Uma pesquisa nacional feita pelo Datafolha na semana passada mostra que 81% dos brasileiros apóiam o projeto de lei que proíbe o fumo em todos os ambientes coletivos fechados do Estado de São Paulo, incluindo os fumódromos.
O aumento do rigor contra o cigarro é defendido até mesmo pelas pessoas que afirmam "fumar cigarros, mesmo que de vez em quando". Desse grupo, 64% se dizem favoráveis à proposta. Entre os não-fumantes, 86% aprovam a idéia.
Segundo o Datafolha, o nível de aprovação ao projeto é parecido em ambos os sexos, em todas as faixas etárias, em todos os graus de escolaridade e nas diferentes faixas de renda. A aprovação é um pouco maior entre os simpatizantes do PSDB (88%), partido de Serra, que entre os do PT (83%).
Ruim para os fumantes
A pesquisa Datafolha foi realizada entre a segunda e a quinta-feira da semana passada. Foram entrevistadas 2.785 pessoas com 18 anos ou mais e de todos os níveis sociais.
Os entrevistadores ouviram pessoas em 212 municípios das cinco regiões do país. A margem de erro da pesquisa é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos.
De todos os entrevistados, 13% se disseram contrários à proposta em análise pelos deputados paulistas. Os fumantes são mais refratários à idéia --30% deles se dizem contrários. No grupo dos não-fumantes, o índice de rejeição ao projeto de lei cai para 8%.
Para a maioria, a lei terá efeito "ótimo/bom" sobre os não-fumantes e "ruim/péssimo" sobre os fumantes. Para os bares e restaurantes, na opinião da maioria das pessoas ouvidas pelo Datafolha, o impacto do banimento do cigarro será "ótimo/bom".
Das pessoas ouvidas, 63% disseram que haviam tomado conhecimento do projeto de lei apresentado pelo governador José Serra (PSDB). De qualquer forma, antes de perguntar-lhes a opinião, os entrevistadores explicaram os principais pontos da proposta.
Extremamente prejudicial à saúde, o tabagismo é considerado uma doença, capaz de dar origem a outras cinco dezenas de males --como câncer (principalmente de pulmão), infarto, AVC (acidente vascular cerebral), bronquite, osteoporose e até impotência sexual.
Segundo o governo de São Paulo, os pacientes tratados de doenças provocadas pelo cigarro custaram ao SUS (Sistema Único de Saúde), no ano passado, pelo menos R$ 92 milhões.
Com esse valor, é possível custear por um ano o funcionamento de dois hospitais públicos de médio porte, com cerca de 200 leitos cada um.
No momento, o projeto de lei que aumenta as restrições ao fumo recebe emendas dos deputados estaduais. Só depois disso é que ele começará a ser votado pelas comissões da Assembléia Legislativa.
Pelo projeto, os estabelecimentos que descumprirem a norma serão multados em valores que variam de R$ 220 a R$ 3,2 milhões e poderão ser interditados. Não haverá punição aos fumantes infratores.
"Caso a lei seja aprovada --e acreditamos que será--, os estabelecimentos e as pessoas terão de se adaptar. Isso é perfeitamente possível, ainda que no início haja certa resistência ou dificuldade. Os fumantes se adaptaram às leis que os proibiram de fumar dentro de aviões e cinemas, por exemplo", diz o secretário estadual da Saúde, Luiz Roberto Barradas Barata.
Fonte: Folha Online