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"Ciúme é uma construção machista para ocultar o feminicídio", alerta delegada

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A delegada Eugênia Villa, subsecretária de Segurança Pública, alerta que o ciúme virou um argumento de construção machista para ocultar o crime de feminicídio. 

Eugênia Villa levanta o debate após a morte da estudante Camilla Abreu, 21 anos, que foi assassinada pelo policial militar Alisson Watson, que confessou o crime.  

Para a delegada, os acusados de violência contra a mulher sempre alegam  ciúmes. Segundo ela, é um pensamento dogmático sob o ponto de vista jurídico de 68 anos quando não existia a qualificadora do feminicídio. 

"E o que é o ciúmes, se não demonstração de dominação? Ciúme é uma invenção. A dogmática jurídica já tem 68 anos dizendo isso e repetindo. ciúme agora é a condição do sexo feminino. Ciúme não existe é uma construção machista, é uma construção que veio lá da legitima defesa da honra. Nós não vamos aceitar isso. Nós queremos a qualificadora do feminicídio. Nós não queremos a qualificadora do motivo fútil expresso pelo ciúme". 

Segundo a delegada, no feminicídio há um excesso que uma das maiores especialistas do feminicídio Rita Laura Segato, tanto debate. Ela garante que o crime de Camilla Abreu é feminicídio e o Núcleo está ajudando nas investigações. 

"O termômetro é o excesso. Foi jogar a estudante no lixo. Você pode até dizer: não delegada, era pelo mau cheiro do corpo. Era namorada dele, ele jogou fora uma coisa, como ele jogou fora o banco do carro, jogou fora tudo. Reificou a menina. Isso é simbólico do feminicídio". 

Agredir na face

Segundo a delegada, o homem sempre ataca o rosto da mulher e argumenta: "Porque é onde a mulher sorrir, a beleza da mulher, onde ela se maqueia. É quando a gente expressa alegria, tristeza, sedução. Onde a mulher vive. Eles sempre atacam o rosto. Outro indício de feminicídio". 

O feminicídio se configura quando é comprovada as causas do assassinato, devendo este ser exclusivamente por questões de gênero, ou seja, quando uma mulher é morta simplesmente por ser mulher. É um crime hediondo. 

Eugênia esclarece que o Piauí é um dos Estados com maior número de crime por feminicídio, devido ao Núcleo criado no Estado para identificar e pesquisar os assassinatos de mulheres. O Núcleo de Feminicídio do Piauí tem ganhado prêmio e sendo referência para outros Estados.  Eugênia Villa é professora, delegada e tem colocado a questão de gênero no centro da ação policial. Ela é uma das fundadoras do Núcleo de Feminicídio no Piauí e tem incentivado a criação de aplicativos como "Salve Maria" e outros mecanismos em defesa dos direitos da mulher.  

 

Flash Yala Sena
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