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Varane, o "chefe", se torna capitão informal da França na Copa-2018

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MARCEL RIZZO
MOSCOU, RÚSSIA (UOL/FOLHAPRESS)

O goleiro Hugo Lloris é o capitão oficial da França, e quem deve levantar a taça caso os franceses vençam a Croácia neste domingo (15), na final da Copa do Mundo da Rússia. Mas é provável que ao seu lado esteja Raphael Varane, o zagueiro que é o capitão de fato deste elenco.

Para o grupo, Varane é o "chefe". Se tornou líder dentro do vestiário, é um dos caras que mais fala quando estão naquela tradicional rodinha na preparação final para entrar no gramado, e foi escalado até para definir com os cartolas quanto cada atleta ganharia de premiação no Mundial. Tudo isso com apenas 25 anos.

"Ele fala no vestiário. Tem experiência. Joga num grande clube, com grandes jogadores. É muito jovem, mas não parece. Parece que está há 20 anos no futebol. É uma estrela, um líder. Em 2014, éramos muito jovens, não tínhamos o mesmo papel no vestiário. Agora, pode fazer essas coisas", definiu Pogba.

Pogba, como Varane, faz parte da chamada 'geração de 93', atleta nascidos em 1993 que despontaram cedo e criaram uma expectativa grande nos franceses sobre a formação de um time forte. Em 2014, com apenas 21 anos, Varane e Pogba (eleito a revelação do Mundial no Brasil) eram titulares do time que perdeu da Alemanha, que seria campeã, nas quartas de final por 1 a 0.

Varane adquiriu esse "casco duro" tão jovem, ele mesmo admite, indo muito cedo para um dos maiores clubes do mundo, o Real Madrid, onde está até hoje. Nascido em Lille, no norte da França, tem ascendência de Martinica, pequena ilha do Caribe. É o mesmo local que deu ao mundo antepassados de outras estrelas da seleção, como Thierry Henry e Nicolás Anelka. Se profissionalizou no Lens e, quando estava nas seleções de base da França, já chamava a atenção por ser um jogador que gostava de discutir literatura e teorias de economia com jornalistas que cobriam jogos do time sub-21 da França.

Em 2011, com 17 para 18 anos, recebeu uma ligação de Zinedine Zidane, que na época era uma espécie de assessor informal do presidente do Real Madrid, para lhe fazer a oferta. "Pensei que fosse um trote, mas era ele mesmo. Estava confuso com a ligação e pedi pra ligar no dia seguinte. Depois parei e pensei: fiz m...", disse o zagueiro ao L'Equipe alguns anos depois. Por 10 milhões de euros, deixou o Lille e foi, ainda garoto, jogar em um dos times mais poderosos do planeta.

Sua maturidade, mesmo tão jovem, chamou a atenção não só no Real Madrid, mas de Didier Deschamps, que desde que assumiu a França, em 2012, o coloca na lista de convocados. "Há jogadores que amadurecem aos 30 anos, mas há outros que amadurecem antes dos 20", disse Deschamps para explicar a convocação do zagueiro à seleção principal, aos 19, em 2012.

Já era o titular na Copa de 2014, ao lado de Sahko. Naquele Mundial, porém, ficou marcado por ter sido o jogador que falhou ao subir com Hummels no lance que originou o gol da Alemanha. A maneira como lidou com a situação, com tristeza inicial mas depois aceitação rápida, foi tratada dentro da comissão técnica francesa como prova de seu amadurecimento como atleta.

Em 2016, na Eurocopa disputada na França, uma frustração: com uma lesão grave na coxa, foi cortado. Há quem diga que se ele estivesse no vestiário e o no campo na decisão contra Portugal, dificilmente o time teria entrado em campo de "salto alto", como vários jogadores admitiram agora durante a campanha na Rússia – os portugueses venceram por 1 a 0 e levaram a taça.

"Tento ajudar no que posso, gosto de conversar, de falar. Acho que nesse time todos são ouvidos, na verdade", disse o zagueiro após a vitória sobre o Uruguai, quando fez um dos gols nos 2 a 0.

O "chefe" é a voz do elenco. Ele faz parte, por exemplo, da comissão de quatro atletas que tratou com a cartolagem da Federação Francesa e com a comissão técnica a premiação para a Copa-2018. Mas Varane era o líder do grupo que tinha também Lloris, Matuidi e Griezmann. Ele fez a proposta final para que os atletas recebam 30% do que a federação ganhar da Fifa -em caso de título pode valer cerca de R$ 2 milhões a cada jogador.

Não dá para saber se apenas Lloris levantará a taça em caso de título nesta noite em Moscou. Mas seria justo que Varane estivesse ao lado, ao menos. Afinal capitães não se fazem apenas com uma tarja no braço.

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