Foto: CNA
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - O porte de arma no campo dividiu os candidatos à Presidência da República que participaram nesta quarta-feira (29) de sabatina com representantes do agronegócio.
A violência na zona rural é um dos temas que mais preocupa os representantes dos produtores e se tornou bandeira das principais candidaturas de direita.
O primeiro a defender o armamento do homem do campo, ainda durante a pré-campanha, foi Jair Bolsonaro (PSL), para quem violência deve ser enfrentada também com violência.
"Sou favorável a ter na área rural porte de arma facilitado", disse o candidato Geraldo Alckmin (PSDB) em sabatina promovida pela CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil).
Alckmin tem perdido espaço no eleitorado ruralista para Bolsonaro e tem se esforçado para tentar recuperar este nicho. Primeiro, escalou a senadora gaúcha Ana Amélia (PP) como sua vice. Ela é ligada ao agronegócio e foi aplaudida no evento realizado em Brasília.
O tucano também acenou com incentivos na área de crédito e seguros e apresentou também a proposta de reeditar uma medida provisória que proíbe que uma terra invadida seja desapropriada para fins de reforma agrária por pelo menos quatro anos.
O presidenciável Alvaro Dias (Podemos) defendeu a flexibilização da legislação do porte de arma, mas com a responsabilização diante de "excessos".
"Não é com revólver na cinta que vamos resolver o problema de segurança no país", ponderou Dias, para quem falar em porte de arma "é muito pouco" diante do problema da segurança pública.
Marina Silva (Rede) foi no sentido contrário e se disse contra a flexibilização do porte de arma e afirmou que segurança pública é obrigação do Estado.
"Não se pode achar que vamos combater violência distribuindo armas para as pessoas", afirmou Marina.
"Desse jeito [distribuindo armas] é muito fácil. Você se eleger presidente numa situação em que a segurança pública está um caos e dizer para a população 'compre uma arma e defenda sua família, sua vida, sua propriedade'. Quem tem obrigação de fazer isso é o Estado. A sociedade paga imposto muito caro", afirmou a candidata.
Candidato pelo MDB, Henrique Meirelles também foi na contramão da maioria de seus adversários e se disse contra o porte de arma na zona rural.
"Vamos ter homicídios em massa. Isso é inaceitável", afirmou o ex-ministro da Fazenda em entrevista após sabatina da CNA.
"Distribuir armas entendemos perfeitamente que pode ser uma primeira tentação. Se o estado não cumpre a sua obrigação, então me deixa aqui carregar uma metralhadora que vou dar tiro aí em qualquer invasor. Só que isso nós vamos voltar à situação de selvageria, vamos caminhar atrás centenas de anos em termos de estabelecimento do estado de direito, do direito à propriedade, do direito às garantias fundamentais", disse Henrique Meirelles.
Para ele, a violência deve ser combatida com inteligência e ele criticou Bolsonaro por defender a condecoração de policiais que matassem bandidos.
"No momento em que vamos condecorar militar que mate bandido sem julgamento, vamos instaurar selvageria porque estamos abolindo a democracia e os direitos fundamentais", afirmou Meirelles.
A CNA estabeleceu como critério para definir quem seriam os candidatos convidados para a sabatina uma fórmula que relaciona a intenção de votos registrada pelo Ibope em 28 de junho e o número de integrantes da bancada no Congresso Nacional.
O candidato do PT, o ex-presidente Lula, está preso. Bolsonaro e Ciro Gomes (PDT) foram convidados, mas não compareceram ao evento.