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Jayme Monjardim adapta livros de Augusto Cury em filme

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No meio da franqueza admirável, em conversa sobre o mais recente filme, O vendedor de sonhos, o diretor Jayme Monjardim não se engrandece: cada vez mais, está consciente do trabalho de grupo. “O conceito de Fidel Castro em nossas vidas acabou. Antigamente, a gente tinha uma ideia na cabeça, pegava uma câmera, saía, e nascia um Glauber Rocha, um gênio. Hoje em dia, quem fizer isso não será um Glauber e ninguém verá o filme”, acredita, enfatizando o aspecto de corrente que envolveu a adaptação da tríade de best-seller orquestrada nos escritos de Augusto Cury.

Roteirista de fitas populares como Um suburbano sortudo e O último shaolim do sertão, L.G. Bayão acolheu muitas sugestões do diretor e acentuou a parceria com o produtor (LG Tubaldini Jr.) e o autor Cury. “Só com O vendedor de sonhos, foram quatro milhões de livros vendidos, e, no todo, a obra de Cury rendeu 30 milhões de exemplares. É uma responsabilidade muito grande uma pessoa apenas tentar colocar tudo isto para funcionar. Os livros, no filme, foram aperfeiçoados a várias mãos”, reforça.

Depois de recriar nas telas textos de Fernando Moraes (Olga) e de Erico Verissimo (O tempo e o vento), Cury, pelos livros, combinou com a predisposição de Monjardim para terrenos novos. “Eu, aos 60 anos, estou num momento muito especial da minha vida. Paro e penso o que realmente é importante e o que é fútil. Separo o que seja descartável. O Augusto, na obra dele, tem a capacidade de sinalizar o que tem valor, pela profundidade”, descreve. Incorporar mensagens e dicas novas seduziu o diretor, a ponto de confessar: “Estou muito feliz, e me considero um novo discípulo de pensamentos que podem ser úteis”.
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Em termos de serventia, o audiovisual, desde cedo, provou o valor, nem que fosse para Jayme Monjardim pagar as contas: aos 21 anos, ele complementava o orçamento, documentando processos cirúrgicos. “Há operações em que se descola toda a pele, como numa máscara. Foi traumático acompanhar também as operações de coração. Mas, é coisa do passado; hoje eu não aguentaria fazer isso, não”, conta, aos risos. Cirurgicamente, O vendedor de sonhos deu a chance de o cineasta agir na esfera da mente. “Quando o Augusto Cury diz que o mundo está preparado para tecnologia, para discutir o desgelo no planeta, mas não está mais discutindo o interior da mente humana; concordo. Poucos olham para si, e lhe dou razão”, explica.

Menos seria mais

O acúmulo de milhões de informações, sem certezas de verdades, é alvo da desconfiança de Monjardim. “Vivemos grandes dúvidas e que podem gerar muitas transformações. Temos que acompanhar isso: por exemplo, não duvido que, em menos de um mês, tenhamos 30, 40 deputados presos. O país está começando a ser passado a limpo e as pessoas começam a entender que nós temos, sim, capacidade de mudar as coisas”, comenta.

Mas, e o material todo teria vocação ao rótulo de autoajuda? “Acho que o Cury está acima da associação à autoajuda. As obras dele estão acima disso. Ele tem muita razão quando diz, por exemplo, que as crianças estão infectadas com tanta informação, entre outras coisas”, demarca Monjardim, antes de exemplar. “Dou o exemplo da minha filha, de 6 anos. Com 5 anos, ela montou um canal no YouTube, O mundo cor de rosa de Maysa Matarazzo. Você olha pra sua filha, e diz o quê: ‘O que aconteceu com você?!’ A gente é obrigado a gravar o programa, por ela passar o dia falando nisso. E ela está ganhando mais de US$ 100 por mês e já conta com mais de 14 mil inscritos!”, conclui.


Fonte: Correio Braziliense 

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