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Séries atuais são usadas por professores para ensinar disciplinas

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Atenção, contém spoilers. O alerta é usado por alguns dos professores durante as aulas do ProEnem Pop, projeto da empresa especializada em ensino à distância, em que conteúdos do Enem são abordados a partir de análises de séries consagradas. As aulas gratuitas, no YouTube, são um motivo a mais para os fãs de “Game of thrones”, “Black mirror”, “Narcos”e “13 reasons why” se empenharem nos estudos. Além de criarem uma atmosfera que facilita o aprendizado, os professores tecem comentários capazes de gerar pensamentos críticos e argumentos que podem ser úteis principalmente na redação.

A ideia é extrair das séries o que puder ajudar os estudantes na hora da prova. O professor de história Otto Barreto faz uma comparação entre o mapa de Westeros, criado pelo inglês R.R Martin, e que tem dois reinos separados por um canal; e o mapa da Europa, mais especificamente a Normandia, a Grã-Bretanha e o Canal da Mancha.

Ele fala do fim da pré-História fazendo um paralelo com as crianças da floresta; do início da Idade do Ferro, com o desenvolvimento de relações comerciais e dos primeiros símbolos, que na série podem ser vistos como as casas e a formação dos sete reinos; e de migrações. A grande muralha, que protege os homens dos caminhantes brancos, é comparada à Muralha de Adriano, construída pelos romanos para combater os bárbaros e que existe até hoje na Grã-Bretanha.

Segundo Barreto, os selvagens, que viviam além da muralha em “Game of thrones” seriam os povos bárbaros.

— Não é fácil essa brincadeira de ir do fantástico para o real, mas existem referências da série à História. Em alguns momentos aparecem pinturas rupestres em cavernas, e é uma boa oportunidade para falar de História e tradição. Quando os fatos não são registrados, a base é a memória, algo que também aparece na série — explica.


Leandro Almeida usa “Narcos” para falar de territorialização - Júlia Amin

Já o professor de sociologia e filosofia Leandro Vieira se debruça sobre duas séries. Com mais de 27 mil visualizações, a aula “13 reasons why” é a mais vista do canal. Em pouco mais de sete minutos, ele explica, através da cena principal, em que a protagonista se mata, os três tipos de suicídio propostos por Émile Durkheim e por que esta é uma questão social.

Vieira também analisa episódios de “Black mirror”, da Netflix. E usa o episódio “Nosedive” para explicar o conceito de Modernidade Líquida de Zygmunt Bauman. Na trama, a protagonista está menos preocupada em estreitar seus relacionamentos reais do em que receber avaliações positivas nas redes sociais.

— Sempre tem um filósofo ou um sociólogo para falar das coisas — brinca Vieira. — Essa é uma forma de aproximar o conteúdo da realidade do aluno. Os autores que cito podem cair no Enem, e dão bom argumento na redação.


Professor Otto ensina História a partir de Game of Thrones - Júlia Amin

E o que Medellín tem a ver com o Rio? As características da cidade colombiana, palco da primeira temporada de “Narcos”, são exploradas pelo professor Leandro Almeida. Assim como o Rio tem seus morros e favelas, Medellín é cercada de montanhas, e foi nesta área que a população mais pobre se instalou. Lá, também, a topografia irregular tornou ainda mais difícil o combate ao tráfico de drogas. Conceitos como território e territorialização também são apresentados.

— É um exercício de transposição didática difícil, mas interessante. No segundo vídeo vou falar de cartel e diferenciá-lo de truste, holding e dumping — conta Almeida.

O ProEnen Pop pretende, ainda, lançar uma aula de química a partir de “Breaking bad” e uma sobre Maquiavel, a partir de “Star wars”.

 

Fonte: O Globo

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