Cidadeverde.com

Estreante na F-1, Miami ganha status de GP de Mônaco e gera crise

Imprimir

JULIANNE CERASOLI
LONDRES, REINO UNIDO (UOL/FOLHAPRESS)

A entrada de Miami no campeonato da Fórmula 1 ainda não está confirmada, mas já está dando o que falar. Isso porque a prova nas ruas da cidade norte-americana, que tem tudo para estrear já no ano que vem, terá uma regalia que era exclusividade do tradicional GP de Mônaco: não pagará a taxa milionária que a categoria cobra apenas pelo direito de ter uma corrida.

A exceção é feita a Mônaco por seu valor histórico -a prova é realizada desde o início da disputa do campeonato da F-1, em 1950- e também pelo valor agregado que a prova traz para a categoria.

Mas a história para todos os demais é bem diferente: ainda que os números não sejam divulgados oficialmente, calcula-se que a média seja de 30 milhões de dólares por prova, quantia que varia muito de acordo com as negociações feitas com o ex-chefão da F-1 Bernie Ecclestone.

Enquanto provas mais novas no calendário, como Azerbaijão e Rússia, puxam a conta para cima, pagando perto de 60 milhões de dólares por ano para receber a Fórmula 1, as etapas europeias desembolsam pouco mais de 20.

Mas nem os "caçulas" do calendário, nem os europeus estão contentes com essa concessão aberta a Miami, que acabou se tornando a única solução mais imediata para o grupo Liberty Media, que assumiu de Ecclestone o controle da categoria ano passado, de adicionar uma segunda prova nos Estados Unidos, ao lado de Austin.

No último final de semana, o promotor do GP do Azerbaijão, Arif Rahimov, esteve em Monte Carlo durante a disputa da sexta etapa do campeonato a fim de renegociar seu contrato, que inicialmente prevê a realização de cinco provas começando em 2016, com a renovação automática por mais cinco. O promotor avisou, contudo, que pode quebrar o contrato caso a taxa não seja diminuída.

"Não ativamos a quebra de contrato, mas estamos negociando a segunda parte dele. Queremos pelo menos nos aproximar do valor pago pelas outras corridas realizadas fora da Europa. E também queremos uma abordagem bilateral que torne a prova viável para nós."

EUROPEUS AMEAÇAM SAIR
É o mesmo que pedem os organizadores do GP da Alemanha, em Hockenheim, e de Silverstone, na Inglaterra. Mesmo pagando menos, os europeus sofrem com a falta de incentivo governamental e vêm enfrentando prejuízos sucessivos, uma vez que só têm a venda de ingressos como fonte de renda para pagar as taxas milionárias, pois a F-1 fica com o restante dos lucros.

"Nós queremos manter o GP, mas não com o risco atual", disse Jorn Teske, promotor alemão. "Acho que precisamos reestruturar o modelo de negócio. O mais fácil seria a F-1 alugar a pista, mas também poderíamos dividir os lucros dos ingressos e também os custos. Com o risco atual é inviável para nós."

O contrato atual da Alemanha termina neste ano, mesmo acontecendo com a Inglaterra, que também tinha uma cláusula que permitia a quebra de contrato a partir de 2019 e ativou ano passado. Pelo atual cenário, não dá GP da Inglaterra ano que vem caso o atual modelo não seja renegociado.

Além destes dois grandes contratos, a concessão dada a Miami interfere em todas as demais renegociações que estão feitas no momento: outros sete circuitos, incluindo o Brasil, têm acordos válidos até 2020.

É fácil entender como essa discussão pode impactar no futuro da categoria: o lucro total anual atual está na casa de 1,38 bilhão de dólares, com as taxas pagas pelos promotores respondendo por mais de 600 milhões desse montante.

Você pode receber direto no seu WhatsApp as principais notícias do CidadeVerde.com
Siga nas redes sociais