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Árbitro da final da Copa de 2006 não viu cabeçada de Zidane em Materazzi

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SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS)

Em 9 de julho de 2006, Itália e França se enfrentaram no Estádio Olímpico de Berlim pela final da Copa do Mundo daquele ano, na Alemanha. Terminado o segundo tempo, as duas equipes empatavam por 1 a 1, levando a decisão para a prorrogação. Então, aos 5 min do segundo tempo extra, Zinedine Zidane subitamente se virou e acertou uma cabeçada no peito de Marco Materazzi -curiosamente, os autores dos gols da partida até então.

O árbitro argentino Horacio Elizondo demorou alguns instantes, mas correu na direção da dupla e levantou o cartão vermelho para o camisa 10 francês. Como o empate no placar persistiu, o título foi decidido nos pênaltis. Sem Zidane, a França perdeu por 5 a 3 e viu a Itália ser tetracampeã.

O árbitro guardou silêncio sobre aquele lance por sete anos, mas finalmente falou a respeito em 2013. Durante uma palestra na Universidade Católica da Argentina, disse que foi alertado pelo quarto árbitro, o espanhol Luis Medina Cantalejo, a respeito do golpe de Zidane.

"Eu seguia a ação da bola. Estava a uns 40 metros da jogada quando, pelo intercomunicador, me avisaram o que aconteceu. Giro e vejo Materazzi no chão. Então, escuto o quatro árbitro, que me diz: 'Tremenda cabeçada do 10 branco no 23 azul! Tremenda cabeçada do 10 branco no 23 azul!'", relembrou na ocasião Elizondo, que, segundo o jornal La Nación, tinha entre os presentes da palestra o agora ex-jogador David Trezeguet. Reserva em 2006, Trezeguet foi a campo na final durante a prorrogação como substituto de Franck Ribéry; em 2013, o francês atuava no futebol argentino.

"Diante desta situação, e como não havia visto absolutamente nada, pergunto pelo intercomunicador a meus assistentes (os também argentinos Darío García e Rodolfo Otero), que me dizem que também não haviam visto nada. Eu intuía que algo havia acontecido, porque Materazzi se contorcia de dor; Zidane se passava por distraído, afastado do local, e os jogadores italianos estavam loucos. O mais nervoso era (o goleiro Gianluigi) Buffon, que olhava para García, o árbitro assistente que estava mais perto da jogada, como que recriminando a ele por não ter visto nada", disse Elizondo, indo além justificando os 90 segundos de paralisação no momento.

"Eu já tinha tomada a decisão de expulsar Zidane, mas atuei. Exagerei meus gestos, deixei que passasse o tempo e improvisei, como se fosse para que os olhos dos assistentes e dos milhões de telespectadores acreditassem que o expulsei a pedido de meus assistentes. No meio da confusão, Darío se aproximou de mim e, ainda que ele tivesse me dito que não havia visto nada, faço de conta que eu pergunto algo e ele me responde. Volto e o faço (a expulsão). Porque pensei que todo mundo -os jogadores e o público- iam entender que primeiro consultei meu assistente", completou.

Hoje encarregado da Direção de Arbitragem Nacional do futebol argentino, Elizondo voltou a detalhar a história à revista britânica The Blizzard.

Curiosamente, segundo lembra o jornal La Nación, o regulamento da Fifa afirma que o quarto árbitro não deve ter ingerência neste tipo de decisão. Em entrevista recente à publicação argentina, o próprio Elizondo confessou não ter voltado a ver aquela partida, e defendeu a adoção do VAR usando como exemplo a final de 2006.

Elizondo foi o primeiro argentino a apitar uma final de Copa do Mundo. O segundo atuará justamente em 2018: neste domingo, às 12h (horário de Brasília), Néstor Pitana estará a cargo de França x Croácia.

 

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