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F-1 estima mais ultrapassagens em 2021 com novos carros

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Steven Tee/Motorsport Images/Pirelli

JULIANNE CERASOLI
SOCHI, RÚSSIA (UOL/FOLHAPRESS)

A Fórmula 1 divulgou recentemente as primeiras imagens do carro da categoria para a temporada 2021 e o que chama a atenção é o visual futurista. Mas este não é o principal alvo do novo regulamento, que vai passar por uma espécie de primeiro teste já no próximo ano: em um esforço inédito na história do esporte, a meta é trazer de volta as ultrapassagens às corridas. E, se possível, se livrar da asa traseira móvel, o DRS.

É o que explica Ross Brawn, chefe da parte esportiva da Fórmula 1. Para o engenheiro, mesmo que a temporada 2018 tenha tido corridas muito boas, como no Azerbaijão, na Áustria e na Itália, por exemplo, as ultrapassagens ainda fazem falta.

"Nós temos um problema fundamental nestes carros -e isso ninguém nega: um carro não consegue se aproximar do outro. No entanto, alguns fatores mascaram isso. Nós tivemos grandes corridas neste ano, mas na maioria das disputas havia uma diferença grande de performance ou de pneus entre os carros. Se analisarmos o que aconteceu nas melhores corridas da temporada, sempre houve um Safety Car ou algo que misturou os carros no momento certo", declarou o engenheiro.

"Mas a emoção seria maior se os carros conseguissem seguir um ao outro de mais perto, isso aumentaria as possibilidades. Então, o que estamos tentando é entender o mecanismo que permite que isso aconteça."

Segundo as estimativas dos engenheiros, hoje o carro perde 80% de sua eficiência aerodinâmica quando está logo atrás de um adversário e as brigas só acontecem se há uma diferença de 1 a 2 segundos entre eles, dependendo da pista.

Já a estimativa do carro de 2021 é que essa perda seja reduzida a 50%. Essa falta de eficiência faz com que o piloto tenha dificuldade de pegar o vácuo de um rival, pois ele perde muita estabilidade e acaba não se aproximando o suficiente.

Uma das principais áreas que estão sendo estudadas é ao redor dos pneus, já que foi descoberto que muito da turbulência vem daí. Por conta disso, há grandes chances dos carros ganharem pequenas asas na região, ainda que os carros continuem com as rodas "abertas", ou seja, sem carenagem por cima delas.

Pilotos como Fernando Alonso e Nico Hulkenberg, citados por Brawn, ajudaram no projeto identificando as falhas do carro atual. Mas o mais importante deste estudo é a participação das equipes, usando seus próprios sistemas de simulação, colaboração ímpar na história da F-1.

Além dos estudos conduzidos pelas equipes, outra fonte de inspiração é a Indy que, como apontou Brawn, "melhorou suas corridas nos circuitos de rua reduzindo a pressão aerodinâmica."

FIM DO DRS
Outro objetivo é abolir o DRS, mas isso estará diretamente ligado à eficácia das soluções encontradas para aumentar as ultrapassagens. Por isso, em um primeiro momento, o carro de 2021 ainda terá o dispositivo, ainda que isso não esteja 100% confirmado. "Gostaria de pensar que vamos chegar a um ponto em que não vamos mais precisar do DRS. Mas temos que deixá-lo 'no bolso' porque é algo fácil de colocar ou tirar do carro", explicou Brawn.

Dúvidas como esta existem porque o projeto ainda não está finalizado. Como ano que vem os carros já terão alterações, com a simplificação das asas e dos dutos de freio -medidas que já são resultado do trabalho que está sendo feito para melhorar as corridas- a FIA vai esperar até o final de 2019 para fechar o novo regulamento.

"Acho que tivemos um progresso real com as regras de 2019 e elas vão servir para nos mostrar se estamos indo no caminho certo. Acho que isso vai nos dar dados sobre o impacto em todas as áreas do carro e vai nos mostrar se estamos na direção correta", ponderou Brawn.

Enquanto as novas regras não são finalizadas, a F-1 vai à Rússia neste final de semana para a disputa da 16ª etapa da temporada. Lewis Hamilton tem 40 pontos de vantagem para Sebastian Vettel, com seis corridas para o final.

 

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