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Rússia busca a semifinal com time caseiro e com rara influência externa

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Mikhail Shapaev/Organização pública russa/RFS.RU

FÁBIO ALEIXO
SOCHI, RÚSSIA (FOLHAPRESS)

Maior surpresa da Copa até as quartas de final, na qual enfrenta a Croácia às 15h deste sábado (7), em Sochi, a Rússia é uma seleção estritamente caseira e com pouca ou quase nula influência do exterior em seu estilo de jogo.

Dos 23 atletas que compõem a equipe, somente dois atuam fora do país. Houve um avanço em relação ao torneio de 2014, quando todos os convocados estavam no futebol russo.

Um deles é o destaque do time e autor de três gols, o meia-atacante Denis Tcherishev, do Villarreal (ESP). O outro é o terceiro goleiro Vladimir Gabulov, do Brugge (BEL).

A base é composta pelos três mais importantes e ricos clubes do país: CSKA Moscou e Zenit (cinco jogadores cada) e Spartak Moscou (três).

Há ainda dois representantes do atual campeão Lokomotiv Moscou, dois do Krasondar, dois do Rubin Kazan, um do Akhmat Grozni e um do Arsenal Tula. O número considera onde atuaram na última temporada.

Entre os que estão atualmente no futebol russo, apenas um já atuou em uma liga de ponta na Europa, o lateral-esquerdo Iuri Jirkov, 34. Ele defendeu o Chelsea de 2009 a 2011. Hoje, está no Zenit.

A falta de rodagem já foi apontada por jornalistas e ex-jogadores como um dos fatores para a dificuldade da Rússia evoluir com resultados no cenário internacional.

"O mais importante não é onde você joga, mas em que nível você joga. Nosso time está funcionando. Jogar numa liga no exterior nem sempre é tão vantajoso. Já tivemos isso em outros torneios e não vencemos. Claro que para o jogado pode ser algo extra, mas é o que temos", afirmou o técnico Stanislav Tchertchesov.

"Não vejo nenhum problema nisso. As equipes russas disputam Liga dos Campeões, Liga Europa", completa o lateral-direito Mário Fernandes.

Desde o fim da União Soviética, em 1991, esta foi a segunda vez que a seleção passou da fase de grupos. A outra foi na Eurocopa de 2008, quando acabou no quarto lugar.

Já em relação aos clubes, o título mais expressivo desde o fim do comunismo foi o da Copa da Uefa pelo CSKA Moscou, em 2005. Na Liga dos Campeões jamais teve um finalista.

Atualmente, o Campeonato Russo é na Europa o sétimo em termos de valor de mercado de acordo com o site especializado em transferências Transfermarkt. É avaliado em 751 milhões de euros (R$ 3,4 bilhões), bem distante do Campeonato Inglês, o mais rico do continente com valor de 7,5 bilhões de euros (R$ 34,6 bilhões). Isso ajuda a explicar porque a Inglaterra tem todo seu time da Copa atuando em seu torneio.

A liga croata, por exemplo, vale 154 milhões de euros (R$ 711 milhões). Porém a seleção rival da Rússia por vaga na semifinal tem a maioria dos atletas no exterior. Os mais emblemáticos são Luka Modric (Real Madrid), Ivan Rakitic (Barcelona) e Mario Mandzukic (Juventus).

Em que pese ser disputado no maior país do mundo, dividido em dois continentes, o Campeonato Russo terá na temporada 2018/2019 apenas 2 dos 16 times na parte asiática, o Ural de Iekaterinburgo e o Ienisei, de Krasnoiarsk.

Farta em dinheiro no início da década de 2010, quando o rublo estava em alta diante do dólar e a exportação de petróleo a todo vapor, a liga russa vê times em dificuldades financeiras no momento.

Só no último mês, duas agremiações fecharam as portas por falta de recursos: o Amkar Perm, que esteve na primeira divisão de 2004 a 2018, e o Tosno, fundado em 2015 e que só jogou na elite na temporada 2017/2018.

Diferentemente também das grandes ligas europeias, a russa tem exibição televisiva restrita pelo mundo. No Brasil nenhuma emissora tem os direitos atualmente. No passado, a ESPN chegou a transmitir alguns jogos, principalmente na época em que o atacante Hulk defendia o Zenit.

"Eu penso que a Copa do Mundo e nossa campanha podem ajudar a chamar uma grande atenção para o nosso futebol e fazer com que as pessoas o conheçam mais e aprendam sobre ele", disse o meio-campista Aleksander Samedov, do Spartak Moscou.

RÚSSIA
Akinfeev; Mario Fernandes, Kutepov, Ignashevich, Kudryashov; Zobnin, Kuzyaev, Samedov, Golovin, Cheryshev; Dzyuba. T.: Stanislav Cherchesov
CROÁCIA
Subasic; Vrsaljko, Lovren, Vida, Strinic; Rakitic, Brozovic, Rebic, Modric, Perisic; Mandzukic. T.: Zlatko Dalic
Local: Estádio Olímpico Fisht, em Sochi
Horário: 15h deste sábado
Juiz: Sandro Meira Ricci (BRA)

 

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