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Médico que acabou com vômitos de Messi admite sufoco para veto a carne

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ALEX SABINO
NIJNI NOVGOROD, RÚSSIA (FOLHAPRESS)

Na cidade de Sacile (458 km de Roma), Giuliano Poser, 60, corre 20 km todos os finais de semanas pela região montanhosa de Friulli, no norte da Itália, onde mora. Questão de coerência. Alguém que fala todos os dias como os outros devem se comportar para serem saudáveis não pode ficar gordo.

No mês passado, um carro parou em frente ao consultório do nutricionista e especialista em cinesiologia, no município de 20 mil pessoas.

Lionel Messi desceu do veículo e foi ao encontro ao profissional de saúde do qual é paciente desde 2014. "Ele teve consciência de que com o passar do tempo ficaria cada vez mais difícil se manter no mesmo nível físico que tinha antes. Ele estava disposto a fazer alguns sacrifícios para se manter no topo", disse o médico.

Foi a última visita de Messi antes da Copa do Mundo que ele mesmo reconhece ser talvez a última de sua carreira. Poser não gosta muito de falar sobre o que conversa com os pacientes. Questão de confidencialidade e confiança.

São quase quatro anos que o jogador segue um regime alimentar determinado pelo especialista. Desenhado para maximizar a força muscular e evitar lesões, teve um benefício extra: acabou com os vômitos de Messi antes ou durante as partidas.

Poser pediu para ele comer apenas vegetais livres de fertilizantes, frutas e verduras da estação, frutas secas, azeite de oliva extravirgem, variedade de cereais e peixe fresco.

 A "negociação" mais difícil foi a quantidade da carne vermelha. "Não há como pedir para um argentino que passou a vida inteira se alimentando de carne diariamente abdicar dela. Mas era possível diminuir para um nível condizente com um atleta de alto nível."

Messi procurou Poser pela primeira vez após conselho do zagueiro argentino Martin Demichelis, que também já foi paciente. Na primeira consulta, explicou ao atacante argentino que o corpo de um atleta, a partir dos 25 anos, começa a acumular toxinas e seria necessário tomar maior cuidado com a alimentação.

Ele parou de ir ao restaurante perto de sua casa em Barcelona, onde pedia sempre o mesmo prato: tiras de churrasco.

Nutricionista há mais de 30 anos, Poser já trabalhou no Palermo e Udinese e teve também outros jogadores de futebol como pacientes. Também atendeu ao ciclista Davide Rebellin, que testou positivo no exame antidoping nos Jogos Olímpicos de Pequim, em 2008. O nutricionista descarta ter qualquer conhecimento sobre substâncias proibidas usadas pelo atleta. 

Ele é adepto da cinesiologia, que analisa os movimentos do corpo humano e tenta extrair o máximo de potência de cada músculo. Messi precisa disso para jogar a Copa, torneio que acontece após uma temporada desgastante pelo Barcelona, porque não bastassem os compromissos esportivos, há os comerciais.

Depois que a notícia de que estava atendendo Messi se espalhou, Poser teve de recusar a maioria de pedidos de consultas. Não teria tempo para atender a todos. "A prioridade dele [Lionel] é fazer o que for possível para continuar no topo do futebol e é algo comum quando você atende atletas de ponta. Ele não tem nada de estrela, é um rapaz muito humilde dentro daquela timidez toda", finaliza.

Se em 15 de julho, em Moscou, Lionel Messi levantar a taça da Copa do Mundo, os quilos de churrasco que deixou de consumir nos últimos quatro anos terão valido a pena.

 

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