessoas usarem cocaína. Não renego, porque isso foi uma experiência. Maconha nunca usei. Não me arrependo de nada, não posso ficar engasgada: “Queria fazer aquilo e vou deixar de fazer porque vão achar ruim”. Fiz tudo e estou inteira, inteiraça. Meus filhos estão inteiros.

Como é sua relação com Felipe? São amigos?
Não. A gente se fala, se respeita. Fico feliz que ele tenha trabalho. Assim o filho dele pode pensar: “Não é só a minha mãe que é poderosa, meu pai pode não ser poderoso, mas é bom ator”. Uma época eu tive certa mágoa, mas superei tudo.

Quando volta a fazer novela?
Quando quiserem. Sinto falta, queria um papel bom, não precisa ser o principal. Todos os meus trabalhos eu fiz com grandes escritores, mas as pessoas vão se afastando. Agora tem uma gurizada dirigindo e escrevendo. Outro dia, encontrei a Suzana Pires (uma das autoras de Sol Nascente) e falei: “Não me chama por quê?” E ela: “Você quer fazer novela ainda?”.

Passou dificuldades financeiras na carreira?
Nunca. Mas quero vender uma propriedade enorme que tenho para comprar apartamentos, ter uma renda. Não viajo se não for primeira classe, hotel top. Preciso trabalhar, gosto de uma vida confortável.

Como você se enxerga?
Sou humanista, posso ser homem ou mulher. Eu sou gente. Gosto de simpatia, de compreensão. Gosto, sim, de provocar, porque se você não provoca não tem uma reação. Eu não me escondo atrás de uma vida bonitinha, de um personagem bonitinho. Quem fica em casa e faz bordado não vai sentir nunca nada. A vida vai acabar, e essas pessoas não têm nada pra contar.

Em Ela é o Cara!, você vive o diabo. Acredita em Deus?
Acredito que existe uma força da natureza, no bem e no mal. E acredito que não tem jeito de o mal vencer o bem.

Fonte: Revista Quem 

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