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Arte que imita a vida: bebês reborns chegam ao PI e encantam adultos

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Aquela ideia de que bonecas são coisa de criança ficou no passado. Com a onda dos bebês reborns, os adultos têm realizado o sonho de consumo de ter uma boneca, mas com um importante diferencial: elas são tão parecidas com os bebês reais, que chegam a confundir quem vê. Essa é a melhor parte da "brincadeira" - é a arte imitando a vida e abrindo uma nova porta no mercado do artesanato. 

Produzir bonecos ou bonecas parecidos com a realidade não é tarefa fácil. São usados materiais de alta qualidade, muitas vezes importados, e alguns materiais humanos, como os cabelos. Pela quantidade de detalhes a serem incorporados, o trabalho não se dá em escala industrial. Cada exemplar é produzido individualmente nas mãos de artesãos, sob encomenda, em processos que chegam a durar meses!

Pela dificuldade desse tipo de arte, o Brasil tem poucos produtores de bebês reborns, mas o Piauí já tem a sua primeira artesã no ramo. A servidora pública, Nádia Takeuchi Ayres, 32 anos, concilia seu trabalho no Tribunal de Contas do Estado (TCE) com essa paixão, que nasceu há pouco tempo, mas que já se consolidou em sua vida.

"Sempre trabalhei com artesanatos em geral e desde que a arte reborn surgiu no Brasil fiquei encantada e fui em busca de conhecer e pesquisar sobre isso. Comecei a me capacitar, até que me surgiu a ideia de trazer para o público piauiense a oportunidade de adquirir um bebê reborn que não fosse pela internet", conta a artesã.

O que é Reborn?
O termo reborn vem do Inglês e significa "renascido". Esse nome tem sua explicação nas origens do boneco: durante a segunda guerra mundial, era quase impossível encontrar brinquedos na Inglaterra, de modo que, para aliviar as tensões do momento, as mães procuravam "repaginar" as bonecas antigas que as crianças possuíam em casa. Hoje em dia, no entanto, as técnicas para a confecção dos brinquedos são bem mais sofisticadas.

 

Nádia começou a produção de reborns em agosto desse ano. Nos quatro primeiros meses, seis "bebês" foram vendidos. Para 2018, a meta é dobrar a produção, mas a artesã pensa com cautela sobre o assunto. "Tenho que ter uma meta condizente com a condição que tenho para entrega. Como o processo de produção desses bebês é totalmente artesanal e bem demorado, não posso me comprometer com muitos pedidos, porque o mais importante é a qualidade", explica.

Dois meses de produção

Lavagem do molde, várias camadas de tinta e várias idas ao forno - é assim que começa a produção de um bebê reborn. Depois, vem o enraizamento fio a fio dos cílios e cabelos, imagine o trabalho que dá essa fase! Logo após, são colocados os olhos e fixados os imãs internos na boca e na cabeça (que são essenciais para que se possa usar chupeta e enfeites). "Aí vamos aos detalhes, como o furo na orelha, no caso de meninas, e procedimentos como a colocação do peso nos membros e o enchimento do corpinho para a finalização da montagem do bebê. Depois disso, é só vesti-lo para entrega. Todas as etapas são prazerosas, mas vê-lo pronto e a mamãe o recebendo não tem preço", destaca a artesã.

Esse longo processo todo leva entre 30 e 60 dias. Entre os detalhes, além do furinho na orelha das meninas, também é colocada a marca da vacina no braço direito e sinais, de acordo com a preferência de quem fez a encomenda. Mas Nádia explica que ainda não é possível fazer um bebê reborn exatamente igual a um bebê real específico. 

"O molde já vem modelado, pois são esculpidos por artistas internacionais. Todos os moldes ou kits são importados. Alguns clientes até mandam fotos de como querem o bebê e pedem que tenha alguma semelhança, como sinais, manchinhas no mesmo lugar, etc. Isso é possível. Os clientes também escolhem se querem os olhos abertos ou fechados, corpinho de pano ou vinil siliconado, escolhem o sexo do bebê, o tamanho [que pode ser de prematuro, recém-nascido ou bebês maiores], cor dos olhos, cor do cabelo, etc", completa Nádia.

Tanto trabalho e qualidade tem um custo razoável. Os reborns valem a partir de R$ 2 mil e o preço final depende de vários fatores - desde o molde escolhido, até a quantidade de cabelo ou modelo do corpinho. E está enganado quem pensa que o preço inibe a venda. Nádia conta que não está sendo difícil encontrar público no Piauí e que a divulgação nas redes sociais tem ajudado muito nos negócios.

"A maior divulgação vem dos clientes, do boca a boca mesmo, mas tenho também o meu site e as redes sociais. Apesar de aceitar pedidos de todo o país, 80% da demanda é local", pontua a artesã, acrescentando que seu público é o mais variado possível. "Desde pais que querem presentear seus filhos, até adultos que admiram a arte. Na maioria das vezes não é para eternizar uma lembrança, como muita gente acredita, até porque dificilmente é possível conseguir moldes idênticos aos familiares", esclarece.

A conselheira Lílian Martins se presenteou com um bebê reborn neste final de ano para realizar um sonho de infância. Conforme postou em sua conta no Instagram, devido à pouca condição financeira dos pais, ela não tinha bonecas quando pequena. "Agora, resolvi me dar de presente uma linda boneca quase real, que se chama MARIA (nome da minha mãe e sugerido pelo Gabriel) que chegou/nasceu dia 10.12. 2017. Não adianta fazer ilações ou fantasiar sobre o assunto, simplesmente me apaixonei por esse tipo de bebê e senti que ficaria feliz se tivesse um. É tão linda, e ainda vem com enxovalzinho", diz o post. 

Em entrevista ao Cidadeverde.com, a conselheira acrescentou que seus dois netos não perdem a oportunidade de admirarem Maria. "Eles sempre vão falar com ela quando vão lá em casa. Eles a cumprimentam: 'Oi Malia, tudo bem?' Uma graça! Mas não deixo que a tomem no colo ainda. É realmente uma obra de arte que amei!", completa Lílian.

 

 

Não lembro de ter sido afeita a bonecas, aliás, brinquedos em casa eram raros, pelas condições financeiras dos meus pais, que só nos dava, o estritamente necessário. Lembro muito de jogar petecas, de subir em muros e árvores (pensava que poderia me abrir portas para ser trapezista, mas o que me rendeu foram fraturas)), andar em bicicleta dos outros, etc. Lembro aqui da minha irresponsabilidade adolescente, em andar (escondida) me equilibrando na mureta de proteção do mezanino do auditório do Liceu Piauiense, para espanto e admiração das colegas e delírio meu. Agora, resolvi me dar de presente uma linda boneca quase real, que se chama MARIA (nome da minha mãe e sugerido pelo Gabriel) que chegou/nasceu dia 10.12. 2017. A Rafinha até hoje não entendeu se é de verdade. O Biel já entendeu, mas perguntou se vai ter uma hora que ela vai ficar viva, rsrsrsrs. Não adianta fazer ilações ou fantasiar sobre o assunto, simplesmente me apaixonei por esse tipo de bebê e sentí que ficaria feliz se tivesse um, só isso. É tão linda, e ainda vem com enxovalzinho, hahaha!! #arterebornemteresina #bebereborn

Uma publicação compartilhada por Lilian Martins #Piaui #Brasil (@_lilian_martins) em

 

 

A chegada do bebê

A proximidade com o real também inclui os acessórios. Cada bebê reborn é entregue aos pais com um moisés (com almofada e travesseiro) e uma bolsa exatamente igual às usadas pelos bebês reais. "Nessa bolsa eu colocou uma roupinha extra [além da que o bebê está vestindo], uma manta ou cobertor, fraldas descartáveis, meia, sapatinho, mamadeira com leite falso ou chá [o bico é selado para não derramar], perfume, condicionador, chupeta com imã, prendedor de chupeta, fraldinha de boca, escova e pente, brinco, pulseira, enfeite de cabelo com irmã, faixa de cabelo, manual de cuidados, certidão de nascimento e certidão de autenticidade", lista Nádia.

E como a arte imita tão bem a vida e para que a brincadeira seja verdadeiramente prazerosa, os cuidados devem ser semelhantes aos de um bebê de verdade, até para evitar danificar o material. "Pegar sempre com as mãos limpas, não deixá-lo exposto ao sol ou calor excessivo, não passar produtos que contenham álcool, não deixar cair no chão e não apertar a cabeça para não deslocar os imãs internos são alguns dos cuidados essenciais. Mas é preciso ler com cuidado o manual para manter o bebê sempre novinho e bonito", finaliza a artesã.

Jordana Cury
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