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Associação militar diz que mortes de PMs são subnotificadas; veja números

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A Associação dos Oficiais da Polícia Militar do Piauí (Amepi) divulgou o balanço feito, pela própria entidade, nos anos de 2015 e 2016, do número de mortes de policiais em crimes violentos. A Amepi rebate informações do Anuário Brasileiro da Segurança Pública do ano passado, que contabilizou apenas quatro mortes em 2015. 

De acordo com o levantamento feito pela associação, em 2015, 13 policiais morreram vítimas de latrocínios, homicídios ou acidentes automobilísticos. Sendo nove mortes por arma de fogo e quatro por acidentes. Segundo o relatório da Amepi, seis estavam em serviço, cinco de folga e somente dois em serviços extras (conhecidos como bico). 

Já no ano passado, a entidade revela que 12 policiais tiveram mortes violentas. Sendo dois por suicídio e os outros por acidentes, homicídios, latrocínios e um por queda. As mortes ocorreram em Teresina, Timon-MA, Jurema do Piauí, Parnaíba, Piripiri, Palmeirais, Geminiano e em Formosa na Bahia. Dois estavam de serviço, nove de folga e um em serviço extra, afirma o relatorio.  

“Há uma subnotificação porque o Anuário não reconhece as mortes por acidentes, mas a maior parte acontece quando o policial está indo para o trabalho ou retornando e isso é considerado estar de serviço; quando ele morre em Timon, aí não há notificação, porque nem o Maranhão reconhece e nem o Piauí; e uma terceira subnotificação é quando ocorre o contrário, quando um policial de fora morre no Piauí, então não é notificado em nenhum dos dois estados”, argumenta o presidente da Amepi, tenente coronel Carlos Pinho. 

Ele disse que é preciso fazer uma reflexão com os números e buscar uma maior valorização do profissional, já que quem é policial mesmo de folga ou no bico não deixa de ser militar. “Somos os fiadores da tranquilidade da sociedade. E pudemos constatar isso com o que aconteceu no Espírito Santo. Por isso precisamos no mínimo um tratamento isonômico. O policial vê a violência nua e crua todos os dias e mesmo assim tem que se submeter a se expor nos bicos, mais ainda, porque precisa dar dignidade à sua família”, desabafa o presidente da Amepi.

Expectativa de vida

Carlos Pinho destaca que a expectativa de vida do policial é menor que dos demais cidadãos não só pela atividade de risco a que se submete, mas também pela extensa carga de estresse, jornada de trabalho desgastante e horas de sono perdidas, dentre outras mazelas. 

“Mesma assim há uma falta de valorização e o policial é atacado de todas as frentes. Precisava que houvesse ferramentas não só para ele, mas também para sua família que também é penalizada, das instituições para considera-lo um policial em serviço ou de folga”, justifica.  

Concurso

Sobre o concurso público para 400 vagas que teve o edital divulgado ontem pelo comando da Polícia Militar, o representante da classe disse que o número é insuficiente para atender as necessidades da sociedade. 

“Nós temos 5.975 policiais na ativa em todo o Piauí e precisamos de mais de 11 mil. Essas vagas não substituem sequer as evasões que ocorrem depois de cada concurso. Nós treinamos homens para depois passarem em concursos da Polícia Civil e Agente Penitenciário porque ganham mais. E pode ver que são os policiais que mais se destacam nas delegacias especializadas”, argumenta. 

Pinho finaliza reforçando que os policiais militares têm papel importante na atuação contra a criminalidade. “Quase 90% das ações criminais nasceram com atuação primeira de um policial militar e isso ajuda nas elucidações feitas pelas polícias investigativas em cerca de 80% dos casos. Mas, o policial militar ganha a metade que ganha um policial civil e no Piauí ganhamos menos que os militares do Espírito Santo que fizeram aquela ação”, ressalta o coronel Carlos. 


Caroline Oliveira
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