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Mãe de aluno morto em colégio diz que pretende guardar tudo do filho: 'Como se fosse voltar'

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João Vitor Gomes exibe medalhas conquistas na escola (Foto: Arquivo pessoal/ Katiuscia Gomes Fernandes)

Mãe do estudante João Vitor Gomes, de 13 anos, que foi morto dentro do colégio em que estudava, a gestora de eventos Katiuscia Gomes Fernandes, de 40 anos, diz que pretende deixar tudo como o filho deixou em casa antes da tragédia em Goiânia. Além do filho dela, os tiros disparados por um colega de sala de 14 anos deixaram outro colega morto e quatro feridos.

“Por enquanto, eu quero tudo como está, como se ele fosse voltar, como se ele fosse chegar", disse, emocionada, em entrevista exclusiva ao G1 e à TV Anhanguera.

Katiuscia contou que a voz do filho, registrada em vídeos, é a principal lembrança que guardará. A caixa de medalhas conquistadas por ele também é especial para a mãe de João Vitor.

“Já estou com saudade. A gente conversava muito. A principal lembrança é a voz dele. Graças a Deus, eu tenho vídeo dele. Ontem eu pensei: ‘Meu Deus, nunca mais vou ouvir a voz do meu filho’. Mas, graças a Deus tenho vídeos. Tenho muita foto maravilhosa. Eu abri a caixinha de medalhas dele hoje e tem tanta medalha lá dentro de simulado", relata.


Pais de João Vitor se emocionam ao falar sobre o filho (Foto: Paula Resende/G1

Filho exemplar

Katiuscia e o marido, o analista de sistemas Fabiano Moreira Fernandes, de 43 anos, contam que João Vitor se dedicava muito a tudo que fazia. Neste ano, por exemplo, tinha tirado as melhores notas da turma do 8º ano do Ensino Fundamental em todos os simulados e se preparava para as Olimpíadas de Matemática.

“Era um filho obediente, muito estudioso, sério para aquilo que era para ser sério, como na escola e na catequese, mas muito brincalhão em casa, participativo, muito perfeccionista, humilde e sensível ", disse a mãe.

O pai do adolescente conta que o filho era querido por todos os que o conheciam. Ele era a referência do irmão, de 11 anos.

"Ele era sem defeitos, além de filho, um grande amigo", afirmou o pai, emocionado.


João Vitor Gomes foi o primeiro colocado da sala nos simulados do colégio neste ano (Foto: Arquivo pessoal/ Katiuscia Gomes Fernandes)

Amigo do atirador

De acordo com os pais de João Vitor, o filho e o atirador estudavam há pelo menos quatro anos juntos. Eles eram amigos na escola e faziam trabalhos juntos, mas não frequentavam a casa um do outro.

"O João me falava que eles jogavam RPG [jogo de interpretação de papéis] juntos no recreio. Eles também estavam fazendo um projeto da escola juntos. O João me falava que ele era engraçado", detalhou a mãe.

O casal afirma que os pais do atirador também são responsáveis pelo que aconteceu na escola, pois o adolescente tinha acesso a armas e sabia atirar. A mãe e o pai do menino que abriu fogo em sala são policiais militares.

"Não é revolta, é indignação. Os pais são tão ou mais culpados do que ele. A situação foi propícia, tinha uma arma ao alcance dele, ele sabia manusear a arma, não matou meu filho sozinho", opina a mãe de João Vitor.

O G1 entrou em contato com a defesa da família do atirador após a declaração, mas não obteve retorno. Anteriormente, a advogada Rosângela Magalhães havia dito que o menino está arrependido e abalado, assim como os pais dele.


Mãe de João Vitor chora ao enterrar o corpo do filho (Foto: Danila Bernardes/ TV Anhanguera
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Atentado

O crime aconteceu na manhã de sexta-feira (20) em uma sala de aula do 8º ano do Colégio Goyases, no Conjunto Riviera, em Goiânia. Os disparos aconteceram entre duas aulas.

Segundo o delegado Luiz Gonzaga Júnior, responsável pelo caso, o autor dos disparos disse que sofria bullying de um colega e, inspirado em massacres como o de Columbine, nos Estados Unidos, e de Realengo, no Rio de Janeiro, decidiu cometer o crime. Filho de policiais militares, ele pegou a pistola .40 da mãe e a levou para a unidade educacional dentro da mochila.

Além de João Vitor, os tiros causaram a morte de João Pedro Calembo, também de 13 anos, e deixaram outros quatros colegas baleados. Um deles, Hyago Marques, recebeu alta no domingo (23) e já se recupera em casa. Os outros três continuam internados.

O menor está apreendido apreendido na Delegacia de Polícia de Apuração de Atos Infracionais (Depai). A Justiça acatou pedido do MP e determinou a internação provisória dele por 45 dias.

 

Fonte: G1

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