Cidadeverde.com

Ex-Bozo e hoje pastor fala de filme sobre a vida e relembra vício

Imprimir

Com maquiagem carregada, nariz de palhaço e peruca espalhafatosa, Arlindo Barreto, um dos intérpretes do Bozo nos anos 1980, tinha a missão de entreter as crianças por horas a fio no programa do SBT. Assim como o excesso de trabalho, o abuso de drogas e álcool era recorrente no seu dia a dia. Hoje pastor evangélico, sua história será mostrada em "Bingo - O rei das manhãs", filme de Daniel Rezende estrelado por Vladimir Brichta com lançamento previsto para 2017.

- Passei um tempo com o Vladimir, um ator excelente. Fiz uma espécie de coach e ele conseguiu pegar cada detalhe. Também acompanhei as filmagens. Quando o trailer foi divulgado, um dos meus filhos disse: 'Pai, ele está  igualzinho a você'. Me emociono quando falo sobre isso - diz Arlindo sobre o longa, que, por questões de direitos autorais, apresentará o palhaço como Bingo.

Com 63 anos, Arlindo diz ser verdadeiro o episódio mostrado no teaser no qual uma criança ligou para o programa e falou um palavrão. Em outra cena do filme, o ator aparece usando drogas antes de entrar no palco. Ele nega:

- Isso é ficção. Não acontecia. Por dia, eram quatro palcos com participantes de excursões de quatro escolas. Um calor insuportável. Não teria como fazer o programa drogado - conta ele, que fará uma participação no filme como um homem que leva uma mensagem religiosa ao protagonista.

Uma exigência de Arlindo para a realização da produção foi mostrar sua conversão. Ele virou evangélico depois de um grave acidente de carro, quando ainda interpretava Bozo, e relembra sua decadência no mundo das drogas:

- Se o longa ficasse folia por folia não teria propósito. Queria mostrar o poder que Deus tem. Antes, acreditava que, se chegasse ao topo do sucesso, conquistaria a paz que tanto sonhava. Mas caí numa roda viva que foi justamente o contrário. Quanto mais trabalhava, mais distante eu ficava da minha família. Minha primeira mulher saiu de casa com meu filho. Desci toda a escada da fama, fiquei deprimido. Usei cocaína e entrei no buraco negro. Tentei ajuda em várias terapias e não encontrei. Quando me recuperei do acidente, me vi sem família, sem nada. Fui para a igreja e reencontrei o pastor que havia me ajudado no hospital. Ouvi a palavra de Deus, que tem uma força espetacular. Não senti mais vontade de beber, fumar maconha ou usar cocaína. Isso modificou a minha vida. Queria falar de Jesus na TV (no SBT) e não deixaram. Então, eu disse tchau.

A nostalgia daquele tempo é apenas do trabalho. Arlindo diz que não sente falta da vida glamourosa regada a festas e mulheres (ele chegou ter um romance com Gretchen). Atualmente, faz turnês com seu espetáculo "Mr. Clown", uma comédia religiosa.

- É um trabalho social. Não cobro ingressos, mas alimentos e roupas. Estou à espera de um convite para voltar à TV. Sou ator, já atuei em novelas e gostaria de fazer dramaturgia. Não reeditaria o Bozo porque acho que não vingaria. As crianças de hoje mudaram.

Fonte: O Globo 

Você pode receber direto no seu WhatsApp as principais notícias do CidadeVerde.com
Siga nas redes sociais