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Artigo retrata a intensa atividade criativa do Balé da Cidade nos seus 25 anos

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Foto: Tássia Araújo

A poetisa Marleide Lins escreveu um artigo e o Cidadeverde.com reproduz resgatando a produção cultural do Balé da Cidade nos seus 25 anos de história. Nesta quinta-feira (28), a companhia de dança fará uma apresentação a partir das 19h30 no Clube dos Diários dentro da programação de aniversário. 

 

Na íntegra o artigo: 

Balé da Cidade de Teresina – 25 anos

“Estamos sempre em construção”

O corpo é um mapa cultural

Massimo Canevacci

Desde os primevos a dança se apresenta como expressiva forma de comunicação. Os seus movimentos acompanham a evolução da humanidade nessa travessia histórica que desemboca no mundo contemporâneo. Em todos os tempos, a linguagem corporal teve imensurável importância no desenvolvimento, social e cognitivo, do indivíduo e da coletividade. Discorrer sobre a trajetória do Balé da Cidade de Teresina, fundado em 30 de junho de 1993, considerando os fatores socioculturais, necessitaria de uma pesquisa mais aprofundada para apresentar seus relevantes protagonistas, suas experiências, e os impactos desta companhia para a cultura local. No entanto, tendo como base alguns depoimentos, afirmamos que é perceptível a formação e a transformação cultural e humana dos jovens que tiveram oportunidade de vivenciar os seus dias de juventude e maturidade, nessa companhia.

Em 2018, o Balé da Cidade de Teresina completa 25 anos em intensa atividade criativa. Durante um quarto de século se tornara referência para a dança produzida no estado do Piauí. Entre espelhos, suando camisas, desgastando sapatilhas, nos incansáveis ensaios e nos vários festivais nacionais e internacionais, onde conquistaram mais de 40 prêmios, seus bailarinos foram formatando o seu perfil estético contemporâneo.

Muitos passaram e semearam no linóleo e nas jovens mentes, as suas sementes, Sidh Ribeiro, João Brito, Luzia Amélia, Roberto Freitas, Carla Fonseca, Nazilene Barbosa, Fernando Freitas, entre outros. Antoniel Ribeiro, como produtor cultural, foi um nome que muito contribuiu para maior difusão da companhia. Segundo a diretora Francisca Silva, “uns ainda continuam na companhia, em constante semeadura e colheita. Outros que por aqui plantaram, hoje, em outros campos semeiam”. E assim se fomenta uma realidade por meio da dança. “O momento é de brotar e de colher”, ressalta.

O Balé da Cidade de Teresina é um núcleo, um eixo que expande seus raios. “É uma satisfação ver a dança pulsar em outros eixos, surgidos a partir da nossa vivência, em todos os cantos, bairros, periferias, não apenas nas companhias já conhecidas, independentes e/ou oficiais”, diz Francisca. Inspirada neste clima receptivo que permeia todo o mapa da cidade e com intuito de descentralizar esse segmento de arte, a direção, em sintonia com o elenco, definiu um cronograma de apresentações que viabiliza o acesso pleno a esse bem cultural. Desta forma, o Balé pretende fechar um ciclo e iniciar uma nova era, desde a sua postura artística, como também, na própria mudança da sua imagem gráfica. Criou-se, assim, outra assinatura visual, uma logomarca que contempla, simbolicamente, o avanço dessa positiva trajetória.

A programação comemorativa, já em execução desde o início do ano, além do valoroso projeto “Com o 6ª às 6”, realizado na Casa da Cultura, que visa “diluir o distanciamento que existe entre o público e o artista”, apresenta espetáculos em vários espaços. O objetivo é atingir um público heterogêneo, no Theatro 4 de Setembro, Teatro do Boi, Teatro João Paulo, Casa da Cultura, Teresina Shopping, Clube dos Diários, Parque da Cidadania, entre outros.

O Balé, em comemoração aos 25 anos, rememora as montagens mais importantes dos últimos anos, “Cirandar”, “Nar Brenha”, “Grave Grog”, “Enamorados” e “Só não falamos a mesma língua”. A temporada teve início no Teatro do Boi, com o espetáculo assinado por Nazilene Barbosa, “Só não falamos a mesma língua”, sobre o prisma da alteridade, “a reflexão e ponto de partida é a relação com o outro”. Em abril e maio teve a estreia de “AbsoLUTAS”, de Samuel Alvis, que versa sobre preconceitos, misoginia e homofobia, “Todo corpo é político e dançar é resistir”. O referido coreógrafo também assina o espetáculo “Grave Grog”, que fora selecionado para o projeto “Amazônia das artes – SESC”. Além das apresentações que acontecerão ao longo do ano, está prevista uma exposição multimídia e um documentário em audiovisual.

O conceito e essência da atual gestão do Balé da Cidade de Teresina, dirigido por Francisca Silva, com coordenação artística de Janaína Lobo, é trabalhar a dança contemporânea, como atitude permanente de criação, transformação e resistência. “Estamos sempre em construção. Na programação de 25 anos muitas surpresas acontecerão”. O Balé é uma companhia institucional mantida pela Prefeitura Municipal. A diretora revela que “os bailarinos são funcionários municipais com carteiras assinadas. Esse fator, para nós, é uma felicidade. Atualmente, nesse período de crise, algumas companhias estão tendo dificuldades para manter-se em funcionamento pleno”.

Com solidez logística, organização e criatividade, elementos marcantes no Balé da Cidade de Teresina, a dança contemporânea encontra o seu terreno fértil de transmutação e beleza. O seu habitat está no não limite, na extrema liberdade de expressão.

Marleide Lins

 

Da Redação
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