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"Ele vem desafinar o coro dos contentes", diz diretor ao lançar filme sobre Torquato Neto

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Cinco anos de produção, o documentário "Torquato Neto - todas as horas do fim" estreou na noite deste sábado (7) no Festival de Cinema do Rio de Janeiro carregado de expectativa, emoção e com a presença do único filho do poeta, Thiago Nunes. Ele, que ao final da sessão, se declarou  emocionando com o filme e revelou que a maioria das imagens estava assistindo pela primeira vez. 

O documentário traz histórias e imagens inéditas do poeta piauiense que este ano completa 45 anos de sua morte. Se estivesse vivo, Torquato - um dos idealizadores do movimento Tropicalismo - iria completar 73 anos em 9 de novembro. 

O filme tem 87 minutos e tem nas filmagens o único registro sonoro de sua fala feito por um radialista gaúcho, trecho raro localizado durante a realização do filme. Somam-se a esses materiais diversos textos, cartas e poemas de sua autoria, pela voz de Jesuíta Barbosa.

O filme conta a obra, a carreira e a vida do poeta Torquato Pereira de Araújo, neto, desde o seu início quando ainda morava em Teresina, sua cidade natal até o seu trágico final, quando Torquato acabou por tirar sua própria vida, aos 28 anos de idade.

Há depoimentos de artistas que conviveram com Torquato como Caetano Veloso, Gilberto Gil, Jards Macalé, Tom Zé e outros. Uma das poucas pessoas que a produção do filme não conseguiu incluir fala no documentário foi o da mulher de Torquato, Ana Duarte, que mesmo viva concedeu poucas entrevistas.

Ana Duarte morreu em 10 de abril de 2016 aos 71 anos vítima da síndrome de Guillain Barré. 

Emoção do filho

Thiago Nunes, filho de Torquato Neto, assistiu a première no 19º Festival do Rio e viu pela primeira vez imagens do pai junto com a mãe. 

"Imagine o filho único que não conheceu o pai, perdi meu pai aos 2 anos de idade e ver 1h30 essa obra de arte", disse Thiago que é piloto de avião. 

Segundo ele, a maioria das imagens exibida no filme não tinha  conhecimento, principalmente de cenas do pai com a mãe . "Achei emocionante, ainda estou digerindo o filme".

Ao falar na abertura do festival, o diretor Marcus Fernando chamou equipe no palco e agradeceu as pessoas que liberaram o acervo pessoal como a viúva do poeta, o primo de Torquato, o publicitário George Mendes e agradeceu também o secretário Estadual de Cultura, Fábio Novo, pelo apoio e ajuda financeira.  

 

"Agradecemos os tropicalistas de ontem, de hoje e o de sempre".

Marcus Fernando revelou que a ideia do documentário surgiu em uma conversa de bar com poeta Salgado Maranhão.

"É jogar uma luz sobre a obra de Torquato, essa figura um tanto quanto obscura, que as pessoas conhecem nas ruas, e sabem que são dele, mas conhecem pouco a poesia e obra jornalística. A gente tentou e espero que tenha conseguido dar um painel da obra dele para que conheçam um pouco mais essa figura brilhante da cultura brasileira", disse Marcus Fernando.

Eduardo Ades que também produziu o filme falou quase que numa só voz com Marcus Fernando que o documentário "vem desafinar o coro dos contentes", lembrando de uma poesia mais popular  "Let´s play that" feito por Torquato em parceria com Jards Macalé.

"Vivemos um momento estranho no País, obscurantismo avança a passos largos e acho que Torquato vem nesse momento estranho, e vem muito bem pra desafinar o coro dos contentes. A gente ainda tem poetas, tem artistas que não podem deixar ser calados, não podem deixar morrer e não podem deixar se matar, precisamos defender esses artistas, que são vocês, que somos todos nós. Quanto a isso Torquato tem muito a dizer e  destaco uma frase dele: 'o poeta que trai sua poesia é um  infeliz completo e morto, resista criatura", encerrou sob aplausos. 

O secretário Fábio Novo destacou que o filme resgata uma dívida do Piauí com o poeta.

"A gente está contribuindo porque o Piauí tem um débito muito grande com Torquato, o próprio filme coloca que Teresina o relegou, então, estamos devolvendo, digamos assim, esse compromisso que faltava com Torquato, nessa dívida. Estou feliz de como secretário ter participado e ter apoiado esse filme que ficou magnífico". 

No Piauí, Fábio Novo revelou que o filme será exibido no próximo mês em Floriano, no festival de Cinema, e em Teresina haverá uma sessão especial no dia 11 de dezembro no Teatro 4 de Setembro. O documentário antes de chegar ao Piauí será exibido também em festivais de São Paulo, Olinda e outras cidades.

Assista o trailer do documentário

 

Flash Yala Sena
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