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Especialista mostra as saídas para driblar a infertilidade

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Um a cada seis casais tem dificuldades para engravidar – o que mostra que esse problema não é tão raro quanto se imagina. Milhares de mulheres que sonham em se tornar mãe vivem o pesadelo da infertilidade. Mas a medicina tem avançado muito nos últimos anos e hoje as técnicas de inseminação e fertilização superam a grande maioria das barreiras impostas por essa condição, inclusive para mulheres que fizeram laqueadura e homens que fizeram vasectomia.

São vários os problemas que provocam as dificuldades para engravidar. Para elas, os mais comuns são as disfunções na ovulação, baixa qualidade dos óvulos, ovários policísticos, obstrução das trompas e, principalmente, a endometriose, que acomete 30% das mulheres. A ciência já constatou, porém, que em 40% dos casos, os fatores da infertilidade também estão presentes nos homens: eles podem ter problemas na qualidade e quantidade dos espermatozoides, por exemplo.

Hoje em dia, com a vida corrida, além de todas essas causas de infertilidade, a mulher ainda convive com uma outra: o relógio biológico. Estudar, se firmar no trabalho, casar, ter estabilidade... quando ela se dá conta, já passou dos 35 anos e, nessa idade, 10% das mulheres são inférteis. Aos 40, esse número sobe para 33% e aumenta, à medida que a mulher vai envelhecendo.

“Os casos mais graves são de mulheres acima dos 40, com endometriose avançada. A endometriose se ‘alimenta’ da menstruação e, quanto mais idade, mais a mulher menstrua, portanto, mais se agrava o quadro. Nesses casos, os óvulos já não têm qualidade pela idade e não têm qualidade também por causa da ação da endometriose”, destaca o especialista em reprodução humana, André Luiz Engenheer, da Clínica Fertvida. 

O mito dos anticoncepcionais
Muita gente ainda acredita que usar anticoncepcionais a base de hormônios por um período prolongado acaba provocando a infertilidade. Mas, de acordo com o especialista em reprodução humana, isso é mito. “Os anticoncepcionais atuais têm microdosagens. Na hora que o uso é suspenso, a fertilidade volta, rapidamente”, afirma. O médico destaca que hoje existem contraceptivos subcutâneos que evitam a menstruação e a gravidez por três anos e que isso causa a regressão de problemas como a endometriose e os miomas. 

 

Congelando o tempo
O médico afirma que o ideal é a mulher engravidar antes dos 30 anos e até os 35. “Mas, os casais estão se formando mais tarde e, quando casam, evitam os filhos até conseguirem estabilidade. Depois tem mais algum tempo de tentativa. Quando chegam à clínica de reprodução, já estão entre 37 e 38 anos, aí as chances são menores”, pontua.

O especialista avalia que o indicado é que os casais façam exames pré-nupciais para verificar a condição da fertilidade, tanto dele, quanto dela. “O casal pode preservar a fertilidade, congelando óvulos, espermatozoides ou embriões já fecundados. O mesmo é indicado para quem sonha em ter filhos mas não tem parceiros ou perspectivas. O ideal é que a avaliação seja feita o mais precoce possível porque com a idade, vem a perda da qualidade dos óvulos e, consequentemente, os tratamentos acabam sendo mais complexos”, alerta o médico.

É exatamente por isso que a indicação para mulheres que já passaram dos 30 e não têm parceiros é o congelamento dos óvulos. A procura por esse procedimento tem aumentado nessa faixa etária. “Ela pode utilizar esses óvulos depois dos 40 e até aos 50 anos. Utilizar esses óvulos produzidos enquanto ela era mais jovem diminui os riscos de anomalias genéticas, como a Síndrome de Down e Edwards e Patau, que são mais comuns em gestações tardias”, esclarece André Luís Engenheer.

Também são aconselhados ao congelamento as pessoas – tanto homens como mulheres – que são diagnosticadas com câncer. “Antes de fazer a quimioterapia ou a radioterapia, a pessoa congela os óvulos ou o esperma e, depois que fizer o tratamento e for considerada curada, poderá ter sua fertilidade de volta. Já temos vários casos de sucesso no Piauí”, acrescenta.

Técnicas existentes
O tratamento mais simples, segundo o especialista, é a indução da ovulação com coito programado. Esse procedimento é indicado para mulheres cujo fator ovulatório seja o único que dificulta a gravidez, e, concomitantemente, o parceiro tenha uma qualidade adequada do sêmen. 

O segundo procedimento é a inseminação intrauterina - mais conhecida como inseminação artificial. É indicado, por exemplo, quando o homem fez vasectomia, mas congelou o sêmen antes. “Se a parceira estiver em condições de engravidar, é feita uma leve indução para ovulação e o sêmen é colocado dentro do útero. Existe, no entanto, o risco de engravidar de mais de um bebê, mas o que a gente busca é a gestação única porque a criança nasce ‘a termo’ e o risco de complicações na gestação diminui”, diz o médico. 

O terceiro procedimento é a inseminação in vitro (também chamada de bebê de proveta). Na Clínica Fertvida, isso é feito através de uma técnica chamada ICSI, que injeta um espermatozoide dentro de cada óvulo e estes são cultivados durante 3 a 5 dias em laboratório. Se o desenvolvimento estiver dentro do padrão, esse embrião é implantado no útero. 

“Esse é o procedimento para quem fez, por exemplo, laqueadura das trompas, ou para casos em que o parceiro fez vasectomia, porque podemos retirar espermatozoides do epidídimo. E o melhor de tudo é que a mulher vai continuar laqueada e o homem vasectomizado. Essa reversão também é possível cirurgicamente, mas as chances de sucesso são menores. Nas mulheres, religar as trompas pode estreitar o canal e obstruir a passagem do óvulo, provocando uma gravidez nas trompas”, pondera o especialista da Fertivida.   

A fertilização in vitro também é indicada nos casos em que as mulheres chegaram aos 40 anos e não têm óvulos congelados. “Dessa forma, quando o óvulo for fecundado passa por uma biópsia antes de ser colocado no útero. Hoje, temos uma técnica para isso chamada de NGS, que é a mais avançada, e que permite ver o cariótipo do embrião. Então todas as síndromes são vistas antes de implantá-lo no útero”, afirma o médico. 

Para as mulheres que não têm óvulos de qualidade – seja pela idade ou qualquer outra condição – também há esperanças. O Conselho Federal de Medicina aprova a doação compartilhada de óvulos: uma mulher doa metade dos óvulos produzidos e a receptora paga as medicações que a doadora precisa durante o tratamento. “Tudo isso no anonimato absoluto”, garante André Luís. 

O especialista acrescenta que são buscadas características físicas semelhantes às duas mulheres e cada óvulo é fecundado com o espermatozoide dos respectivos maridos. O mesmo procedimento é permitido aos homens na doação compartilhada de sêmen. 

As técnicas de fertilização, que são aprimoradas ano após ano, permitem sucesso na maioria dos casos. Na Fertvida, por exemplo, em 16 anos, 1.300 bebês nasceram perfeitamente saudáveis, levando felicidade a mulheres que tinham o sonho de ser mãe e que não conseguiam ter filhos naturalmente. Hoje, pode-se dizer que a ciência conseguiu, sim, driblar a infertilidade e, como as mulheres estão cada vez mais informadas sobre os métodos, a procura tem aumentado e, consequentemente, os custos têm reduzido a passos largos. 

A infertilidade pode ser evitada
André Luís Engenheer ressalta que alguns hábitos ajudam a proteger a fertilidade:
- Proteger-se de Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST), porque elas podem atrofiar o sistema reprodutor de ambos os sexos. 
- Manter-se dentro do peso ideal. “Os hormônios são convertidos na gordura. Então, muitas vezes, ao invés desses hormônios agirem no ovário ou no útero, ficam acumulados na gordura. No homem, o excesso de peso aumenta a pressão nos testículos e piora a circulação, o que também leva à queda da fertilidade. O excesso de magreza também é prejudicial”.
- Praticar atividades físicas. “Fazer exercícios libera os níveis de testosterona e outros hormônios, melhora a libido, a ovulação e a produção de espermatozoides”.

 

 Jordana Cury
[email protected]

 

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