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Prática da posvenção ajuda a lidar com o luto do suicídio

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O luto por suicídio tem características próprias, que exigem uma série de cuidados para o acolhimento das pessoas afetadas e a minimização da dor. Junto ao luto vem a questão do estigma, da culpa, o que pode atrapalhar o processamento da perda. Diante da necessidade dessa atenção especial, a psicóloga Cynthia Selma, membro da Comissão de Tanatologia do Conselho Regional de Psicologia da 21ª região, afirma a importância da posvenção do suicídio e o quanto ela pode ser essencial na preservação da vida. 

“A posvenção combina prevenção e intervenção, quando olhamos para a posvenção já estamos fazendo ao mesmo tempo uma prevenção dos sobreviventes, prevenindo que eles não cometam o mesmo ato ou que o luto se complique, cuidando do estado emocional deles. Então, visa a facilitação do processo do luto e a redução do impacto negativo do suicídio nos enlutados nomeadamente de sobreviventes na prevenção de tentativas autodestrutivas”, indica. 

Em meio a campanha do setembro amarelo, ir além da discussão da prevenção, englobando também a posvenção, ampliar o leque de pessoas acolhidas, permitindo que muitos possam ser acolhidos e orientados, de modo a melhorar a qualidade de vida. “Esse estigma, sentimento de culpa, de vergonha, pode atrapalhar o processamento do luto, a pessoa se isola, às vezes não quer sair, não quer conversar com ninguém, pois ela não se sente acolhida. Fica nesse o 'e se' 'e se' e deixar de viver o tempo presente, por isso temos que cuidar das pessoas enlutadas”, alerta a conselheira Cynthia Selma. 

A Associação Brasileira de Estudos em Prevenção ao Suicídio indica que a posvenção visa trazer alívio dos efeitos do sofrimento com a perda, prevenir o aparecimento de reações que podem contribuir para complicações do luto, minimizar o risco de comportamento suicida nos enlutados, ou seja, promover o cuidado nos sobreviventes. “A busca pelo recomeço, a necessidade de fazer diferente, porque fica aquela marca, aquele padrão, a pessoa no luto vai ressignificar a vida, a conscientização do lugar e dos papéis da família, ela deve entender que por mais que você seja o pai, mãe, não tem como salvar a vida do outro, vai continuar sendo pai/mãe, mas vai ter que ter reajustes; e a busca por uma reconciliação, com a vida, com Deus, com a própria pessoa que morreu, com você mesmo; refletir sobre o luto significa também falar das consequências da morte do outro; enfrentar perguntas sem respostas”, relata a psicóloga. 

Para vivenciar essa fase, um grupo de apoio pode ser importante, consolidando-se como um espaço onde as pessoas vão se reunir e se ajudar mutuamente. “Porque geralmente a pessoa sofre sozinha dentro de casa, então na hora que tem um grupo que tem somente pessoas que passam por aquilo, ela se sente acolhida. O grupo de apoio tem por objetivo trocar experiências e apoio emocional, permitindo a conversa aberta e anônimo de pessoas que vivenciaram situações semelhantes, esse modelo permite um ganho na qualidade de vida dos participantes e busca do equilíbrio emocional e mental, mas não elimina a necessidade do acompanhamento profissional”, finalizou a conselheira do CRP 21ª região.

Da Redação
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